Candidato do Volt diz que Lisboa precisa de um “sobressalto democrático”

José Almeida é candidato do partido Volt à presidência da câmara municipal de Lisboa. Com experiência associativa na Alta de Lisboa, o candidato pretende implementar o modelo de Viena para fazer face à crise na habitação na capital.

José Almeida é membro do Volt desde 2018, dirigente associativo na Alta de Lisboa em diversas associações, possuindo um longo percurso de envolvimento com as associações do concelho e a realidade que enfrentam, segundo o programa de candidatura.

Licenciado em Estudos Europeus e com carreira como diretor de sistemas de informação, tem dedicado à sua vida à participação cívica e ao associativismo local, ambiental e europeu.

Acredita numa Lisboa inclusiva, “com habitação acessível, espaços verdes cuidados, apoio à cultura, desporto e educação, e uma rede de transportes públicos eficaz. Quer uma cidade com mais apoio à juventude, população sénior e grupos vulneráveis”.

Defende uma cidade “onde se possa viver com dignidade e seja possível brincar, estudar, trabalhar e envelhecer. Uma cidade de todos, para todos”.

No discurso de apresentação de candidatura, no dia 12 de setembro, José Almeida ressalvou o facto de ser lisboeta de gema, mas mostrou-se “preocupado” com o rumo que a cidade tem levado.

“Nasci e cresci em Lisboa. Aqui estudei, aqui tenho a minha família e muitos dos meus amigos. Conheço bem o melhor da nossa cidade, mas também sinto todos os dias o que temos perdido. Lisboa desceu na qualidade de vida. E não foi por acaso. Foi resultado de uma governação marcada pela arrogância, pela propaganda e pela distância em relação às pessoas. É tempo de mudar de caminho. Lisboa precisa de um executivo camarário que cuide de quem vive na cidade de Lisboa”.

Necessidade de um “sobressalto democrático”

Mas esse caminho “não se faz de anúncios vazios. Faz-se com visão, com ambição e com serviços públicos fortes: mais e melhores escolas, mais equipamentos desportivos, mais bibliotecas, mais centros culturais”.

O aspirante a presidente de Câmara do Volt acredita que a sua candidatura é feita “com a certeza de que a nossa cidade precisa de um sobressalto democrático, de uma mudança real que volte a colocar as pessoas em primeiro lugar”.

Para José Almeida, “Lisboa pode e deve ser muito mais do que aquilo em que foi transformada pelos últimos executivos”.

Na sua opinião, Lisboa precisa de uma injeção de novas ideias, dando prioridade ao “investimento na rede social da cidade, priorizando idosos, jovens e mulheres. Só assim combateremos a pobreza e a desigualdade”.

Exemplo de Viena

Para José Almeida, a crise na Habitação combate-se replicando os melhores modelos que já estão em curso na Europa, como as medidas implementadas na capital austríaca.

“Lisboa não pode continuar a tornar-se um condomínio de privado que expulsa famílias. Lisboa precisa de habitação digna e a preços acessíveis, como acontece em muitas cidades europeias, nomeadamente em Viena. Propomos recuperar imóveis devolutos pertencentes ao Estado e disponibilizá-los para habitação pública, criar um verdadeiro parque público de habitação, penalizar casas vazias e lançar programas transparentes de arrendamento acessível, incluindo um programa específico para a habitação jovem”.

Mas, também, “trabalhar com as cooperativas para construir habitação acessível”.

Para o candidato do Volt, cuidar de Lisboa é também cuidar do espaço público: “ruas limpas, jardins bem tratados, transportes públicos acessíveis e fiáveis”.

Estimular as deslocações a pé e rede de transportes “fiável e inclusiva”

No âmbito da mobilidade, José Almeida quer uma capital “com uma boa mobilidade pedonável, ciclável, viária e de transportes. Queremos uma cidade pensada para as pessoas, e não apenas para os automóveis. Isso significa ciclovias seguras, melhores transportes públicos, circuitos pedonais para escolas e uma mobilidade sustentável, que melhore a qualidade de vida”.

Lisboa necessita “de uma rede de transportes coerente, fiável e inclusiva, como já existe em tantas outras capitais europeias. Precisa de um plano que estimule a deslocação a pé, ciclável e em transportes públicos”.

Preservar a biodiversidade e reduzir poluição

Cuidar de Lisboa é cuidar do ambiente natural assegurando que não se “destroem árvores e património natural. Precisa de um compromisso sério para reduzir poluição, baixar os níveis de ruído, em particular o provocado pelo número elevado de aviões que atravessam a cidade, combater a poluição luminosa, plantar e proteger árvores, porque só assim contribuímos para um ambiente mais sustentável”.

“Cuidar das pessoas”

Mas cuidar de Lisboa é, acima de tudo, “cuidar das pessoas”, garantindo “a existência de centros de dia na cidade, uma rede de creches e jardins de infância com vagas, lares acessíveis, escolas abertas à comunidade e habitação digna para quem vive na rua. É investir na educação e na saúde como pilares de igualdade”.

Lisboa deve, também, homenagear os mais idosos. “Ser uma cidade que honra quem a construiu. Os quais ainda têm e podem dar muita à cidade, às nossas comunidades. Os mais velhos precisam de políticas de proximidade que lhes garantam bem-estar, dignidade e segurança. Que a cidade não é hostil para com eles. Precisa de atividades que envolvam todos e acessíveis a todos”.

Aos seus olhos, urge “combater o analfabetismo que ainda se encontra por esses bairros, com um plano municipal para apoiar a sociedade civil que todos os dias procura ajudar esses idosos”.

Cultura para todos

No programa do Volt, a Cultura deve ser “descentralizada” e “acessível”, com “mais apoios para as coletividades locais, mais espaços para associações culturais e mais equipamentos desportivos municipais”, mas também com espaços de apoio a criadores locais e de cultura de proximidade, apoiando as livrarias independentes e os arquivos de bairro.

Na segurança, o Volt quer Lisboa numa cidade segura, como uma “segurança feita de proximidade, com patrulhas conjuntas da polícia municipal e PSP, de prevenção, de iluminação adequada, de mediadores comunitários e de planos de proteção civil participados com escolas, empresas e associações”.

Recuperar a alma da cidade

Ao nível da vida económica da cidade, José Almeida acredita deve ser “o motor económico e de inovação”, apoiando o comércio local, as pequenas empresas, os empreendedores e os jovens. “Queremos uma cidade que cria valor, que aproveita bem os fundos comunitários em parceria com a sociedade civil da cidade e que distribui melhor por toda a cidade os benefícios do turismo”.

No entender do candidato, Lisboa precisa de “recuperar a alma: os bairros, os vizinhos, a vida comunitária”. “Precisa de uma Câmara que respeite a cidadania e apoie efetivamente o associativismo. Governar é ouvir, prestar contas e estar próximo das pessoas”, conclui.

Quer comentar a notícia que leu?