Oeiras vai ser a “Saint Tropez” de Portugal

No âmbito do reconhecimento da Estação Náutica de Oeiras, que contou com a presença de dois secretários de Estado, Isaltino Morais revela a concretização de uma “utopia” antiga: construir a Marina de Paço de Arcos e fazer de Oeiras a “Saint Tropez” portuguesa.

A Marina de Oeiras conquistou um novo estatuto: é agora reconhecida como Estação Náutica de Oeiras, uma certificação atribuída pelo Fórum Oceano, traduzindo-se num marco estratégico para o desenvolvimento da náutica e da economia azul no concelho.
A candidatura foi liderada pela Oeiras Viva EM, entidade municipal que gere a Marina de Oeiras e que será responsável pela articulação e dinamização da estação náutica.

A Estação Náutica de Oeiras integra agora a Rede de Estações Náuticas de Portugal, como produto estruturante da oferta turística náutica local e ponto de encontro entre operadores, clubes, escolas e entidades públicas.

“Esta certificação posiciona Oeiras como destino náutico de excelência a nível nacional e internacional, reforçando o seu papel de liderança na promoção de uma náutica sustentável, educativa e inovadora, que posiciona Oeiras como Capital Náutica de Portugal”, sustenta a CMO.

O Município de Oeiras tem uma forte ligação histórica e estratégica com o estuário do Tejo, refletida numa frente ribeirinha de 10 km que sustenta a sua aposta contínua na valorização da náutica.

Para a CMO, o Programa Oeiras Mar 2030 “traça um caminho claro para o desenvolvimento do setor, com investimentos em novas infraestruturas, reforço da oferta turística e adoção de práticas sustentáveis”.

A cerimónia pública de certificação, no dia 21 de julho, ocorreu na Piscina Oceânica, no âmbito do evento Oeiras Blue Ocean Tech, contando com a presença do presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, do secretário de Estado das Pescas e do Mar, Salvador Malheiro e do secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Pedro Machado, bem como Carlos Costa Pinto, presidente do Forúm Oceano, a entidade que atribui a certificação.

“Ligação especial de Oeiras ao mar”

Salvador Malheiro elogiou a forma “apaixonada” como o Município de Oeiras “tem sido gerido”.

“Todos reconhecemos Oeiras como um Município amigo do mar, e tem razões sólidas para assim ser considerado. Esta inauguração é só mais um reforço desta ligação especial que Oeiras tem com o mar. Para todos nós, o mar é uma fonte de inspiração, de descoberta e de fascínio. E são precisamente esses valores que o projeto nacional das Estações Náuticas tem ajudado a promover. Este projeto é um sucesso evidente em Portugal, permitindo que os portugueses e os visitantes possam viver verdadeiramente o mar”

“Com esta inauguração, Oeiras junta-se à rede nacional dinâmica e em claro crescimento. São já perto de 50 as estações certificadas em todo o país, o que representa o interesse e a adesão crescente ao turismo náutico. Este sucesso deve-se ao esforço dedicado de muitas entidades. Desde logo, o Fórum Oceano, que tem tido um papel central na promoção e dinamização deste projeto nacional.

Para o governante que gere a pasta do Mar, a Estação Náutica de Oeiras vem, assim, integrar-se numa rede muito rica, e, ao mesmo tempo, numa estratégia ambiciosa do Município, que alia a vocação marítima deste território aos valores da inovação e do desenvolvimento.

“Esta estação náutica representa muito mais do que uma simples infraestrutura de oferta turística. Ela é a evidência de um compromisso assumido por Oeiras em três áreas essenciais: a sustentabilidade ambiental, que aporta valor e preserva os recursos marinhos; a inclusão social, pois permite a acessibilidade de todos à experiência marítima; a internacionalização, porque agrega valor à rede nacional, captando fluxos turísticos”.

Com este projeto, “Oeiras abre-se ainda mais ao mar e leva o mar ao mundo, reforçando a sua posição como referência nacional e internacional”.

