António Vitorino compareceu na entrega das candidaturas da coligação “Viver Lisboa” no tribunal

A coligação “Viver Lisboa” entregou as listas de candidatos no Palácio da Justiça e contou com a presença de António Vitorino como trunfo nas eleições autárquicas. Alexandra Leitão elege a habitação como prioridade e defende mão pesada para restringir o alojamento local.

Foram hoje, dia 11 de agosto, entregues, no Tribunal Cível de Lisboa, as listas da coligação “Viver Lisboa” às eleições autárquicas de 2025, com a presença da candidata à presidência da Câmara Municipal, Alexandra Leitão, do mandatário da candidatura, António Vitorino, e de representantes dos partidos da coligação.

“Esta é uma candidatura que nasce da vontade de unir e de construir uma cidade feita pelas pessoas e para as pessoas. Uma cidade que enfrenta os grandes desafios – a falta de habitação, o caos na mobilidade, o lixo e a degradação do espaço público –, que cuida, que acolhe e que funciona. Uma cidade viva, verde e justa, onde todos possam viver com dignidade”, defende Alexandra Leitão.

A candidatura foi entregue no Tribunal Cível de Lisboa depois das 11h30, com a cabeça de lista, Alexandra Leitão, rodeada pelos restantes candidatos e pelo mandatário, o histórico socialista António Vitorino.

Para a candidata que lidera a coligação de esquerda “Viver Lisboa”, a candidatura “é uma coligação ampla” para melhorar a cidade, “com soluções práticas rápidas”, nomeadamente para fazer face “à emergência da habitação”, ao “caos da mobilidade, à degradação e ao desleixo de vários espaços comuns, de vários espaços coletivos, jardins, parques, à sujidade, ao descalçamento dos passeios e sobretudo dos buracos nas ruas”, além da falta de iluminação.

“O que nos traz aqui e o que nos une é ter uma visão estratégica para a cidade e resolver os problemas das pessoas e é isso que aqui estamos a fazer hoje”, justificou.

Mão firme no alojamento local

Alexandra Leitão frisou ser determinante ter mão firme no controlo sobre os licenciamentos de alojamento local, por ser uma das atividades que fez disparar a crise na habitação que se constata em Lisboa, uma vez que a proliferação destes negócios inviabiliza o arrendamento de casas.

“É preciso restringir fortemente o alojamento local, porque, quanto mais arrendamento de curta duração houver, haverá menos arrendamento de longa duração”, concretizou.

A candidata da coligação repetiu algumas das ideias que tem vindo a defender para resolver os problemas da habitação na capital: é preciso construir mais habitação pública, reabilitar os edifícios estatais e camarários que estão devolutos, construir “com urgência” casas modulares, que são “construções rápidas que não comprometem a qualidade, para responder com rapidez a quem precisa de casa e não pode esperar mais quatro anos por anúncios”.

Candidatura “progressista”

Alexandra Leitão destacou ainda que a candidatura “quer unir todos aqueles que têm em comum uma ideia de progressismo, de humanismo, e também, sobretudo, uma ideia de melhorar a cidade”. Alexandra Leitão referiu que a escolha de António Vitorino para mandatário da candidatura é uma mais-valia para Lisboa, por ser “uma pessoa conhecidíssima, que teve vários cargos institucionais importantes” em Portugal, nomeadamente juiz do Tribunal Constitucional, ministro, e funções internacionais como diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

A candidata realçou, por outro lado, a recente decisão do Tribunal Constitucional de chumbar algumas normas do diploma do Governo sobre a imigração, considerando que “é de uma grande importância”.

“É uma defesa da Constituição e da continuidade das leis, e, portanto, num Estado de Direito é assim que funciona. Só posso ficar satisfeita por o Estado de Direito ter funcionado e esperar que assim continue a funcionar como a Constituição determina”, disse.

Autarquias na linha da frente da integração dos migrantes

António Vitorino, por seu turno, escusou-se a comentar a decisão do Tribunal Constitucional – por ter vindo de férias e ainda não ter lido o Acórdão –, mas avançou que as Câmaras municipais, nomeadamente a de Lisboa, têm a “obrigação” de estar na linha da frente na defesa da “integração dos migrantes” e que as autarquias, “por terem políticas de proximidade”, têm a responsabilidade de fazer políticas “que integrem bem os migrantes”. “Não há integração bem-sucedida sem relações de proximidade”, defende o ex-ministro socialista.

