João Jaime é o candidato da Coligação ‘Viver Lisboa’ à Junta de Arroios

A Coligação ‘Viver Lisboa’, que junta o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Livre e o PAN, apresentou, na tarde desta quinta-feira, 11 de setembro, o candidato à Junta de Arroios, João Jaime, antigo diretor do Liceu Camões.

João Jaime é o candidato à Junta de Freguesia de Arroios e fez a sua apresentação pública na tarde desta quinta-feira, 11 de setembro, numa iniciativa que juntou muitos apoiantes da coligação ‘Viver Lisboa’, que junta o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Livre e o PAN. O antigo diretor do Liceu Camões começou a sua intervenção a referir que “Arroios é uma freguesia única de Lisboa, com a qual tenho uma relação de quase 40 anos. Foi aqui que vivi e lutei intensamente por uma escola que nunca vacila, quando se trata de lutar por um mundo melhor. Uma escola que acredita que os seus alunos são capazes de cumprir os seus sonhos e que desejamos que todos se sintam integrados”. O candidato referiu ainda que decidiu aceitar o convite de Alexandra Leitão a liderar a lista da Junta de Arroios “porque o importante é continuar a assumir o compromisso com os outros, o bem comum, as causas em que acredito e que sempre alimentaram o meu espírito combativo em prol das comunidades”.

“Arroios tem o quilómetro quadrado mais densamente povoado de Portugal, onde a pressão sobre o espaço público, a habitação e a mobilidade se sente todos os dias. Ao mesmo tempo, é a freguesia mais multicultural de Lisboa, com 92 nacionalidades distintas, que fazem desta diversidade uma riqueza quotidiana e um potencial enorme de conhecimento, solidariedade e criação. Arroios é, por isso, um território de proximidade, onde os desafios são grandes, mas onde também está a oportunidade de fazer a cidade e concretizar um futuro mais justo, acessível e democrático para todos”, referiu João Jaime, lembrando ainda que, atualmente, “existem várias fragilidades em Arroios”, sendo uma delas “a pressão imobiliária, que expulsou e continua a expulsar moradores e coletivos, apesar de ser uma das freguesias com mais imóveis devolutos na cidade. É também uma das freguesias que tem menos espaços verdes em Lisboa, cerca de dois metros quadrados por habitante”.

Sete eixos fundamentais

Por isso, reforçou, é necessário “repensar o espaço público como um lugar de encontro, bem-estar e de saúde”. No seu entender, é ainda necessário fomentar “a escala da proximidade, do bairro, da rua, da vizinhança e que permitirá sonhar com um futuro melhor. Arroios pode ser um laboratório de democracia local, onde se fortaleçam laços entre pessoas e gerações, onde o comércio de bairro e os mercados são motores de vida, onde os espaços devolvidos à comunidade ganham novos usos culturais, sociais e ambientais”. O candidato à Junta de Arroios lembrou ainda que a cultura “é fundamental para o nosso país e para a nossa cidade. A história de Arroios é inseparável das suas coletividades e associações, que sempre souberam responder aos problemas sociais, muitas vezes de forma mais rápida e eficaz do que as instituições formais”.

João Jaime referiu, no seu discurso de apresentação, que tem como uma das suas bandeiras a aposta nas coletividades e instituições locais, uma vez que são “uma das maiores forças para projetar o futuro da nossa comunidade”. O programa para a Junta de Arroios, acrescentou ainda, “assenta em sete eixos centrais: habitar, garantindo habitação acessível e justa; mover, assegurando uma mobilidade próxima, segura e sustentável, que liga o melhor de Arroios ao resto da cidade; trabalhar, valorizando a freguesia como território onde se vive e trabalha em proximidade; aproximar, reforçando o comércio local, a agricultura urbana, a natureza e a relação democrática entre a freguesia e os moradores; cuidar, assegurando mecanismos de apoio mútuo, saúde física e mental; aprender, através da cultura, da educação e das coletividades; e a promoção da atividade física, do entretimento, dos espaços públicos de qualidade, verdes e democráticos”.

Falar com as pessoas

Ao Olhares de Lisboa, o candidato referiu que existe também o objetivo de “desenvolver os mercados que estão a morrer, bem como do comércio local, e ainda promover um conjunto de interações com a população e que permita uma boa mobilidade, tirando o maior número de carros possível, e sabendo que o estacionamento é uma das grandes prioridades dos moradores de Arroios”. “Há uma questão determinante que é dialogar e falar com as pessoas. É evidente que a cidade tem um problema com a higiene urbana, e que é talvez das maiores dificuldades que Lisboa tem”, disse ainda, lembrando que existe a ideia de “criar horários próprios [de depósito de lixo], destinados a quem produz mais lixo, como por exemplo os restaurantes e o comércio, bem como ter sacos especiais para diferenciar [este lixo], para que não se concentre, todo à mesma hora, o lixo da cidade”.

