O 1.º Encontro Nacional dos Itinerários Napoleónicos de Portugal, um evento organizado pela Rota Histórica das Linhas de Torres, em colaboração com as Entidades Regionais de Turismo do Centro, Porto e Norte, e de Lisboa, e com o apoio do Turismo de Portugal, vai realizar-se no palácio do Sobralinho, em Vila Franca de Xira, e tem como objetivo reunir e fortalecer a rede de Itinerários Napoleónicos em Portugal.
O Palácio do Sobralinho, em Vila Franca de Xira, acolhe nos dias 20 e 21 de novembro de 2025 o 1.º Encontro Nacional dos Itinerários Napoleónicos de Portugal, uma iniciativa promovida pela Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Invasões Francesas (RHLT), em parceria com as Entidades Regionais de Turismo de Lisboa, do Centro de Portugal e do Porto e Norte de Portugal e com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, que conta com o apoio do Turismo de Portugal.
O encontro propõe-se ser um fórum de diálogo estratégico, reforçando a rede Itinerários Napoleónicos Portugal como um instrumento essencial de valorização cultural, turística e territorial. O evento reunirá autarquias, entidades turísticas, investigadores, recriadores históricos e agentes culturais, promovendo uma visão integrada do património e da memória das invasões napoleónicas e da sua importância na identidade nacional e europeia.
O primeiro dia será dedicado a conferências, mesas-redondas e debates, com um programa que abre com uma abordagem histórica sobre o papel de Portugal nas Invasões Napoleónicas, destacando o impacto global da resistência nacional. Segue-se uma reflexão sobre o Itinerário Cultural Europeu “Destination Napoleon”, apresentada pela Fédération Européenne des Cités Napoléoniennes, entidade certificada pelo Conselho da Europa.
A manhã prossegue com exemplos de projetos de cooperação em rede no domínio do turismo cultural, como o Med-Routes, a Rota das Fortalezas Abaluartadas e a Rota dos Templários, evidenciando boas práticas de valorização patrimonial e colaboração intermunicipal.
Durante a tarde, serão debatidas estratégias para estruturar produtos turísticos associados ao património militar, bem como oportunidades de desenvolvimento turístico no contexto da rede Itinerários Napoleónicos Portugal.
Outros temas em destaque incluem a inovação tecnológica aplicada ao património, a criação de experiências turísticas inclusivas e as oportunidades de financiamento para projetos culturais e turísticos, com intervenções de representantes do Ministério da Cultura, Turismo de Portugal e Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
Ao último painel caberá a apresentação do Plano de Ação 2026 dos Itinerários Napoleónicos Portugal, promovida pelo Grupo Coordenador da rede nacional de parceiros dos Itinerários Napoleónicos Portugal, e uma intervenção da Rota Histórica das Linhas de Torres, que partilhará o seu modelo de governança e cooperação em rede como referência para o futuro alargamento da rota.
O dia termina com um momento de recriação histórica “Memórias em Cena: Ecos das Invasões Francesas” e uma exclusiva experiência gastronómica inspirada na época assinada pelo Chef André Oliveira.
No segundo dia, os participantes terão a oportunidade de realizar um percurso imersivo por alguns dos territórios dos Itinerários Napoleónicos, onde a memória das Invasões Francesas se cruza com o património militar, cultural e gastronómico. O percurso inclui visitas ao Forte do Alqueidão, Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, almoço de época no restaurante Moinho do Paúl e visita ao Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas, numa jornada onde história, paisagem e gastronomia se entrecruzam.
Uma Rede histórica com Futuro
O I Encontro Nacional marca o início do trabalho em rede para a concretização do Protocolo de Colaboração entre mais de três dezenas de municípios, Entidades Regionais de Turismo, CIM Coimbra e Turismo de Portugal, celebrado em março de 2025, que visa estruturar, de forma concertada e à escala nacional, a oferta cultural e turística associada à passagem das tropas napoleónicas por Portugal.
A iniciativa procura consolidar o turismo cultural sustentável, promover a cooperação em rede e valorizar as comunidades locais que preservam esta memória, reforçando a ligação entre história, turismo e identidade cultural.
Os Itinerários Napoleónicos são percursos turísticos relacionados com a Terceira Invasão Francesa que teve origem em julho de 1810 e terminou em abril de 1811. No início do século XVIII, a história da Europa foi marcada pelas guerras napoleónicas que, lideradas por Napoleão Bonaparte, tinham como objetivo transformar a França no grande império europeu. Na tentativa de travar as ambições expansionistas, as potências europeias criaram coligações, o que leva Napoleão a decretar, em 1806, o Bloqueio Continental que proíbe a entrada de navios ingleses nos portos europeus.
Portugal, vinculado por uma antiga aliança com Inglaterra, que ligava os dois países desde o século XIV, não cumpriu e manteve os portos e o comércio abertos a Inglaterra. Como consequência, o exército francês invade o país e D. João VI e a corte portuguesa fogem para o Brasil. A Inglaterra, na ausência de liderança política e militar em Portugal, enviou o General Wellesley, Primeiro Duque de Wellington, para chefiar o país contra os invasores. No território nacional, a Terceira Invasão Francesa Começou em Almeida e prosseguiu para o Bussaco, e terminou nas Linhas de Torres Vedras, de onde os invasores se retiraram, derrotados, culminando assim com o fim das Invasões em Portugal.
Após duas tentativas, deu-se uma terceira invasão francesa no início de 1810, sob o comando do Marechal André Masséna, que entrou em Portugal através da região nordeste, conquistou Almeida e tencionava marchar em direção a Lisboa, mas foi intercetado pelas forças aliadas e derrotado na Batalha de Bussaco a 27 de setembro de 1810. Os franceses chegaram às Linhas de Torres Vedras, revelando-se uma barreira intransponível esperavam por reforços e provisões que nunca chegaram. Massena teve de se retirar novamente para Espanha perseguido pelos aliados, pondo fim à terceira invasão, em 1811. Ainda na retirada, aconteceram diversos conflitos com alguma dimensão, entre as quais a batalha de Casal Novo em Condeixa-a-Nova e o combate de Foz de Arouce, Lousã.



