O médico psiquiatra Lucas Manarte apresenta-se como candidato da coligação “Viver Lisboa” à presidência da Junta de Freguesia de Santo António. O jovem clínico, que é também professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, pretende construir uma freguesia “mais saudável e justa para todas as pessoas que nela vivem”.
No discurso de apresentação da candidatura “Viver Lisboa – Freguesia de Santo António”, no dia 21 de setembro, o candidato socialista lembrou que o local da apresentação, na Avenida da Liberdade, “é símbolo de um dos valores basilares da sociedade que construímos desde o 25 de Abril”, mas aproveitou para recordar que o mundo é atualmente um barril de pólvora a necessitar da resiliência de quem não se deixa amedrontar por todos aqueles que querem implodir a democracia.
“Não nos enganemos: o período histórico que vivemos exige atenção redobrada. O perigo da extrema-direita racista, violenta e autoritária está de volta e é isso que temos de combater. Por todo o mundo, com particular significado na América e na Europa, a internacional do medo organiza-se, financia-se, expande métodos e resultados. Aliada às novas tecnologias, vigia pessoas e mercadorias, controla fluxos de dados e manipula opiniões. Em demasiados países vemos hoje atos atentatórios dos direitos, liberdades e garantias serem praticados com impunidade. É nossa missão dar o exemplo de resistência, mostrar que a ação cívica é fundamental, inspirar quem nos vê com a nossa coragem, mas sem julgamentos quando ouvimos pessoas próximas cederem ao medo ou à resignação. A hora é de energia e de combate, com a alegria de quem sabe que está do lado certo da luta”.
Mas este combate, como sempre, “só terá sucesso se estivermos unidos, do Partido Socialista aos restantes partidos da esquerda. Não vale a pena estarmos preocupados com pontos e vírgulas. Este não é o tempo para fragmentações estéreis. Todos temos de fazer o nosso trabalho, porque todos os esforços serão necessários para as próximas décadas. Talvez a preservação da democracia seja o combate de uma geração. A par das alterações climáticas, é sem dúvida a questão central do nosso tempo”.
PSD “capturado pela extrema-direita”
Para Lucas Manarte, a situação política atual nacional não dará azo para grande tranquilidade, pois o PSD atual está refém do radicalismo de direita. “Não, amigos e camaradas, não se distraiam: a liderança atual do PSD não será parceira neste combate. Com um PSD capturado pela extrema-direita, sem programa alternativo e com medo do avanço dos partidos à sua direita, este combate terá de ser travado pelo PS. Ou o fazemos nós, em coligação, contra o bloco da direita portuguesa, ou não será feito. Mais uma vez, o Partido Socialista tem aqui uma chamada decisiva na sua história de 52 anos”.
O psiquiatra acredita que a mudança poderá começar nas eleições locais. “E que não se subestime a importância de uma eleição local. Face à escalada das forças reacionárias, saudosas dos calabouços da António Maria Cardoso, será em Lisboa que poderemos inverter o ciclo de recuo do campo democrático em Portugal. Agarremos esta oportunidade com unhas e dentes, com braços, mãos e pernas”.
Para Lucas Manarte, sob a liderança da Alexandra Leitão, “temos a oportunidade de começar em Lisboa uma mudança no país inteiro: fazer regressar a esperança onde há medo, fazer regressar a democracia onde há violência”.
Elogio da verdadeira empatia
Aos olhos do candidato, Alexandra Leitão é a pessoa certa para empreender a viagem rumo à mudança de que a cidade, o país, precisam. “Inteligente, informada, comprometida com o bem comum, Alexandra Leitão é a líder de que precisávamos em Lisboa. Acreditem, porque é palavra de psiquiatra: empatia não é tirar selfies nem dar pancadinhas nas costas. Empatia é saber ouvir e respeitar, perceber os outros mesmo nas necessidades não ditas; é não abusar das pessoas para fins eleitorais, como vemos outros políticos fazer por esse país fora. A Alexandra Leitão tem o impulso certo da vontade, a energia e as capacidades pessoais para construir uma equipa que faça da cidade de Lisboa uma cidade mais democrática, mais justa e mais habitada”.
“E como fazer esse combate se não com um programa sério e ambicioso? O único programa da direita é extrair lucros para os seus financiadores através do medo. Nunca tiveram outro programa. O nosso, pelo contrário, é construir uma sociedade com mais liberdade, mais igualdade e mais fraternidade”, aponta.
Equipa “pronta para responder aos problemas da freguesia”
O candidato em Santo António acredita na qualidade da sua equipa para mudar a freguesia. “Com uma equipa motivada e comprometida, vamos criar uma nova esperança para a nossa comunidade: mais proximidade, mais participação, mais vida”.
