Moedas equilibra IL e CDS na coligação de direita e atira ao “bloco da esquerda”

Ao som de People have the power, de Patti Smith, o PSD, o CDS e a Iniciativa Liberal (IL) assinaram o acordo de coligação autárquica para Lisboa liderado por Carlos Moedas. Numa apresentação carregada de críticas ao “bloco da esquerda”, foi conhecido o desenho das listas com os liberais à frente dos centristas para o executivo municipal. Já para as juntas de freguesia, vão ser 15 com candidato a presidente indicado pelo PSD, seis pelo CDS e três pela IL. Para a assembleia municipal, ao contrário das últimas eleições, serão os sociais-democratas a apontar o primeiro nome.

A coligação PSD/CDS-PP/IL oficializou esta quarta-feira a sua candidatura conjunta à Câmara Municipal de Lisboa, nas eleições autárquicas marcadas para 12 de outubro, com Carlos Moedas a renovar a liderança da lista e a candidatura sob o lema “Por ti, Lisboa”.

O cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP/IL à Câmara de Lisboa nas próximas eleições autárquicas, o social-democrata Carlos Moedas, afirmou que a sua candidatura “vai muito além dos partidos” e é “um porto de abrigo” dos moderados.

“Os lisboetas vão ter de escolher aquilo que querem ter para o futuro: se querem esta nossa coligação de moderados, que faz, que realiza, que é concreta, ou se querem uma candidatura do radicalismo do contra, hoje incorporada neste novo bloco da esquerda”, afirmou Carlos Moedas, numa alusão à coligação PS/Livre/BE/PAN, protagonizada pela socialista Alexandra Leitão.

O social-democrata e atual presidente da Câmara de Lisboa falava no âmbito da formalização do acordo de coligação PSD/CDS-PP/IL – “Por ti, Lisboa” para as eleições autárquicas de 12 de outubro, que ocorreu na Fábrica de Unicórnios, local que destacou como “especial” por ter ajudado a capital portuguesa “a estar no topo da Europa e a criar milhares de empregos”, assim como “transformar o impossível em possível”.

Fazendo a sua intervenção junto de dezenas de pessoas com cartazes azuis e amarelos da coligação “Por ti, Lisboa”, o social-democrata voltou a agradecer aos três partidos – PSD, CDS-PP e IL – e considerou que esta junção de forças à direita revela que o trabalho de quatro anos de mandato municipal merece esse reconhecimento.

Carlos Moedas referiu-se à coligação liderada por Alexandra Leitão como “o Bloco da Esquerda que não quer unicórnios e quer pobreza”.

Noutro ataque à sua principal rival nas eleições de 12 de outubro, embora João Ferreira (CDU) e Bruno Mascarenhas (Chega) estejam entre os restantes candidatos que se apresentam à Câmara de Lisboa, Carlos Moedas realçou que, enquanto chegava a acordo com o atual secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, então ministro da Administração Interna, para haver mais polícias em Lisboa, “a atual candidata deste Bloco da Esquerda liderava manifestações contra os polícias”.

No entanto, a participação da então líder parlamentar socialista num protesto contra a intervenção policial na Rua do Benformoso sucedeu quando a Aliança Democrática já estava no poder.

Moedas, em termos de habitação, recordou: “as 2600 casas que entregámos, em apenas 4 anos, não são dos partidos”, salientando os apoios concedidos a 1.200 famílias para “pagar a renda”.

O candidato, que considera que “ainda podemos dar mais aos lisboetas”, defende que ainda existe muito para fazer na habitação: “são 250 hectares no coração de Lisboa que desbloqueámos neste mandato e onde construiremos quase 5.000 casas: no Vale de Chelas, no Vale de Santo António, no Casal do Pinto e na Quinta do Ferro”.

Do ponto de vista do líder da candidatura “Por Ti, Lisboa”, os projetos existentes para os “nossos bairros históricos podem trazer os jovens lisboetas de volta aos seus bairros de sempre” e permitir que os “professores, policias, enfermeiros e tantos outros possam voltar a viver na cidade”.

