Já está a circular carreira alternativa ao Elevador da Glória

A Carris lançou esta sexta-feira uma nova carreira (51E) para servir de alternativa ao elevador da Glória, em Lisboa. A carreira 51E Glória-Circulação Largo do Carmo tem início nos Restauradores e passa pelo Rossio, Rua do Ouro, Rua da Conceição, Rua Nova do Almada, Rua Garrett, Calçada do Sacramento, Largo do Carmo, Largo da Trindade, Rua da Misericórdia, Rua das Taipas, Praça da Alegria e Avenida da Liberdade, regressando depois aos Restauradores. Entretanto, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, rejeita retirar, para já, qualquer conclusão em relação às causas do acidente com o elevador da Glória.

Está em funcionamento desde as 7h00 desta sexta-feira uma alternativa ao Elevador da Glória, que está suspenso desde o acidente que aconteceu na semana passada. Trata-se da carreira 51E, de acordo com a Carris.

A carreira ’51E Glória-Circulação Largo do Carmo’ tem início nos Restauradores e passa pelo Rossio, Rua do Ouro, Rua da Conceição, Rua Nova do Almada, Rua Garrett, Calçada do Sacramento, Largo do Carmo, Largo da Trindade, Rua da Misericórdia, Rua das Taipas, Praça da Alegria e Avenida da Liberdade, regressando depois aos Restauradores.

O percurso será assegurado por mini autocarros elétricos, com circulação diária entre as 7h00 e as 21h30.

“Esta carreira irá funcionar temporariamente, continuando a garantir o acesso e a mobilidade entre os Restauradores e o Bairro Alto/ Largo do Carmo”, explicou a transportadora, em comunicado.

A 51E vai funcionar entre as 7h e as 21h30 no seguinte percurso: Restauradores/Rossio/Rua do Ouro/Rua da Conceição/Rua Nova do Almada/Rua Garrett/Calçada do Sacramento/Largo do Carmo/Largo da Trindade/Rua da Misericórdia/Rua das Taipas/Avenida da Liberdade/Restauradores

Por outro lado, tendo em conta que o elevador da Bica também se encontra encerrado, a Carris recomenda a utilização da carreira 22B Cais Sodré – circulação Príncipe Real, que liga a Rua de São Paulo ao Largo do Calhariz e funciona todos os dias entre as 07h00 e as 20h30.

O elevador da Glória, sob gestão da Carris, descarrilou no dia 3 de setembro, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

Cabo de plástico pode estar na origem do acidente

Entretanto, soube-se que a mudança do tipo de cabo utilizado no suporte do Elevador da Glória pode estar na origem da tragédia que fez 16 mortos e mais de 20 feridos.

A notícia é avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso, com base em declarações de especialistas do Instituto Superior Técnico (IST) e no relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).

Em causa está uma alteração feita há seis anos, altura em que se substituiu um cabo totalmente em aço para um formado por seis cordões de aço com “alma em fibra”. Conforme explicam os especialistas, o núcleo do cabo passou a ser constituído por uma “corda” que se “deformou” de forma irreversível quando foi apertada e que continuou a deformar-se ao longo dos meses, perdendo volume e levando o cabo a soltar-se.

A questão é que, apesar desta alteração, o sistema de amarração manteve-se e, com o tempo, o cabo terá perdido resistência ao aperto feito no trambolho. É que “há dilatações, vibrações e a compatibilidade entre ambos os materiais é diferente do que se fosse aço com aço”, explica ao semanário Pedro Amaral, engenheiro de materiais.

Moedas não quer especular

Em reação a esta notícia, Carlos Moedas diz que não quer especular nem tirar conclusões precipitadas. “O que eu não quero são conclusões precipitadas”, disse. “Temos de deixar a investigação decorrer e não especular”, acrescentou.

Carlos Moedas, que falava à margem da cerimónia de comemoração dos 134 anos da Polícia Municipal, afirmou aos jornalistas que a mudança do cabo “foi feita há seis anos” e, portanto, é “anterior a esta administração” da Carris, que tomou posse em 2022, depois de também a câmara ter mudado de mãos.

“Vamos investigar até à última consequência. Estas decisões que são tomadas têm influência no futuro”, comentou o autarca, insistindo: “A investigação tem de decorrer e não podemos especular. Mas é verdade que uma decisão de há seis anos pode ter tido este impacto,” defendeu.

“É importante continuarmos a investigar e vamos investigar até à última consequência”, garantiu Moedas, sublinhando: “Obviamente que esta administração da Carris virá aqui responder a todas as perguntas, mas isto é anterior a esta administração”.

A Câmara de Lisboa quer um novo sistema tecnológico para o futuro elevador da Glória. Carlos Moedas anunciou que a autarquia está a suportar os custos das famílias das vítimas em Lisboa.

Criada equipa de missão

Por outro lado, e de acordo com a Câmara de Lisboa, foi constituida uma equipa de missão para dar início ao processo de “concepção de um novo sistema tecnológico do futuro elevador da Glória”.

“É prioridade da Câmara Municipal de Lisboa e da Carris estudarem novas soluções e restabelecerem a normalidade com a maior brevidade possível, garantindo simultaneamente a preservação do património histórico e cultural que o elevador da Glória representa para Lisboa e para o país”, referiu a autarquia, em comunicado.

Fazem parte deste grupo de missão representantes do LNEC, nomeadamente o engenheiro civil Luís Oliveira, diretor do Departamento de Estruturas, e o engenheiro mecânico João Viegas, diretor do Centro de Instrumentação Científica e Tecnologias de Informação, informou a autarquia. A primeira reunião entre os técnicos do grupo de missão e o presidente da autarquia lisboeta deverá acontecer na próxima semana.

A equipa é constituida por João Godinho Viegas, diretor do Centro de Instrumentação Científica e Tecnologias de Informação do LNEC, doutorado em engenharia mecânica, as suas áreas preferenciais são, segundo a nota curricular da instituição, termodinâmica e mecânica de fluidos.

Jorge Ambrósio, professor catedrático especialista em mecânica estrutural e computacional, professor de Biomecânica do Movimento no IST, tem, na sua atividade científica, obra sobre pantógrafos, o elemento mecânico que liga carruagens movidas a energia elétrica à catenária.

Luís Oliveira Santos, diretor do Departamento de Estruturas do LNEC, instituição de que já foi vice-presidente. Doutorado em engenheira civil, é especializado em várias vertentes de pontes e tem trabalhado em peritagens e pareceres sobre causas de acidentes.

Manuel Tender, coordenador do grupo de Segurança no Trabalho da Ordem dos Engenheiros. Licenciado e doutorado em engenharia civil, tem, segundo o perfil publicado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde é docente, “25 anos de experiência em Gestão de Obra e Coordenação de Segurança – EXPO 98, Túnel do Marão, Xispoli Engenharia, UK, Mota-Engil, Metro do Porto”.

Ricardo da Cunha Reis, presidente do Colégio de Engenharia e Qualidade da Ordem dos Engenheiros, tem formação académica em engenharia civil e é presidente da empresa especializada em segurança no trabalho Xispoli.

NR: Nnotícia atualizada às 20 horas e 10 minutos do dia 12 de setembro

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