“Tenho comigo uma equipa competente, pronta a responder aos problemas da freguesia, com pessoas de várias idades. São homens e mulheres de diferentes formações, cujos perfis poderão conhecer na página da nossa candidatura. E o nosso mandatário é um homem de cinema e cultura, o Mário Barroso, que muito nos honra com a sua participação”.
De acordo com o candidato socialista, o seu programa “responde aos problemas da freguesia. A nossa prioridade será a criação de uma comunidade mais saudável, o que exige a promoção de políticas públicas em várias áreas diferentes”.
Propostas para mudar Santo António
Entre as principais propostas, o candidato quer garantir uma gestão mais transparente: “a nossa primeira medida será pedir uma auditoria independente à gestão da freguesia de Santo António, que é hoje vista como uma entidade pouco credível; promover a habitação “trabalharemos em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa para tornar os edifícios devolutos novamente habitáveis, lutando para que tantos prédios não fiquem vazios durante anos a fio; cuidar do espaço público “procuraremos reabilitar calçadas e passeios, limpar as ruas da freguesia e aumentar a periodicidade da recolha do lixo, plantar mais árvores e evitar arrancar as que existem de forma indiscriminada – como aconteceu recentemente no Jardim das Amoreiras, para choque da comunidade daquela zona da freguesia”.
É também objetivo investir na mobilidade. “Propomo-nos recuperar a carreira entre colinas e criar, em articulação com a CML e a Carris, transportes de curta distância na freguesia”, bem como melhorar os espaços de lazer. “Garantiremos a entrada gratuita para residentes no Jardim Botânico e recuperaremos a praia urbana do Torel”.
Gabinete de apoio na saúde
Na saúde, será criado um gabinete de apoio ao acesso aos serviços de saúde, “que ajudará os fregueses a contactar de forma mais eficaz com o SNS, a encontrar consultas e a exercer os seus direitos de utentes. Além disso, o gabinete informará os habitantes da freguesia acerca de diversos temas e auxiliará os cuidadores sempre que precisarem de apoio”. Paralelamente, será retomado o transporte gratuito de residentes aos serviços de saúde ou outros, se necessário.
Mas a saúde “não é só ir aos serviços de saúde”. “Comprometemo-nos também a reabrir a Universidade Sénior nos primeiros três meses de mandato”.
Guardas-noturnos e reconstrução do recinto do Passadiço
O candidato quer também “reforçar a proteção civil e a segurança”, apostando na colocação de guardas noturnos nas zonas mais vulneráveis da freguesia e na criação do programa “Um Bairro Prevenido Vale por Dois”, que realizará ações de formação sobre a prevenção de riscos e calamidades junto dos condomínios que quiserem aderir.
Não existe nenhum espaço desportivo público nesta freguesia. Mas Lucas Manarte quer mudar este cenário, propondo reconstruir o recinto do Passadiço, “um lugar icónico, que acolheu as instalações desportivas do Sporting –, dotando-o de uma nova cobertura, mas também criar espaços de desporto nos jardins da freguesia”.
Criação do Prémio Aquilino Ribeiro
O médico quer ainda pôr o foco da sua intervenção na cultura na freguesia. “A nossa aposta na cultura passará por abrir, em articulação com a Sociedade Nacional de Belas Artes, a Casa-Museu João da Silva, escultor cuja habitação está fechada com toda a sua obra. Apoiaremos também o projeto de expansão do Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva e a reabilitação da antiga Fábrica das Passamanarias das Amoreiras e criaremos programas de voluntariado para residentes junto de entidades culturais da freguesia, como a Cinemateca, a Fundação Medeiros e Almeida e outras”.
A freguesia de Santo António foi “casa” de muitas personalidades ilustres da cultura portuguesa. Para dar um novo impulso às referências culturais de Santo António, o candidato quer revitalizar a memória de nomes como Aquilino Ribeiro. “Propomo-nos também valorizar a história desta zona da cidade, lembrando Aquilino Ribeiro, que viveu na Rua do Carrião, criando um prémio literário com o seu nome e assinalando aquela morada; e Natália Correia, que viveu na rua Rodrigues Sampaio, local de tertúlias animadas, por onde passaram figuras ilustres como Mário Cesariny, Nikias Skapinakis, Cruzeiro Seixas, Isabel Meyrelles e tantos, tantos outros”.
Por tudo isto, o jovem médico pede um voto de confiança na sua candidatura, por entender que chegou a hora de criar uma nova cidade. “Apoiantes, camaradas e cidadãos da freguesia, de hoje para o futuro: é hora de mudar de política, de criar uma nova esperança que recupere a cidade para todos, de construir uma freguesia onde seja possível viver”, conclui.