A Esquadra da PSP da Pontinha, em Odivelas, foi requalificada graças a uma parceria entre a Câmara e o MAI. Hugo Martins e a ministra da tutela inauguram o novo espaço, prometendo prosseguir com o esforço conjunto pela melhoria da segurança no concelho. A ministra Maria Lúcia Amaral comprometeu-se a dar mais meios às esquadras da PSP e Hugo Martins anunciou que a nova Esquadra “vai ter mais efetivos da PSP”.
O presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, presidiu à cerimónia de inauguração da reabilitação da Esquadra da Polícia de Segurança Pública da Pontinha, hoje, dia 20 de outubro. A inauguração contou com a presença da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, e com o diretor nacional da PSP, Luís Carrilho, entre outras autoridades.
A governante sublinha que “num tempo de tão profunda incerteza, precisamos de uma instituição sólida como a PSP. Num tempo como este, em que a realidade muda com a incerteza e a insegurança, precisamos, como nunca, de um serviço de polícia de proximidade e de lealdades aos valores fundamentais que nos guiam”.
A ministra sustentou que “um serviço tão nobre como a polícia” não pode ficar refém da falta de meios ou de insuficiência de efetivos para conseguir levar a cabo a sua missão.
Ministra compromete-se a continuar a colaborar com CMO
E adiantou que o MAI vai prosseguir com as políticas de parcerias com o poder local para reforçar a segurança nos municípios, enaltecendo a posição da CMO na promoção “do entendimento exemplar com a PSP”. Maria Lúcia Amaral comprometeu-se a “dar sequência ao entendimento com a autarquia”, fazendo cumprir “uma preocupação que não é retórica, de palavras, mas existencial, de todos os dias”.
Maria Lúcia Amaral reforçou ainda que o papel da PSP deve ser “valorizado”, até porque, “num tempo em que os valores democráticos são tantas vezes desafiados”, torna-se imperioso que uma instituição que “é fiel aos valores democráticos” não deixe de atuar “por ter falta de meios”.
Luís Carrilho reconhece “esforço” da tutela
No discurso protocolar, dirigindo-se à governante, Luís Carrilho, diretor nacional da PSP, reconheceu “o esforço do Ministério da Administração Interna na procura de melhores soluções para as questões de segurança”.
Neste momento “particularmente exigente” para todos os portugueses, a reabilitação das instalações da Esquadra da Pontinha constitui o apoio “inequívoco” da tutela para “um melhor serviço de segurança”.
Luís Carrilho agradeceu também o investimento na esquadra da Pontinha feito pela Câmara de Odivelas na concretização deste “projeto tão importante para a PSP e a comunidade que servimos”.
Em nome dos agentes que prestam serviço nesta esquadra, o diretor nacional da PSP comprometeu-se a honrar a “defesa da segurança e da liberdade” da população residente e as pessoas que circulam pela Pontinha e Famões.
Meios para garantir a Constituição
Luís Carrilho lembrou que o progresso de qualquer sociedade depende dos “níveis de segurança e do processo de salvaguarda do respeito pelos direitos fundamentais vertidos na Constituição”, sendo que a atividade da PSP “não se limita a fazer cumprir a lei, mas fazer da própria ação o motor privilegiado do desenvolvimento económico”, uma vez a economia está intimamente relacionada com a sensação “objetiva e subjetiva” de segurança percecionada por todos os cidadãos, empresários e investidores.
No mesmo âmbito, o líder máximo da PSP defende que a imagem de Portugal no estrangeiro “como destino de eleição” no setor do turismo está intimamente relacionada, “sobretudo”, como o “reconhecimento de Portugal como um destino seguro”, “capaz de oferecer uma segurança pública de qualidade”.
Para Luís Carrilho, o investimento “nas polícias” traduz o reconhecimento da sociedade no trabalho da PSP, que assegura o funcionamento das comunidades em segurança.
Policiamento de proximidade
Luís Carrilho sublinhou que o trabalho dos agentes da Pontinha permitiu diminuir a criminalidade geral, a violenta e a grave e aumentar as detenções este ano em relação ao ano passado.