Reservando o final da sua intervenção a temas de segurança, o candidato apoiado por PSD, CDS e Iniciativa Liberal disse que a cidade precisa de ter mais agentes da PSP e da Polícia Municipal nas ruas, de “guardas noturnos que conhecem os vizinhos” e soluções de policiamento comunitário.

Candidatura “moderna”

Na cerimónia de assinatura do acordo de coligação entre PSD/CDS/IL em Lisboa, que decorreu na Fábrica de Unicórnios, os representantes dos três partidos discursaram ainda antes de serem conhecidos os termos concretos do entendimento entre os três partidos.

Pelo PSD, o secretário-geral, Hugo Soares, defendeu que esta coligação pretende ser “muito mais do que os partidos que a representam”, agradecendo aos “muitos independentes” que apoiam Carlos Moedas, e procurou vincar as diferenças para a coligação encabeçada por Alexandra Leitão que junta PS, Livre, BE e PAN, embora sem a nomear.

“Nós sabemos que esta é uma candidatura moderna, que é uma candidatura que tem preocupações que são transversais e que é uma candidatura que faz. Eu queria dizer com todas as letras, aqui não há radicais, aqui só há gente de bom senso, gente moderada que quer continuar a construir Lisboa”, afirmou.

Na mesma linha, mas de forma mais direta, o vice-presidente do CDS-PP, Telmo Correia, deixou um aviso de que o principal adversário da coligação “Por ti, Lisboa” não é “o PS de nova roupagem, aparentemente mais sensato e moderado”, não poupando críticas a quem deixou a cidade com “imigração completamente desregulada, forças de segurança desmotivadas e professores na rua, em vez de ensinar”, e agora se apresenta enquanto o “PS da Geringonça, unido à extrema-esquerda radical”. “Quando eles se unem desta forma é bom que estejamos todos juntos”, disse, recordando que “nada está feito” e dizendo que “há que trabalhar para não haver retrocesso”.

Já o vice-presidente da IL, Mário Amorim Lopes, o novo parceiro da coligação encabeçada pelo atual presidente da Câmara, afirmou que os outros partidos e os lisboetas poderão contar “com toda a lealdade e sentido de responsabilidade” por parte dos liberais, mas também com a sua exigência, nomeadamente nas nomeações.

“Lisboa tem de ser o farol da eficiência, da transparência”, afirmou.

Candidatura da “moderação”

O acordo estabelece que os sociais-democratas indicarão quatro dos primeiros oito nomes da lista à câmara, incluindo o próprio Moedas como candidato à presidência, bem como os números 2, 3 e 6. O PSD ficará ainda responsável pelos lugares entre o 9º e o 13º da lista.

O CDS-PP, que integrou a anterior coligação “Novos Tempos” e detém atualmente três vereadores no executivo, terá direito a propor os nomes para os 5º e 7º lugares. Já a Iniciativa Liberal indicará os candidatos para os 4º e 8º postos.

No acordo para a Assembleia Municipal, será também o PSD a indicar o nome para a presidência, ficando a IL com o segundo lugar da lista e o CDS-PP com o quarto.

Quanto às 24 juntas de freguesia da capital, os sociais-democratas liderarão em 15, o CDS-PP em seis (menos três do que no mandato anterior) e a IL em três.

Atualmente, Carlos Moedas governa Lisboa sem maioria absoluta, após ter vencido em 2021 com sete mandatos conquistados pela coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança). O CDS-PP indicou então três vereadores, Filipe Anacoreta Correia, Diogo Moura e Sofia Athayde, sendo que Anacoreta Correia já se desvinculou do partido.

Durante a apresentação da candidatura, no passado dia 16 de julho, Carlos Moedas afirmou que não se candidata “contra ninguém” e definiu estas eleições como uma escolha entre “moderação e radicalismo”.

NR: Artigo atualizado pelas 12:10 de 24/07/2025

Foto de capa: PSD

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