Alexandra Leitão vai apresentar providência cautelar para impedir mais voos em Lisboa

Isabel Soares, filha de Mário Soares, integra as listas de candidatos à Junta de Freguesia de Alvalade. A diretora do Colégio Moderno considera que a esquerda lisboeta se deve unir em torno da candidatura da coligação “Viver Lisboa”, que representa os valores “humanistas” e que luta por uma cidade “de pessoas”.  

A coligação “Viver Lisboa” fez ontem, dia 1 de setembro, a sessão de apresentação do candidato Francisco Costa, do partido LIVRE, à Junta de Freguesia de Alvalade.

Isabel Soares, diretora do Colégio Moderno, e filha de Mário Soares e Maria Barroso, lembrou que o Jardim Mário Soares, “não é apenas um jardim, é um lugar muito especial, onde vivi a minha infância”

“Nasci em Lisboa, cresci em Lisboa, e este amor à cidade que me traz aqui hoje. Como mulher de esquerda, como cidadã que acredita na justiça social, no direito à cidade, mas também como militante socialista desde a sua fundação, não podia deixar de estar presente e declarar o meu apoio público à candidatura de Alexandra Leitão à Câmara Municipal”.

Para Isabel Soares, as juntas de freguesia têm um papel determinante para os seus munícipes e estão na linha da frente da resolução dos problemas concretos dos seus cidadãos, “pelo que não podia recusar o convite para integrar a lista de Francisco Costa, que conheço há tantos anos. Não queria deixar de corresponder ao convite, integrando a lista no último lugar, com o meu nome e a minha presença”.

A socialista aproveitou para apontar baterias para a liderança de Carlos Moedas na autarquia olisiponense. “Vivemos 4 anos em que Lisboa se foi afastando dos lisboetas. Assistimos a uma política feita de marketing e propaganda, de costas voltadas para os problemas”.

“Disneylização” da capital

Isabel Soares criticou a forma como a cidade tem sido gerida, sobretudo no que toca ao afastamento forçado dos lisboetas da cidade por força do inflacionamento dos preços das casas.

“Vimos os preços das casas disparar de forma brutal; o turismo a crescer sem regulação; a ‘disneylização’ do centro da cidade, que mais parece um parque temático; e sobretudo vemos os nossos jovens serem empurrados para fora da cidade. Lisboa tornou-se mais desigual, mais distante de quem nela vive e trabalha. Como disse Alexandra Leitão, o atual presidente tem um discurso vazio de ideias e de esperança, ao contrário das presidências de Jorge Sampaio, João Soares, António Costa e Fernando Medina. É bom não esquecer o trabalho deles e justamente as primeiras coligações feitas por eles.

Por outro lado, aquilo que Carlos Moedas apresenta como moderação “é, na verdade, um radicalismo populista disfarçado”.

“Lisboa não pode continuar refém de um projeto que se limita a slogans, que não tem um projeto para a cidade. É, por isso, tão importante a esquerda estar unida”.

Isabel Soares lembrou a importância da união da esquerda, enaltecendo Rui Tavares, “pessoa que muto admiro”, e a coragem de Mariana Mortágua (ausente por estar embarcada numa missão humanitária na Palestina), “gostaria de estar no lugar dela”, porque “é fundamental não fecharmos os olhos àquilo que está a passar em Gaza, é nossa obrigação lembrarmos aquilo que se está a passar lá. Faço esse trabalho, todos os dias, com os meus alunos”.

Para a herdeira do legado do fundador do PS, esta coligação “é a resposta de que a cidade precisa”, uma resposta assente na “inclusão, na defesa do espaço público, numa habitação acessível, numa cidade sustentável, numa Lisboa humanista, que é, acima de tudo, das pessoas”.

