A Câmara Municipal de Oeiras organizou a 3º Edição do “Dia da Democracia”, uma iniciativa que pretende envolver a juventude do concelho nos processos democráticos, valorizando a participação ativa da juventude no debate de ideias e de conceitos políticos. Conversámos com dois alunos sobre a importância da iniciativa para as suas vidas. Dora e Miguel revelaram uma inusitada maturidade, demonstrando que Oeiras tem uma juventude brilhante que irá certamente concretizar um novo ciclo de desenvolvimento no território.
Terceira edição do “Dia da Democracia” em Oeiras, com uma edição especial dedicada às eleições Presidenciais, reuniu 700 alunos das escolas do município, que foram ouvir as propostas dos candidatos almirante Henrique Gouveia e Melo, António José Seguro, Luís Marques Mendes, João Cotrim Figueiredo, Catarina Martins, Jorge Pinto, André Ventura, André Pestana e Joana Amaral Dias.
Com organização da Câmara Municipal de Oeiras, tratou-se de uma única sessão, realizada no Taguspark no dia 11 de dezembro, onde a comunidade escolar ficou a conhecer, com maior profundidade, os candidatos às eleições Presidenciais de 2026. Além das apresentações formais, os candidatos tiveram conversas individuais com cada candidato, bancas informativas e um quiz sobre política.
O Município de Oeiras enaltece o interesse demonstrado, com mais de 700 alunos inscritos, reforçando a relevância da participação dos jovens na vida democrática, sendo que as inscrições, que decorreram até ao dia 23 de novembro, atingiram a lotação máxima.
Em defesa dos valores da democracia
Dora Freire, de 17 anos e estudante da Escola Secundária Sebastião e Silva, em Oeiras, está acompanhada de um grupo de amigas da mesma instituição de ensino, conversando sobre o desenrolar da iniciativa.
Em declarações ao nosso jornal, a estudante agradece a realização da iniciativa à Câmara Municipal de Oeiras, pois está prestes a entrar na vida adulta, e “são acontecimentos como este que contribuem para formar a consciência política” necessária para quando for votar, pela primeira vez, nas próximas eleições.
Dora Freire refere que ainda não tem uma posição concreta relativa a partidos políticos, mas assume rever-se nos valores “da democracia, da igualdade e da fraternidade” e esclarece que o mundo e o nosso país precisam de políticos que “se preocupem com as pessoas”, isto é, políticos “humanistas” e “não aqueles que dividem para reinar”.
A jovem de Oeiras assume ter “achado piada” ao discurso do candidato André Pestana, pois o independente “defende os valores com os quais me identifico”, nomeadamente a defesa dos mais carenciados.
Olhando para sua vida daqui a uns anos, Dora antevê um futuro “difícil” para a sua geração, mas não perde a esperança. Ou não fosse ela toldada pelos valores da solidariedade humana. “Acredito que não vai ser fácil para nós. Mas temos de nos unir e seguir em frente, ajudando-nos mutuamente”, sentencia, sorrindo.
Urgência na retenção do talento dos jovens
Miguel Raposo tem apenas 15 anos, mas um discurso bem articulado, sabendo quais as portas que quer abrir e aquelas que não pretende transpor. Aluno da Escola Santana Castilho, em Miraflores, refere que esta iniciativa “é uma verdadeira escola política” para a juventude de Oeiras.
“Este encontro é um acontecimento muito positivo e do qual retiramos muito conhecimento. Reúne alunos de todo o concelho e serve para aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre a política do país, que, no fundo, rege toda a nossa vida”, sublinha.
Miguel Raposo considera, aliás, que este género de iniciativas ajuda a germinar as ideias dos jovens e, também, a conseguirem destingir o trigo do joio no que diz respeito às propostas políticas que estão em cima da mesa.
Apesar de apreciar e reconhecer o valor do trabalho dos políticos, o jovem estudante não se vê a enveredar pela carreira política. Mas isso não significa que, mesmo aqueles que não querem fazer da política profissão, se alheiem do debate de ideias e de visões distintas para a sociedade. “Hoje, aprendi imenso com as pessoas que vieram aqui apresentar as suas visões. Debati com os meus amigos as diferentes perspetivas e as ideologias que estão por detrás dos discursos. Está a ser um dia muito rico e que vou levar para o meu dia a dia”, sublinha.
Humilde, mas firme, Miguel Raposo ainda não tem uma posição politicamente definida, mas lamenta que não haja atualmente um sistema político que “consiga reter os jovens no mercado de trabalho, obrigando-os a emigrar para terem um futuro”.
“O Estado investe muito dinheiro para formar as pessoas. Mas, depois, não consegue arranjar forma de lhes dar condições de vida. Os jovens não conseguem pagar uma casa, não têm segurança financeira e são ‘empurrados’ para fora. É uma pena! Há toda uma geração, muito bem formada, que está a ir embora e, com isso, a empobrecer o país”, sustenta.