A terminar, Salvador Malheiro deixou uma nota de “muito apreço à Câmara de Oeiras e ao Oeiras Viva pela ousadia em lançarem esta estação náutica, que simboliza o futuro que todos nós queremos para Portugal: um país que valoriza o seu património marítimo, mas com respeito pelo meio ambiente”.

Por seu turno, Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, referiu que o desígnio que Portugal “tem em continuar o seu caminho [é] qualificar a sua experiência turística”.

“Portugal posiciona-se internacionalmente com vários ativos estratégicos: o clima e a luz, a natureza e biodiversidade, a água, o património histórico e cultural, a gastronomia e os vinhos e o mar, que tantas vezes parece uma quimera adiada”, mas, “felizmente, sentimos todos hoje que projetos como aquele que hoje estamos a inaugurar trazem valor acrescentado para os municípios, mas também porque a aposta nestas infraestruturas impacta diretamente nas atividades económicas”, sublinhou Pedro Machado.

De acordo com o governante, Oeiras tem um líder que representa os valores máximos do Turismo de Portugal. “Um dos nossos objetivos encaixa perfeitamente no perfil do senhor presidente da Câmara de Oeiras: a hospitalidade. Quem não reconhece ao presidente Isaltino como símbolo nacional da hospitalidade portuguesa, a capacidade de bem receber?”, acrescentou.

Desenvolvimento sustentado e aposta no mar

O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, contextualizou a história recente do concelho, realçando que Oeiras estava “entalada” entre um Cascais “cosmopolita” e Lisboa “macrocéfala”.

“Estávamos aqui no meio e éramos um ponto de passagem. E assim foi durante muitos anos. Oeiras estava de costas voltadas para o mar e para o turismo. Nunca se comparava com Cascais, Lisboa ou Sintra”.

Mas, por seu turno, o património de Oeiras estava ocultado. “Havia um património enorme, mas que estava escondido, e que ninguém dava por ele. Na realidade, nos últimos 30 anos o cuore de Oeiras estava centrado nas empresas, porque queríamos concorrer com a capital e foi aqui [que] apostámos”, pois Oeiras soube capitalizar a atração de inúmeras multinacionais e gerar riqueza no território.

Com esta aposta, Oeiras gera hoje receitas de 35 mil milhões, “um bocadinho da riqueza gerada pelo turismo a nível nacional”, num território que tem apenas 140 mil habitantes.
Isaltino Morais ressalvou que a aposta no turismo e no mar foi posterior a esse primeiro “choque de captação de investimento”, porque, na realidade, se entendeu que havia a necessidade de apostar em políticas que “salvaguardassem o potencial do mar”.

A Estação Náutica de Oeiras surgiu nesse contexto, mas o autarca aproveitou para explicar a sua tese: “Se o país funcionasse como (a Câmara de) Oeiras era um país rico. Em Oeiras temos um nível de descentralização dos serviços que é uma coisa extraordinária. Há uma capacidade de realização e responsabilidade dos vários serviços que põem o território a andar. Ou seja, para que as coisas aconteçam temos de descentralizar e desburocratizar”.
Oeiras vai ser a “Saint Tropez” de Portugal

Para terminar, o autarca revelou que o turismo em Oeiras vai passar a ser prioridade, porque a necessidade de atrair empresas e a qualidade de vida que Oeiras foi construindo, posicionam hoje o território num patamar de excelência, com um património rico e diverso que já faz parte dos roteiros nacionais (o Palácio do Marquês, Parque dos Poetas, o Convento da Cartuxa, Fábrica da Pólvora) que tem um potencial turístico que não pode ser desperdiçado.

Daqui a 6 anos, Isaltino revela que Oeiras terá “outra estação náutica” em Paço de Arcos. “Há alguns anos, disse que Paço de Arcos seria a Saint Tropez de Portugal. As pessoas riram-se. Mas a obra vai mesmo avançar e já temos autorização para avançar com a construção de Paço de Arcos— já estamos a fazer o estudo”. Como contrapartida, a CMO compromete-se a fazer um “porto de pesca”, mas Isaltino Morais explica que a Marina de Paço de Arcos será “o dobro” da Estação Náutica de Oeiras, pondo definitivamente o concelho na rota turística do país.

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