Para além desta medida, existe também a intenção de “clarificar também o que é a responsabilidade da Câmara e a responsabilidade da Junta, mas obviamente passa certamente por reforçar as equipas, melhorar e aumentar o número de trabalhadores se for necessário. Tendo em conta que Arroios tem um conjunto de hotéis e alojamentos, queremos também que esta taxa turística possa também vir a contribuir diretamente” para a Junta de Freguesia. Para a imigração, João Jaime propõe ainda um aumento de aulas de português, “para que estas pessoas se sintam melhor integradas. Queremos conversar com as comunidades, ver as questões de superlotação das casas, ver a questão de estarem ou não ilegais, ver um conjunto de questões, mas trabalhar com eles. Aquilo que eu sinto quando viajo pela freguesia é que, junto à AIMA, continuam pessoas à espera a noite toda para ser atendidas. E é preciso melhorar essas condições”.

Uma freguesia para todos

Outro dos flagelos da freguesia passa ainda pela existência de muitas pessoas em situação de sem-abrigo. Para João Jaime, esta questão não pode ser resolvida “exclusivamente só por um executivo e temos todos ter essa responsabilidade e dentro da responsabilidade das juntas, estas devem também encontrar algum alojamento, a par com outras juntas, para distribuir os sem-abrigo e não concentrá-los só num local ou escondê-los”. Sobre o balanço da gestão do CDS-PP na Junta de Arroios, liderada atualmente por Madalena Natividade, João Jaime fala numa “falta de diálogo com os fregueses, e numa dificuldade de responder às necessidades e esconder-se atrás da questão do que era a responsabilidade da Câmara. O que eu sinto é que houve pouco diálogo nestes últimos quatro anos”.

Na sua opinião, a candidatura da coligação ‘Viver Lisboa’ a Arroios quer trazer uma mudança a esta freguesia. “Este é um programa que só é possível concretizar com o envolvimento de todos, os que aqui trabalham e habitam. Queremos trabalhar com as pessoas e a freguesia de Arroios. Arroios já é o palco da diversidade e da convivência urbana e cabe-nos agora nós transformá-la também em palco de futuro da cidade”, concluiu o candidato. Esta apresentação contou com a presença de Alexandra Leitão, que referiu que Arroios “pode ser o retrato da cidade que nós queremos: multicultural, respeitadora, solidária, de todas as idades, de todas as origens, em que se resolvem os problemas do abandono e da falta de resposta para todos”.

Coligação ‘Viver Lisboa’ quer implementar projeto-piloto nas escolas em Arroios

A candidata à Câmara de Lisboa lembrou que conheceu João Jaime “há 10 anos, quando fui Secretária de Estado da Educação, e quando tivemos uma reunião para as obras no Liceu Camões. E nem sempre tivemos conversas fáceis, porque estas obras eram devidas há muito tempo e tinham tido muitas vicissitudes, mas a verdade é que em torno de um assunto que era difícil e em que eu não podia fazer o que queria, porque o orçamento era escasso, tive o prazer de conhecer o professor João Jaime e de perceber a alma que trazia a esta escola”. Outra das ideias pensadas para Arroios passa pela criação de um projeto-piloto, denominado ‘Escolas Vivas’, para promover “as escolas abertas à comunidade, para que as escolas possam ser polos de conhecimento, de cultura, ou de desporto, fora das alturas em que estão a servir como escola”.

“Lisboa, nestes últimos quatro anos, ficou mais cara. É mais cara e é mais descuidada. É mais desigual. Aqueles que podem cá viver fazem muitos esforços e têm muitas dificuldades para cá viver. Temos ruas sujas, temos pouca iluminação, temos espaços verdes ao abandono e é uma dor de alma ver os espaços verdes desta cidade ao abandono. Há uma marca desta governação que é não resolver, que é adiar, descuidar, degradar, e não amar as coisas. Nós amamos Lisboa, nós amamos Arroios e isso vai claramente notar-se. Arroios tem mais de três mil fogos devolutos. É um compromisso da Coligação ‘Viver Lisboa ‘mobilizar os fogos devolutos. Os que forem municipais, serão dedicados à habitação acessível, e os que forem da Administração Central e de privados, negociando com eles”, serão reconvertidos.

