Lançamento do concurso para a construção da saída da A1 em São João da Talha marcado pelo regozijo do presidente da Câmara de Loures e do presidente da União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela. Ambos os autarcas concordaram que as três décadas de espera “são muito tempo”, mas que o impasse é para ser esquecido e que o projeto já não vai voltar atrás.
A Câmara Municipal de Loures fez ontem, dia 29 de julho, o lançamento do concurso para a realização da empreitada para a construção da saída da A1 em São João da Talha, que era uma aspiração antiga da população daquele território.
O procedimento realizou-se ontem, dia 29 de julho, na Bobadela.
A nova infraestrutura insere-se na estratégia municipal de reforço da rede viária estruturante e contempla a implantação do novo ramo de cerca de 470 metros, entre os nós de Sacavém e Santa Iria da Azóia, na A1 (sentido Sul-Norte), e de três eixos principais com ligação à EN10 e duas rotundas para melhor fluidez de tráfego e segurança rodoviária.
Este investimento, na ordem dos dez milhões de euros, resulta de um protocolo entre a Câmara Municipal de Loures e a Brisa, com o objetivo de promover a mobilidade urbana e regeneração do espaço público, contribuindo significativamente para a qualidade de vida da população.
A Câmara Municipal de Loures perspetivou hoje ter concluída em 2027 a saída da autoestrada do Norte (A1) em São João da Talha, uma obra que está orçada em cerca de 10 milhões de euros.
Obra “parece pequena”, mas representa “muito para a vida das pessoas”
O presidente da União de Freguesias de Santa Iria da Azóia, São João da Talha e Bobadela, Pedro Goncalves, sublinhou que a iniciativa “assinala um momento verdadeiramente histórico” para o território, por ser um marco “simbólico e há muito aguardado”, que representa a concretização de um “anseio há muito aguardado pela nossa população, pelos que aqui vivem ou trabalham”.
“Durante décadas, os acessos à A1 foram um problema real, com congestionamentos, problemas de segurança, o desgaste diário das pessoas, os problemas dos impactos ambientais”, que causaram um impacto negativo na vida dos automobilistas.
Mas, com este projeto, “damos agora um passo firme na estratégia certa para resolver estes problemas na vida dos munícipes”.
Para além de solucionar os problemas referidos, “vai também atrair investimento” para toda a zona, ajudando a valorizar o território. “Mas mais do que isso, vai devolver o tempo às pessoas, tempo para estarem com a família, tempo para viver”, considerou o autarca.
Pedro Gonçalves aproveitou para saudar o papel de resiliência da Câmara de Loures em todo o processo, assim como a todos aqueles “que nunca desistiram de lutar” pela construção desta nova infraestrutura rodoviária.
O autarca lembra que esta saída “pode parecer pequena”, mas representa “muito para a vida das pessoas”. E revela que a espera por este dia foi (demasiado) longa. “Demoraram 30 anos a avançar com este projeto”, mas que, agora, já se pode dar razão ao ditado popular que diz que “quem espera, sempre alcança”.
A Brisa foi “parceira”
O presidente executivo da Brisa, António Pires de Lima, sublinhou, por seu turno, que “é com grande felicidade” que participou na cerimónia, que “abre caminho a uma solução que era aspiração de décadas, e justa, da população”.
Pires de Lima enalteceu o papel do presidente da Câmara de Loures em todo o processo, que assumiu o financiamento da obra, e apenas pediu “ajuda” à Brisa para que fizesse as démarches com as instituições públicas para que o processo se pusesse em marcha.
“Depois de contactados pelo Sr. Presidente, Ricardo Leão, há dois anos, concordamos em fazer cumprir todos os crivos regulatórios, e são muitos, que é preciso cumprir. Mas, felizmente, e com o empenho da autarquia, foi possível lançar este concurso”.
“Este processo desenvolveu-se de uma forma muito construtiva, como acontece em todas ou quase todas as relações que a Brisa tem com as nossas autarquias. É nossa responsabilidade colaborar com os autarcas no sentido de beneficiar as suas populações”, sublinhou.
Trinta anos à espera da obra
Por sua vez, Ricardo Leão lembrou que este processo “já era falado há décadas e teve muitos avanços e recuos” e que ficou durante 30 anos à espera de uma resolução.
O primeiro constrangimento, diz o autarca, prendia-se com as dúvidas de quem “iria pagar a obra?”, mas, como ninguém assumia, a intervenção foi sendo eternamente adiada.
Ricardo Leão diz até compreender as posições “daqueles que diziam que não deveria ser a Câmara a pagar a obra”, porque o dinheiro “é de todos nós”, mas esta governação da Câmara “entendeu que deveria ser a Câmara de Loures a fazer a obra”, para “não andarmos mais 20 ou 30 anos à espera do seu avanço, o que seria inaceitável e inadmissível”.
Segundo problema, teve a ver com a conceção do projeto, mas a Brisa, conjuntamente com o departamento de obras do Município, “fez o projeto para desbloquear o avanço da obra” e “desmontar” os prováveis constrangimentos burocráticos que iriam obstaculizar o avanço da infraestrutura.
“Perdi anos de vida”
Mas, revela Leão, graças à intervenção da Brisa os obstáculos foram sendo galgados e superados até ao momento final da concretização de um desejo de décadas.
“Aqueles que estiveram envolvidos no projeto, sabem bem que andei com o projeto de baixo do braço, de reunião em reunião, aguardando pareceres, que nunca mais chegavam, mas nunca desistimos, e finalmente, conseguimos resolver o problema”, confessa o autarca, admitindo que todo o imbróglio burocrático lhe tirou “muitas horas de sono e anos de vida”.
Apesar das complicações de todo o processo, “é um momento muito feliz para o concelho de Loures”, pois “foi um processo complexo, mas que finalmente conseguimos chegar a este ponto de lançar o concurso público e já não há volta atrás. Estamos a falar de um investimento essencial para a qualidade de vida daquelas pessoas”, afirmou Ricardo Leão convictamente, vincado no “já não há volta atrás”, autarca socialista.
Ricardo Leão explicou que a obra tem um custo estimado de cerca de 10 milhões de euros e perspetivou que, “se seguir os trâmites normais”, poderá ter início no segundo semestre de 2026 e estar concluída no final de 2027.
Atualmente, os moradores das localidades da Bobadela e São João da Talha que circulem na A1 têm apenas como opção uma saída em Santa Iria da Azoia. Um problema que terminará no dia em que o novo acesso estiver a funcionar.
Descarregue e leia a edição impressa Olhar Loures - 3º Trimestre no seu computador ou equipamento móvel