“Tenho a certeza que Alexandra Leitão, com a sua determinação, coragem e combatividade, será determinante para devolver Lisboa aos lisboetas. Por mim, deixo aqui o meu compromisso: estarei sempre presente ao lado de quem luta por uma cidade justa, solidária, humana e de esquerda, não esqueçamos”, concluiu.

Por seu turno, Alexandra Leitão agradeceu o encorajamento e respaldo de todos os presentes e dos parceiros de coligação, que a candidata socialista à liderança da Câmara de Lisboa considera ser caracterizada pela “esperança, a alegria, a vontade de fazer, é estarmos aqui para nos divertirmos. Não encaramos Lisboa como um sacrifício, encaramos Lisboa como a nossa casa e é para trazermos esperança que aqui estamos”.

Alexandra Leitão lembrou que Alvalade “é especial para mim: aqui nasci, estudei e dei aulas”, mas é também uma freguesia com uma identidade muito forte. “Tem bairros com jardins, muito comércio tradicional, a cidade universitária, que representam o que de melhor Lisboa tem, mas também é uma freguesia que sofre”

“Hoje, temos uma Lisboa mais caótica, mais cara, mais desigual. E não só na questão da habitação. Por exemplo, a Gira não chega à freguesia da Marvila, não chega a Chelas. Sabemos que Lisboa é hoje uma cidade mais suja, com parques e jardins degradados”. Quem percorrer a mata de Alvalade, “percebe o descuido, quem passa pela cidade universitário ao fim do dia ou à noite, “percebe a sensação de insegurança que resulta da falta de iluminação”.

De acordo com a candidata socialista, “é este desleixo que a coligação Viver Lisboa não aceita. Esta é uma coligação pela positiva, em que estamos todos estamos empenhados de alma e coração para fazer melhor. Queremos devolver o orgulho e a qualidade de vida a quem vive em Lisboa”

Conforme as palavras que tem vindo a repetir nos vários discursos de candidatura, Alexandra Leitão sublinha que a habitação vai ser prioridade. “Temos uma visão estratégica para termos 20% da habitação pública em Lisboa, com a reabilitação de edifícios públicos devolutos, mas também construir habitações modelares. Habitar em Lisboa tem de ser um direto e não um privilégio de alguns.

“É preciso que a cidade funcione no dia a dia”. E a higiene urbana é um exemplo disso. “Há contentores (de lixo) a transbordar, de lixo acumulado em ruas sujas. Uma capital europeia não pode viver neste estado. Lisboa merece muito mais. Queremos modernizar a recolha de resíduos, utilizar a tecnologia para detetar enchimentos e obstruções, reforçar os recursos humanos e os meios mecânicos de quem trabalha na higiene urbana, para uma cidade ser limpa e saudável tem de ser limpa”.

Em Alvalade, “há ruas onde o abandono já não se disfarça. Passeios partidos, buracos no asfalto, lixo acumulado. A manutenção do espaço público não pode ser deixada para depois — é uma questão de segurança, de dignidade e de respeito por quem vive aqui”, atira Alexandra Leitão.

Por isso, o reforço do espaço público será “uma marca e prioridade” da coligação. “Queremos ter passadeiras e ruas bem iluminadas, passeios com lancis rebaixados, ciclovias arranjadas, e uma iluminação que traga segurança. Zonas como a cidade universitária não podem continuar às escuras”.

Parques e Jardins

Na opinião da ex-ministra socialista, a mata de Alvalade “é um bom exemplo de como não se deve tratar o verde da cidade. Esta zona deveria ser um espaço de convívio e de lazer. Nós queremos cuidar da mata verde de Alvalade e de todos os espaços verdes da cidade”.

Alexandra Leitão assume querer plantar mais árvores, “mas tendo a certeza de que elas sobrevivem – já vi uma referência às 50 mil árvores plantadas, mas muitas delas não sobreviveram –, como os jacarandás plantados na freguesia, que não sobreviveram ao transplante”.

Para Alexandra Leitão, Lisboa tem de ser uma cidade verde adaptada às alterações climáticas, “que proteja as pessoas do calor, porque é também um problema de saúde pública”.

