“WayFinding” para facilitar a acessibilidade de pessoas invisuais na Gare do Oriente

A empresa Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) tem em fase de teste uma solução tecnológica de orientação para pessoas invisuais ou com visão reduzida, que junta um piso tátil e uma aplicação de leitura de códigos, num percurso acessível na Gare do Oriente.

No âmbito do Dia Nacional da Acessibilidade, a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML) apresentou ontem, dia 20 de outubro, na Gare do Oriente, o projeto piloto de “WayFinding”, uma iniciativa pioneira que visa testar novas soluções de orientação e mobilidade autónoma para pessoas invisuais ou com baixa visão em ambientes intermodais de transporte público.

O projeto resulta de uma iniciativa da TML, em parceria com o Metropolitano de Lisboa (ML), a Infraestruturas de Portugal (IP), o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) e a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), com o apoio técnico da SERTEC, e tem como objetivo “avaliar a eficácia e aplicabilidade de tecnologias de acessibilidade e navegabilidade em interfaces complexas, nomeadamente a instalação de piso táctil e códigos NaviLens, na Gare do Oriente, que permitem orientar os utilizadores entre o terminal rodoviário da Carris Metropolitana e os cais da estação Oriente do Metropolitano de Lisboa”, refere a TML.

Durante a sessão de apresentação, foram realizadas demonstrações práticas com pessoas invisuais, que testaram o percurso e partilharam a sua experiência com o novo sistema de navegação.

Avaliação da solução é feita no terreno

Este é um projeto piloto de carácter experimental, que está a ser desenvolvido há 1 ano e conta com a participação da ACAPO, foi concebido para avaliar a viabilidade e impacto real destas soluções no terreno, antes de uma eventual expansão a outras interfaces de transporte da Área Metropolitana de Lisboa.

“Queremos garantir que cada passo, no sentido da acessibilidade e navegabilidade, é dado com base em evidência e na experiência direta das pessoas que dela necessitam. O “WayFinding” deste projeto é um laboratório vivo, onde testamos se estas tecnologias são realmente mais-valias para a mobilidade das pessoas cegas”, sublinha Faustino Gomes, presidente da TML.

A empresa recorda que a sua preocupação máxima é com as necessidades das pessoas, pelo que a avaliação prévia é essencial para determinar qual o modelo mais eficaz e sustentável para promover a autonomia e segurança das pessoas com deficiência visual.

Conforme explica a TML, a implementação de soluções tecnológicas deste tipo implica “investimentos significativos pelo que devem ser testadas para se ganhar segurança de que cumprirão o seu objetivo: servir as pessoas”.

Parceria alargada entre operadores da mobilidade

O projeto resulta de uma estreita colaboração entre entidades públicas e associativas, reunindo diferentes competências e perspetivas no domínio da mobilidade e da inclusão.

“O Metropolitano de Lisboa tem vindo a reforçar o seu compromisso com a acessibilidade plena. Este projeto permite testar soluções inovadoras que, com as adaptações necessárias às características das estações e às necessidades dos utilizadores, poderão ser aplicadas em toda a rede. O objetivo é implementar, de forma progressiva, um sistema de acessibilidade universal e intemporal, alinhado com as melhores práticas e com medidas já em curso, como a sinalização tátil, a informação sonora, os sistemas digitais, e a colaboração com entidades especializadas”, referiu Sónia Páscoa, administradora do Metropolitano de Lisboa.

Já Nuno Neves, administrador da IP-Património, acredita que esta solução poderá contribuir para a compatibilização dos vários sistemas de transporte.

“Enquanto entidade gestora de infraestruturas, a IP valoriza estas parcerias que permitem compatibilizar acessibilidade e interligação com a restante envolvência, garantindo percursos inclusivos em todo o sistema de transportes”.

Por seu turno, Sónia Esperto, presidente do Instituto Nacional para a Reabilitação, destacou que o INR “congratula-se com esta iniciativa, lançada simbolicamente no Dia Nacional da Acessibilidade, que demonstra como a cooperação institucional pode gerar respostas concretas às necessidades das pessoas com deficiência”, destacou

O objetivo, por enquanto, é tornar a Gare do Oriente, em Lisboa, acessível a pessoas invisuais ou com baixa visão. Paulo Santos, presidente da delegação de Lisboa da ACAPO, refere que este projeto, apesar de ainda não estar operacionalizado, poderá abrir a porta a uma nova realidade na mobilidade dos utentes com problemas na visão.

“Encontrar o caminho”

Este projeto de “WayFinding”, que em tradução livre significa “encontrar o caminho”, propõe-se a testar a combinação de piso táctil e códigos NaviLens (marcadores visuais coloridos, semelhantes a um código QR, que usam uma aplicação móvel para fornecer informações a pessoas com deficiência visual), que podem ser lidos através de aplicações móveis (apps), fornecendo informações sonoras e visuais que orientam o utilizador de forma autónoma ao longo de todo o percurso entre o metro e o autocarro.

Os resultados deste projeto piloto irão servir de base à avaliação técnica e funcional destas soluções, contribuindo para definir futuras estratégias de investimento em acessibilidade e mobilidade inclusiva na rede metropolitana.

Fotos:Transportes Metropolitanos de Lisboa

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