Para o responsável, o investimento de 600 mil euros no equipamento, entre a Câmara e o MAI, vai permitir responder “às necessidades operacionais do efetivo desta esquadra”, responsável pela segurança de “mais de 35 mil cidadãos residentes” e que inclui zonas residênciais, mas também pontos que “exigem estratégias de posicionamento junto do comércio, dos transportes públicos ou no metro, onde diariamente circulam milhares de pessoas”.
O diretor nacional da PSP aproveitou para enaltecer o “alto grau de profissionalismo” dos agentes da Pontinha, que “têm um grau de operacionalidade muito relevante”, destacando “a diminuição da criminalidade geral, a criminalidade grave, bem como do aumento do número de detenções em 2025, comparativamente com 2024”.
Por isso, “sei que estas novas instalações irão fazer com que os agentes que aqui trabalham continuem a dar continuidade ao excelente trabalho que têm vindo a desenvolver”, concretamente no reforço do policiamento de proximidade na freguesia.
Cumprir desejo antigo da população
O presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, lembrou que a cerimónia teve um gosto especial, por ter sido realizada num local onde se gizou a Revolução do 25 de Abril, onde se derrubou a ditadura, e foi dado o primeiro passo para a implantação do Democracia e do “poder local democrático”.
Para o autarca, a requalificação e ampliação da Esquadra da PSP da Pontinha “era uma reivindicação há muito desejada pela população”, sendo a obra “um bom exemplo de complementaridade entre a Administração Central e a Local”.
“Eu costumo dizer: o Estado pode muito, mas não pode tudo. E é por isso que o município de Odivelas tem desenvolvido um trabalho de complementaridade com o Estado”, nomeadamente na área da Saúde, da Cultura e da Segurança, como a requalificação levada a cabo nesta esquadra.
“A Câmara colaborou com uma verba superior a 300 mil euros, mas representa para nós um investimento. Somos uma autarquia com as contas sólidas, que paga aos seus fornecedores, em média, a 12 dias e que, portanto, tem robustez para estabelecer prioridades. E a segurança é, neste momento, uma das prioridades mais importantes”.
Esquadra reabilitada e com condições para acolher as vítimas de violência doméstica
Hugo Martins considerou ainda que esta reabilitação representa, acima de tudo, melhores condições de conforto e de trabalho para os agentes da PSP que exercem a sua atividade naquela esquadra, mas também “melhores condições de proximidade com a população”. A este propósito, o edil recordou que a reabilitação desta esquadra vai permitir melhorar as condições para vítimas de violência doméstica que, antes, “não tinham um espaço condigno para serem recebidas e as proteger”.
Na visão do autarca, as obras na Esquadra da Pontinha vão permitir criar “melhores condições de atratividade para uma carreira na PSP”.
Divisão da PSP de Odivelas aguarda aprovação
Hugo Martins aproveitou para convidar a ministra da Administração Interna para visitar a futura Divisão da PSP de Odivelas, que estava no papel desde 2009, cujo projeto já está pronto, num investimento que ronda os 12 milhões de euros, mas ainda aguarda a aprovação do Tribunal de Contas.
O autarca refere que a Câmara vai investir 6 milhões de euros nesta mega esquadra, repartindo o investimento com o MAI, e é a prova de que a CMO “tem como prioridade a segurança no concelho”.
Confirmado o aumento de efetivos da PSP na Pontinha
Ao “Olhares de Lisboa”, Hugo Martins manifestou-se “muito satisfeito” com a inauguração, até porque a segurança “é um dos temas que está na ordem do dia”.
O autarca destacou o facto de, para além da reabilitação da Esquadra, a obra vai ampliar o espaço físico do equipamento, “uma medida há muito ansiada pela população”, que representa um investimento repartido entre a Câmara e o MAI de perto de 600 mil euros.
Hugo Martins reiterou que esta Esquadra “vai melhorar as condições de trabalho dos polícias, mas também melhorar as condições de atratividade para a profissão”, que, “pelas razões conhecidas”, estão a afastar os jovens da carreira nas forças de segurança.
O autarca defende que a reabilitação e ampliação da Esquadra da Pontinha vai muito além de uma mera operação de cosmética do edifício, pois a Esquadra antiga “só estava a funcionar em metade do espaço, a outra metade estava nitidamente degradada, não tinha uma sala digna para receber as vítimas de violência doméstica para reforçar o seu testemunho”.