Requalificar a Avenida Almirante Reis e a Praça do Chile

“Nós não podemos ter pessoas que não conseguem viver em Lisboa e, ao mesmo tempo, três mil fogos devolutos. Temos que reconverter equipamentos públicos desativados e há vários nesta freguesia, desde o Hospital Miguel Bombarda, os hospitais da Colina de Santana, ou a Academia Militar. Estes espaços podem ser, de facto, polos de comunidade, polos de vida, não só para a habitação, mas também polos culturais, de economia social, de desporto, de cultura e é isso que aqui se pode fazer. Queremos requalificar a Avenida Almirante Reis, dar nova centralidade à Praça do Chile, criar mais sombras, mais espaços verdes. A visão da coligação Viver Lisboa para a cidade é uma cidade inclusiva, coesa, solidária, mas é também uma cidade criativa, inovadora, uma sociedade que seja aberta à mudança, cumprindo e mantendo as suas tradições e os seus símbolos”.

Alexandra Leitão disse ainda que outra intenção da sua coligação é “mobilizar o equivalente a 1% do orçamento municipal para a cultura”, lembrando igualmente que “precisamos de espaços verdes, de poder atravessar esta cidade com uma mobilidade suave, precisamos de uma cidade em que o peão seja bem tratado, em que seja possível equilibrar, sim, o carro e os transportes públicos, mas que o peão seja bem tratado e o peão criança também, e que as crianças se sintam seguras para andar na rua e para chegar às escolas”. A candidatura quer ainda “fazer um estudo de carga turística” em Lisboa, para que seja possível “tirar conclusões, e não para restringir nem limitar, mas sim para tirar conclusões e melhorar. Nós temos que perceber se as nossas infraestruturas têm a capacidade para aquilo que lhes é pedido e se não tiverem, reforçar essa capacidade”, concluiu a antiga deputada e secretária de Estado.

Responder a vários desafios, entre eles a Habitação

Nesta apresentação, também discursou Laura Diogo, candidata número três à lista da Coligação Viver Lisboa à Junta de Arroios, que começou por referir que este programa “nasce de uma análise séria e profunda de desafios como a habitação, a higiene urbana, a mobilidade, a justiça social e das suas possíveis soluções. Para isso, fomos buscar as nossas referências, políticas públicas que já se provaram bem sucedidas e outros modelos mais inovadores que podem ser testados, mas também e sobretudo as potencialidades que este território e as suas comunidades, o seu comércio, o seu património, a sua cultura e as diferentes formas associativas que têm para o transformar”.

No entanto, lembrou, “este programa é também um processo e, numa coligação de diferentes forças partidárias de pessoas independentes, às vezes um processo é longo e é exigente. Os diferentes pontos de partida e de vista, as diversas áreas de saber, a partilha de preocupações, a procura por consensos e a capacidade de conseguir traçar prioridades comuns verdadeiramente transformadoras da nossa freguesia, são uma mostra de que há sabedoria coletiva e que esta surge do diálogo e de pormos as nossas ideias à prova por um território, pelas suas gentes e pelas nossas gentes”. Por isso, considera que programa retrata a visão comum de toda a equipa e será “aberta à comunidade, para ser construída por todos e todas”.

Para tal, estão previstas várias “sessões participativas de apresentação e escuta”. Laura Diogo reiterou também a vontade desta lista em dar novos usos a imóveis devolutos, bem como em reabilitar antigos equipamentos da freguesia. “São mais de sete hectares da nossa freguesia, no centro da nossa cidade, que poderiam servir para criar polos com habitação pública e acessível, residências universitárias, espaços verdes, culturais, desportivos e iniciativas de economia solidária, formando um novo centro da vida comunitária”. Na reabilitação da Avenida Almirante Reis, a candidata referiu que esta requalificação pretende tornar esta artéria numa “avenida verde e acessível, com mais segurança, mais árvores e sombras, melhores passeios e infraestrutura de transporte público e de mobilidade suave”, ao mesmo tempo que traz também à Praça do Chile uma “maior centralidade e conforto para as pessoas”.

Para além do projeto-piloto “Escolas Vivas”, a candidatura ‘Viver Lisboa’ à Junta de Arroios quer ainda apostar nas “ruas limpas e recolha eficiente de lixo, com espaços verdes, cuidados, bem iluminados, com casas de banho públicas abertas e espaços para convívio sem temer os carros”, bem como “no apoio ao direito à habitação pela via pública e cooperativa, à melhoria da nossa mobilidade com mais ciclovias e estações Gira, à revitalização dos nossos mercados e comércio local, à garantia de cuidados e apoio a cuidadores informais, novas vagas de creches, à resposta social para quem está em situações de vulnerabilidade, à criação de um conceito de segurança comunitária, ao apoio às coletividades e associações que todos os dias dão mostras de resistência e criatividade. Muito nos propomos a fazer, é certo, mas este muito é ainda assim apenas uma parte. Arroios pode e será um vislumbre de uma sociedade mais digna, mais solidária e progressista, recusando a narrativa do ódio e do racismo. Para mudar o mundo é preciso começar por algum lado, comecemos por Arroios”, concluiu Laura Diogo.

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