Barcarena tem, desde o dia 5 de setembro, um novo equipamento cultural que promete dar cartas na promoção da Cultura na freguesia. Isaltino Morais lamentou o facto de não poder fazer o discurso oficial da inauguração. E atirou várias farpas à CNE.
O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, presidiu, no dia 5 de setembro à cerimónia de inauguração do Centro Cultural e Biblioteca de Barcarena.
O Centro Cultural de Barcarena, localizado no antigo edifício da Cooperativa de Responsabilidade Limitada – Sociedade de Crédito e Consumo do Pessoal da Fábrica da Pólvora de Barcarena, conhecida entre os oeirenses como “A Familiar”. Desde 1989 que o imóvel pertence à Câmara Municipal de Oeiras e foi agora reabilitado para fins culturais.
O espaço fica localizado junto à encosta entre a Igreja de S. Pedro e o vale da Ribeira, e a nova estrutura inclui uma zona de acolhimento, espaço infantil, cafetaria, sala multifunções coberta e ainda a biblioteca.
Este projeto destina-se a todos os oeirenses, uma vez que irá acolher atividades e iniciativas culturais para todas as idades. O objetivo passa ainda por ser um espaço utilizado pelas escolas do Município, uma vez que conta com um auditório para acolher sessões educativas.
Lei da rolha
No início da visita, depois de contemplar uma das salas de biblioteca, Isaltino Morais pediu a opinião sobre o espaço inaugurado a um dos visitantes que estava integrado na comitiva. A ex-diretora do Agrupamento de Escolas de Miraflores deu o seu vaticínio, aprovando a “luminosidade” e as diversas funcionalidades na promoção da leitura. “É um espaço incrível”, disse a professora Fátima Rodrigues, enaltecendo o papel do autarca “por estar sempre à frente na Cultura e nos desafios que são feitos pela população”.
Isaltino Morais aproveitou para lembrar que, segundo a lei eleitoral (a Comissão Nacional de Eleições), “está impedido” de proferir “elogios e de adjetivar” as suas obras na Câmara durante o período eleitoral, mas mostrou-se “muito satisfeito” com a aprovação da docente, lembrando que os “elogios são seus, não meus”, declaração esta que provocou uma gargalhada geral.
Este comentário/crítica do autarca à CNE voltaria a ser proferido após a visita ao edifício. Isaltino Morais recordou que o discurso oficial da inauguração do Centro só poderá acontecer depois das eleições autárquicas, que se realizam no dia 12 de outubro.
“Podemos fazer a inauguração, mas temos de o fazer com contenção”, apesar de “não saber bem o que isso seja (…) Não posso fazer propaganda ou adjetivar aquilo que se está a fazer, mas no meu vídeo (enquanto cidadão) vou dizer tudo”, anotou.
Apesar de estar impedido de “fazer propaganda”, o edil apontou para o edifício e ressalvou que o discurso “é este”, o discurso “é este que está aqui”, reiterou.
Isaltino Morais insistiu em bater na tecla das “incongruências” da CNE. Lembrou a polémica das anteriores eleições autárquicas, em que se taparam os outdoors da Câmara com uma faixa preta, mas esclareceu que, desta feita, não vai repetir a façanha, uma vez que não pretende conflituar com a CNA.
Ainda assim, atirou mais uma farpa contra o organismo que tutela as eleições, dizendo que “não entende” a “esquizofrenia” que permite à oposição dizer cobras e lagartos da ação do seu Executivo, insistindo que não há razões que justifiquem que os deputados municipais “possam dizer tudo”, criticando duramente as suas intervenções, alegando que o trabalho do Executivo no Ensino, na defesa do meio ambiente, entre outras áreas, é deficitário, mas a CNE “já permite que, em resposta aos extremistas da oposição, eu tenha levado para a Assembleia Municipal os prémios ganhos pela Câmara na Educação, na Sustentabilidade, etc.”
Para o líder do Município, as “contradições” e falta de “fundamentação” da CNE levam-no a pensar que, com “aquilo que a CNE faz, mais vale fechar a Democracia”, desabafou.
Pelo supracitado impedimento de publicidade ao trabalho realizado ou que está projetado pelas autarquias, Isaltino Morais viu-se na obrigação de conter o anúncio do projeto que já está previsto para a encosta e os terrenos da ribeira de Barcarena, que corre paralela ao CCB, mas aguçou a curiosidade dos presentes, deixando no ar a ideia de que toda aquela área vai ser alvo de uma intervenção de fundo.
CCB de “bairro” e para toda a comunidade
Como apenas podia falar dos aspetos técnicos da reconversão do antigo edifício “A Família”, Isaltino Morais recordou que foram mantidas algumas características originais do edifício da Cooperativa e adotada uma linguagem moderna e contemporânea na reabilitação, assente num conceito de equipamento cultural de bairro que inclui uma zona de acolhimento, biblioteca, espaço infantil, cafetaria e sala multifunções com cobertura em terraço ajardinado. Os acessos apresentam-se por escada e elevador panorâmico.
Laboratório científico
O imóvel, localizado junto à encosta entre a Igreja de S. Pedro e o vale da Ribeira, assume a valência de um laboratório de projetos STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), destinado a todas as idades, e que será dinamizado em parceria com uma instituição que já colabora com as escolas do Município, apresentando ainda um auditório para acolher iniciativas próprias e da comunidade.
O novo equipamento cultural de Barcarena representa um investimento de dois milhões oitocentos e sessenta e quatro mil euros do Município de Oeiras.
A terminar, Isaltino Morais sublinhou que o CCB “é para toda a população”, mas “prioritariamente para os moradores de Barcarena; prioritariamente para a população de Oeiras, prioritariamente para todas as pessoas”.