Contra o aumento dos voos em Lisboa

Há poucas semanas, o Governo anunciou que iria aumentar os voos de Lisboa de 35 para 48 por hora. Alexandra Leitão manifesta o seu repúdio contra esta medida.

“Sei bem que os moradores de Alvalade sofrem particularmente com o problema dos aviões que sobrevoam a freguesia. Sobre este assunto, Carlos Moedas fez uma publicação muito vaga nas redes sociais a dizer que seria contra esta medida. Da minha parte, assumo o compromisso de dar entrada com uma providência cautelar contra o aumento dos voos e para defender a saúde e o bem-estar dos lisboetas”, atirou.

A coligação “Viver Lisboa” pretende também reforçar o papel da educação na cidade, abrir a escola às comunidades, através do programa Escolas Vivas. “As escolas podem ser o ponto de encontro das comunidades, de convívio, da promoção do desporto, estando abertas depois do horário letivo e ao fim de semana”.

No mesmo quadro, será criado o acesso universal às creches, “criando mais instituições, para que nenhuma família fique para trás, porque educar e apoiar a primeira infância é fundamental para investir no futuro da cidade e criar a igualdade de oportunidades para todos”.

Alexandra Leitão vê “com muita preocupação o retrocesso da entrada de alunos no ensino superior. Obviamente que as circunstâncias extravasam a intervenção do poder local, mas também tem a obrigação de criar residências para quem quer estudar em Lisboa”, concluiu.

Moedas “viu em Lisboa mais um passo na gestão da sua carreira”

O deputado e líder do LIVRE Rui Tavares também marcou presença no lançamento da candidatura do membro do seu partido. Reforçou o “orgulho” de integrar uma coligação “humanista e de gente que ama Lisboa”, agradecendo a Alexandra Leitão pelo facto de “nos ter juntado a todos”, para juntos, “mudarmos Lisboa para muito melhor”.

Rui Tavares lembrou a “batalha” de Francisco Costa na Câmara pela preservação da ciclovia da Almirante Reis, que foi salva, entre outros, graças à intervenção do agora candidato à Junta de Alvalade, que se opôs a que se acabasse com ela.

“(Francisco Costa) não se opôs apenas, ele propôs um plano alternativo à proposta de Carlos Moedas, que pretendia escavacar tudo, para depois escavacar mais, para depois ir mudar as bocas das estações de metro de toda a Almirante Reis, para depois gastar milhões de euros num projeto que não seria permitido pelas regras, para depois então criar uma ciclovia”.

“Aquilo que foi pedido ao Francisco Reis, enquanto representante do LIVRE na Câmara, foi criar uma Lisboa mais segura, uma cidade mais despoluída, tendo como ponto de partida aquilo que tinha sido feito na Almirante Reis”, que o representante do LIVRE “conseguiu executar”.

Rui Tavares atirou farpas pela falta de “atenção ao detalhe de Carlos Moedas”, que estará a deixar degradar as bicicletas Gira a olhos vistos, segundo o líder do LIVRE. Em contraponto, diz Rui Tavares, “é essa atenção ao detalhe que os fregueses de Alvalade irão ter se Francisco Costa for eleito como presidente da Junta de Freguesia”, que irá “cuidar da freguesia, com atenção ao detalhe, que faz pela qualidade de vida das pessoas”, nomeadamente por aqueles fregueses “que têm problemas de saúde”.

Para Tavares, Alvalade, por estar tão perto do aeroporto, está numa encruzilhada de poluição (sonora e atmosférica) e Carlos Moedas “não tem feito nada para preservar a qualidade de vida dos fregueses de Alvalade”.

Rui Tavares considera que Carlos Moedas viu em Lisboa “como mais um passo na gestão carreira e não mais do que isso”, mas “não é assim que Alexandra Leitão vê Lisboa”, sendo, por isso, que a coligação se vai bater por uma cidade menos poluída, menos perigosa, com menos pessoas “frustradas” com o rumo da cidade no consulado de Moedas.

