Feira de Loures recria a história local e a mudança de regime

Artesãos, produtores, associações e comerciantes de Loures vão recriar os cenários de uma feira do século passado na sede de concelho. A 4ª Feira de Loures pretende valorizar a cultura saloia de Loures, recriando os cenários de uma feira antiga, através da evocação histórica da entrada na 1ª República, de que Loures foi precursor.

Na sequência das três edições já realizadas, mantém-se o objetivo de retomar a tradicional Feira de Loures, enquanto meio de desenvolvimento do comércio de Loures e dos produtos da região, mas também uma forma de proporcionar o envolvimento das associações locais e da comunidade, diz a autarquia de Loures.

A Feira de Loures, que se realiza entre o dia 18 e o dia 20 de julho, terá uma área dedicada à evocação histórica da antiga feira — a Feira Saloia que ocupará o Jardim Major Rosa Bastos –, com as características que tinha no início do século XX, dando a conhecer a história e a cultura local deste período temporal.

Valorizar as tradições saloias

Em declarações ao “Olhar Loures”, António Pombinho, presidente da Junta de Freguesia de Loures, sublinha que este certame se insere nos objetivos propostos neste mandato “em valorizar as tradições e a cultura da região saloia”, recriando, através de uma evocação histórica, “aquilo que terá sido a Feira de Loures há cerca de um século, num momento particularmente rico da atividade social em Loures”, com a transição da monarquia para o regime republicano.

António Pombinho refere que, no âmbito da Feira, vai evocar-se esse período da História em Portugal em que Loures esteve na vanguarda da emancipação da monarquia, antecipando-se ao resto do país. No dia 4 de Outubro de 1914, a data em que a República foi proclamada no concelho, um dia antes de o ser em Lisboa, a Junta Revolucionária instalou-se na Câmara Municipal e içou a bandeira republicana, proclamando a República no concelho.

O autarca explica que as expetativas em relação a esta 4ª edição da Feira “são boas”, pois são “esperados alguns milhares de pessoas”, de acordo com os números registados no ano passado.

O certame vai contar com a presença de 80 participantes, entre artesãos, comerciantes e associações, que prometem recriar o cenário de uma autêntica feira saloia, com as idiossincrasias locais de um tempo em que este tipo de comércio constituía uma verdadeira festa e funcionava, também, como ponto de socialização dos habitantes de um concelho que era essencialmente agrícola e que fornecia os seus produtos para a cidade de Lisboa.
Mercado de Produtores

Para melhor retratar a realidade daquilo que era uma autêntica feira antiga, realiza-se o Mercado de Produtores no último dia da Feira, dia 20, no Jardim Major Rosa Bastos.
António Pombinho lembra que a iniciativa, para além de promover a produção agrícola de Loures, tem também como objetivo a recriação ancestral dos hábitos e costumes das terras saloias de Loures, em que os habitantes compravam os seus produtos aos agricultores locais e levavam para casa “a leitoa ou o leitão, que era comido no almoço de domingo da Feira”.

Para o autarca, a Feira de Loures é ainda uma oportunidade para os produtores e as associações se envolveram na “valorização das raízes e da cultura saloia de Loures”, para que não se diluam com a erosão do tempo.

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