Tratou-se de uma renovação e ampliação “que permite ter melhores condições de trabalho, permite ter mais agentes, permite ter mais policiamento de proximidade, que é isso que se pretende”.
Relativamente à construção da Divisão Policial de Odivelas, Hugo Martins confirma que a obra já está adjudicada, mas está a aguardar o visto do Tribunal de Contas. O autarca acredita que as obras serão iniciadas nos primeiros meses do próximo ano, 2026.
“Estamos a falar de uma megadivisão que inclui alojamentos para os polícias. Incluirá a divisão criminal, divisão de trânsito, toda a esquadra de Odivelas”.
Segundo previsões de Hugo Martins, a megadivisão da PSP de Odivelas, que ficará na zona da Ribeirada, estará ao dispor da população “a meio de 2027”.
Crimes violentos
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, a ministra da Administração Interna reconheceu que a recente onda de crimes violentos pode gerar um sentimento de insegurança exacerbado em relação à realidade.
“Há, de facto, algum aumento da criminalidade violenta, mas não é tanto quanto se ecoa a comunicação social, o que gera nas pessoas um sentimento de insegurança quanto à realidade que, nem sempre, coincide com o que efetivamente acontece”, afirmou Maria Lúcia Amaral, quando questionada sobre os cinco casos ocorridos na região de Lisboa.
Na última semana, a polícia registou cinco casos de pessoas baleadas: Um homem deu esta madrugada entrada no Hospital Amadora-Sintra com ferimentos de bala no joelho, depois de, no domingo, um outro jovem também ter sido deixado à porta do mesmo hospital com ferimentos no abdómen.
Na quarta-feira, na Cova da Moura (Amadora), um outro homem foi baleado na zona da barriga, mas já tinham ocorrido outros dois casos na terça-feira.
“A onda de crimes violentos que marcou a última semana tem de ser entendida no contexto que é o nosso, que é o de relatório rigoroso, quanto ao aumento efetivo de criminalidade e violência”, acrescentou a governante.
Sobre as críticas dos sindicatos da PSP, que têm exigido aumentos salariais e criticam o Governo por não ter incluído um reforço no Orçamento do Estado para 2026 que torne a profissão mais atrativa, a ministra garantiu estar a trabalhar nesse sentido. “Tem havido – como em muitas outras instituições e áreas do Estado – alguma dificuldade em chamar as novas gerações para integrar estas instituições que implicam compromissos de vida”, afirmou Maria Lúcia Amaral, considerando essa dificuldade “muito natural”.
“Hoje, a cultura juvenil é outra, porque o mundo também é outro e os jovens têm muito mais alternativas e hipóteses de escolha. O que estamos a fazer na PSP é perceber como é que vamos dignificar a função e condição policial de modo a que possa ser atraente também para as novas gerações”, acrescentou a ministra.
Camaratas e quartos para agentes deslocados
De acordo com a memória descritiva do projeto arquitetónico a que o OL teve acesso, o equipamento carateriza-se pela melhoria de condições técnicas e de conforto do edifício para as forças de segurança que utilizam o edifício quotidianamente, bem como para os cidadãos que necessitem de aceder aos serviços.
O edifício é constituído por dois pisos, rés-do-chão e 1.º andar.
O acesso público é feito através do rés-do-chão, sendo neste piso que se situam os diversos espaços funcionais da Esquadra, como sala de espera, wc, um gabinete de graduado de serviço, uma sala de expediente, uma nova sala de apoio à vítima, uma sala de notificações, um gabinete do supervisor operacional, um gabinete do adjunto, um gabinete do comandante e uma secretaria.
Possui também espaços de carácter mais restrito como uma sala dedicada ao Programa Integrado de Policiamento de Proximidade (PIPP) juntamente com salas de reconhecimento e de reuniões, entre outras valências.
Os agentes deslocados, vindos de outras zonas do país e que queiram pernoitar na Esquadra, podem ficar alojados no 1.º andar do edifício, para onde estão destinados os espaços de usufruto dos agentes, como os quartos, camaratas e respetivas instalações sanitárias e balneários e ainda espaços reservados a sala de estar e de refeições e a sua respetiva copa
NR: Notícia atualizada a 21 de outubro às 18.00 horas