“Qual é afinal a obra que Carlos Moedas deixou? Placards de autopromoção permanente. Nós temos em Alexandra Leitão uma candidata que tem Lisboa como objetivo principal destas eleições. Só Lisboa, nada mais do que Lisboa. Nós sabemos que a nossa candidata vai viver a sua etapa (à frente dos destinos da Câmara) como o percurso mais importante na sua vida, porque é uma pessoa de causas, valores e princípios”.

Ex-presidente enumera intervenções em Alvalade

O ex-presidente socialista da Junta de Freguesia de Alvalade e candidato à Assembleia Municipal de Lisboa, Alexandre Moz Caldas, que também foi secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, enumerou algumas das medidas levadas a cabo no seu mandato, como o investimento feito no Bairro Fonsecas e Calçada, que foi um bairro construído no âmbito dos SAAL, depois do 25 de Abril, mas que, após a sua construção, “não teve mais nenhum investimento público, nem sequer o loteamento das casas”.

Depois da intervenção da autarquia, que avançou com a criação de programas que permitiram aos proprietários “serem finalmente donos das suas casas”, criou pavimentos novos e investiu “no sonho de haver um anfiteatro descoberto”, que contribuiu para a dinamização cívica da zona, bem como a construção do pavilhão, que foi o “primeiro equipamento público no bairro”, e a requalificação da escola, que a “direita ameaçava encerrar”.

Na ótica de Alexandre Moz Caldas, o Bairro Fonsecas e Calçada mudou “para melhor” e tem hoje as “condições que tem”, porque, em 2013, a liderança da Junta mudou e “criou as condições para mudança” porque começou a haver investimento público.

Recuperar plano de habitação do tempo de Salazar 

Francisco Costa começou o discurso sublinhando que tem “a certeza” que Alexandra Leitão “será a primeira mulher a ser presidente da Câmara de Lisboa e que vai devolver esta cidade ao progresso e à igualdade”.

O candidato, que é arquiteto, anunciou que “é um prazer ser candidato à Junta de uma freguesia tão bem planeada e executada” da cidade de Lisboa. E lembrou que à data da construção do Bairro de Alvalade, em 1945, houve a ambição de arranjar habitação para 45 mil pessoas, em apenas 6 anos.

“Esta ambição, com a crise habitacional que enfrentamos hoje, tem de ser recuperada para a cidade”, defende, acrescentando que o projeto inicial de construção do Bairro “comprovou que a habitação acessível pode ser implementada no Bairro de Alvalade no próximo mandato”.

Aos olhos de Francisco Costa, a reconversão dos antigos edifícios da Segurança Social, levada a cabo no anterior mandato pelo PS, “prova que é possível fazer habitação acessível”, que é “possível fazer mais no próximo mandato, é para isso que me candidato”.

Segundo o candidato, Carlos Moedas “entregou chaves de casas”, mas “não começou nem construiu qualquer prédio de habitação pública na freguesia”.

Reaproveitar imóveis devolutos.

Francisco Costa lamenta que muitos dos jovens que nasceram em Alvalade, e que não conseguem pagar uma casa no sítio onde nasceram, “só consigam regressar ao bairro herdando as casas dos seus pais ou familiares. E isto não pode continuar assim”.

“Juntamente com a Câmara de Lisboa, vamos promover programas de arrendamento acessível e criar mais habitação pública para que os alvaladenses possam continuar a viver junto das suas famílias e possam pagar as suas casas a preços dos salários ganhos em Lisboa. Juntos, temos de criar condições para reaproveitar todos os imóveis devolutos em Alvalade, apoiando os proprietários e promovendo cooperativas de habitação de renda acessível, residências de estudantes, em Alvalade.

 

 

 

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