Oeiras não quer deixar cair a ligação da comunidade com os mercados municipais do concelho, gizando um plano para modernizar e abrir os mercados municipais à comunidade. Trata-se de uma estratégia a médio/longo prazo que pretende seguir as tendências atuais da procura dos consumidores por uma alimentação saudável, o consumo de produtos locais e a sensibilidade ambiental.
O Município de Oeiras pretende modernizar os mercados municipais com uma estratégia concertada que visa promover estes espaços. O Plano Estratégico Municipal dos Mercados de Oeiras (PEMMO 2025-2033) vai traçar uma visão comum para o futuro dos mercados municipais do concelho, promovendo a criação de uma rede sustentável de mercados, com foco na melhoria da oferta, na experiência dos visitantes e na colaboração entre os diferentes agentes envolvidos.
Um dos primeiros passos da estratégia municipal de revitalização destes espaços passa pela criação de um site que ligue digitalmente os mercados de todo o concelho (Oeiras, Algés, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Carnaxide e Queijas).
A 1ª sessão pública da apresentação desta estratégia ocorreu ontem, dia 28 de julho, no Mercado de Oeiras. Em declarações ao “Olhar Oeiras”, a vereadora Susana Duarte, que tem o pelouro das feiras e dos mercados de Oeiras, explica que o PEMMO faz parte de uma estratégia municipal que tem também o objetivo de envolver “toda a comunidade oeirense” num plano “educacional” que visa recentrar os hábitos de consumo dos munícipes em torno dos produtos locais, “mais frescos e saudáveis”.
Até porque as alterações climáticas, bem como a preconizada mudança massiva da população portuguesa para as cidades, “já estão aí” e, com as suas consequências, haverá a necessidade de redefinir as estratégias alimentares das cidades.
“Chegámos à conclusão que as ações que temos vindo a promover nos mercados ficavam algo desgarradas e não estavam a produzir os efeitos desejados.
As pessoas iam aos mercados para assistir aos eventos, mas ficavam-se por aí. O grande compromisso desta nova estratégia passa por envolver os mercados com a comunidade.
Isto é, não serem apenas espaços fechados sobre si mesmos, apenas dedicados à vertente comercial. Queremos convertê-los em espaços de cultura, de promoção de novos hábitos alimentares, de promoção da educação e de sustentabilidade.”
Nova imagem e site para promoção Com a massificação dos hipermercados e a “pressão concorrencial das grandes superfícies”, os consumidores foram perdendo o hábito secular de fazerem as suas compras nos mercados, mas a Câmara de Oeiras pretende inverter esta tendência, convertendo os mercados do concelho em espaços “mais modernos” e abertos à comunidade.
A vereadora acredita que o caminho para alterar as circunstâncias dos pequenos comerciantes que operam nesses espaços passa pela criação de uma “nova imagem” dos mercados, para que se distingam dos concorrentes, “oferecendo produtos, atividades e experiências diferenciadoras”, que consigam “resgatar” os consumidores das grandes cadeias de supermercados para “um comércio com produtos de qualidade, com atendimento personalizado, que promove os produtos locais”, logo, mais saudáveis e sustentáveis.
Susana Duarte revela que um dos primeiros passos da estratégia passa pela criação de campanhas publicitárias regulares, a distribuição de vouchers (para os consumidores), a criação de um calendário anual de eventos, a diversificação da oferta e serviços.
Para a vereadora, estas medidas poderão fidelizar os clientes que, habitualmente, estão dispersos pela oferta proporcionada pelas grandes cadeias de retalhistas.
“É nosso objetivo criar dinâmicas que gerem visitas frequentes dos clientes nos mercados.
Pretendemos que as pessoas sintam vontade de voltar”, pois “sabem que estarão a fazer parte de uma cultura rica e ancestral”, mas, acima de tudo, que estarão a levar para a mesa produtos “de excelência”, produzidos localmente pela mão sábia de produtores que “sabem tratar os alimentos com mestria”.
Em suma, os consumidores serão envolvidos em “cadeias de produção curtas”, o que é garantia de “qualidade” e de “mais saúde” para as comunidades.
A autarca afirma que o plano tem também como objetivo “envolver a população” na sua execução, para que sejam apresentadas propostas conjuntas com vista a trazer os clientes/munícipes para o interior desta grande revitalização que está, agora, em cima da mesa.
“Mais do que apresentar o plano à população, pretendemos que as pessoas sintam que são peças fundamentais para a mudança que gostaríamos de levar a cabo nos mercados do concelho”.
A autarca acredita que os objetivos estratégicos do PMMO servirão como os pilares das atividades futuras dos mercados municipais de Oeiras, “para o aumento do fluxo de clientes, a diversificação da oferta de produtos, a melhoria da experiência do cliente, a promoção da sustentabilidade e o fortalecimento da comunidade”.
As vantagens da compra a granel
Em relação à mudança dos padrões e de hábitos de consumo da sociedade atual, em que as pessoas optam massivamente por comprar nos hipermercados pela comodidade, de ter tudo no mesmo espaço, a vereadora reconhece o cenário, mas afiança que os mercados têm um “compromisso com a qualidade” que não estará ao alcance das grandes cadeias, uma vez que compram “tudo em grande escala” e que, isso, se reflete na qualidade final daquilo que é comercializado nestes espaços.
Para Susana Duarte, por outro lado, a ideia corrente que se instalou entre os consumidores de que os produtos “são mais baratos nos hipermercados ou supermercados” não “é totalmente certa”, pois, por exemplo, “se comprar um saco de 2 quilos de peras, é provável que uma boa parte delas vá para o lixo, porque não precisaria de comprar tanta fruta, mas, como estava ‘barata’, comprei um saco de que não precisava”.
Nos mercados, “posso comprar apenas as duas ou três peças de fruta de que necessito, que até podem ser uns cêntimos mais caras, mas vou consumir aquilo que compro, que, ainda por cima, é produzido localmente e tem mais qualidade e é mais sustentável”, assegura, referindo que a compra a granel, “que era feita pelos nossos avós e as gerações mais antigas”, representa ganhos reais para a sustentabilidade das comunidades e, também, “ganhos para a saúde dos consumidores”.
De acordo com a autarca, este “Plano Municipal Estratégico” reflete o compromisso coletivo de todas as partes interessadas – desde as autoridades municipais e comerciantes até os membros da comunidade – em garantir que os mercados municipais de Oeiras “continuem a desempenhar um papel vital na vida local e a prosperar em um cenário em constante evolução”.
Susana Duarte sustenta que esta estratégia terá de ter como pano de fundo uma campanha de educação e sensibilização dos munícipes para as mais-valias de consumirem produtos locais adquiridos nos mercados, mas argumenta que as mudanças “levam o seu tempo a ser interiorizadas”.
Ainda assim, “estamos confiantes de que os mercados municipais de Oeiras se tornarão verdadeiras âncoras da cultura, comércio e convívio na região, beneficiando todos os envolvidos e deixando um legado duradouro para as gerações futuras”, conclui.