Em relação ao facto de ser o mandatário da socialista, António Vitorino considerou que a candidatura de Alexandra Leitão é sinónimo da “energia e a firmeza” e da “capacidade de mobilizar equipas para resolver os problemas da cidade de tanto gosto”, concluiu.

Parque da Praça de Espanha foi votado ao abandono.

À margem da entrega das listas da candidatura “Viver Lisboa” no Palácio da Justiça, Alexandra Leitão fez questão de exemplificar o Parque da Praça de Espanha como um “mau exemplo da atual gestão autárquica”.

O Parque Urbano Gonçalo Ribeiro Telles, na Praça de Espanha, custou cerca de 16 milhões de euros e, quatro anos depois de ser inaugurado, foi ocupado por dezenas de sem-abrigo.

Alexandra Leitão é perentória: o estado a que chegou o “novo” parque verde na Praça de Espanha deve-se ao abandono a que foi votado pela atual autarquia.

“É um bom mau exemplo. É um bom exemplo de uma situação em que, para um Executivo que tanto fala de segurança, o desleixo do Executivo provoca uma situação de abandono de um parque lindíssimo, porque os quiosques não são concessionados e porque a via pedonal não foi feita, está quase ao abandono. E é esse abandono que cria insegurança”, refere Alexandra Leitão.

Para Alexandra Leitão, “a segurança é importante, mas também passa pelo arranjo da cidade, pelo cuidado da cidade e pelo seu acompanhamento”.

E conclui: “O descuido e o desleixo em que a cidade está, e que esse parque é um bom mau exemplo, é também ele causador desta degradação a que assistimos, diariamente.”

Listas de candidatos

Lista dos candidatos da coligação à Câmara Municipal de Lisboa: Alexandra Ludomila Ribeiro Fernandes Leitão, Sérgio Rui Lopes Cintra, Carla Cristina Ferreira Madeira, Pedro Miguel Machado Anastácio, Carlos Manuel Guilherme Lage Teixeira, Maria Carolina da Anunciação Álvares Serrão, Patrícia Andreia Robalo Ribeiro, António Morgado Valente, Paulo Manuel da Costa Amaral Prazeres Pais, Cristina Maria da Fonseca Santos Bacelar Begonha, Manuel Maria Tadeu dos Santos Neto Neves, Ricardo Pampim de Sant’Ana Godinho Moreira, Joana Alves Pereira, Ricardo João da Silva Marcos, Lia Andreia Cristóvão Ferreira, Francisco Azevedo Mendes Pereira Costa, Vasco Seixas Duarte Franco.

Candidatos à Assembleia Municipal de Lisboa: André Moz Caldas, Artur Miguel Claro da Fonseca Mora Coelho.

Candidatos a Presidentes de Junta de Freguesia: Ajuda – Jorge Marques (PS), Alcântara – Mauro Santos (PS), Alvalade – Francisco Costa (Livre), Areeiro – Joana Pereira (Livre), Arroios – João Jaime Pires (Ind PS), Avenidas Novas – Laura Cassandra (Livre), Beato – Silvino Correia (PS), Belém – Fernanda Costa (PS), Benfica – Ricardo Marques (PS), Campo de Ourique – Hugo Vieira da Silva (PS), Campolide – Miguel Belo Marques (PS), Carnide – Daniela Serralha (Ind PS), Estrela – Luís Silva Monteiro (PS), Lumiar – Tito Bastos (PS), Marvila – António Videira (PS), Misericórdia – Carla Almeida (PS), Olivais – Iara Ferreira (PS), Parque das Nações – João Correia (PS), Penha de França – Elisa Madureira (PS), Santa Clara – Carlos Castro (PS), Santa Maria Maior – Maria João Correia (PS), Santo António – Lucas Manarte (PS), São Domingos de Benfica – Gonçalo Lopes (PS), São Vicente – André Bive (PS).

 

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