Dia da Restauração marcado com incidente com Marcelo

A Praça dos Restauradores recebeu esta segunda-feira de manhã a cerimónia do 1.º de Dezembro, organizada pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), assinalando os 385 anos da Restauração da Independência. A cerimónia ficou marcada com um pequeno incidente entre o grupo da extrema-direita Portugueses Primeiro e o  Presidente da República e pelo discurso de Ribeiro e Castro, que admitiu embaraço por ter votado na AD.

Na última cerimónia da Independência do Presidente Marcelo Rebelo e Sousa, foi o presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal quem fez história. Ribeiro e Castro não escondeu a mágoa pelo desinvestimento do poder político na instituição a que preside e, além de criticar a ausência do primeiro-ministro nas celebrações do 1.º de Dezembro, confidenciou sentir culpa por ter votado na AD.

Uma mágoa que o ministro da Defesa, que esteve em representação do Governo, e que é oriundo do mesmo partido político de Ribeiro e Castro, ignorou.

Depois de exaltar o patriotismo e o ensejo de liberdade manifestado pelos conjurados, Nuno Melo aproveitou o discurso para enaltecer o papel das Forças Armadas e anunciar uma decisão do Governo que as envolve.

Na cerimónia, Carlos Moedas afirmou, por seu turno, que a leitura da História requer equilíbrio e citou Jaime Cortesão ao dizer que “os grandes homens são tanto mais representativos quanto melhor encarnam e orientam as necessidades e aspirações coletivas”.

O autarca referiu que o 1.º de Dezembro marcou o momento em que os conjurados voltaram a representar a população, depois de um período em que “as elites políticas tinham levado o país ao domínio dos Filipes”.




Bom senso

Carlos Moedas defendeu, ainda, a importância da coragem, defendendo que na política é necessário “não ter medo de ir contra o que parece conveniente”, salientando a importância do bom senso na política e da proximidade com os eleitores, para logo a seguir elogiar o Presidente da República.

Do ponto de vista de Carlos Moedas, o “1.º de Dezembro é uma lição sobre liderança, autonomia e identidade. A liderança política entrega concretizações, deixa resultados. A autonomia dá-nos a capacidade para transformar a sociedade, sem a dependência de outros. A identidade distingue-nos através da nossa cultura. Passados 384 anos, são estes os valores que implementamos na gestão camarária. Viva o 1.º de Dezembro! Viva Lisboa! Viva Portugal!”

A cerimónia contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, em representação do Primeiro-Ministro. Incluiu a deposição de flores no obelisco dedicado aos que combateram pela Restauração da Independência.

Início da Casa de Bragança

A SHIP recorda que a revolta de 1640 pôs termo a seis décadas de domínio filipino e levou à aclamação de D. João IV, iniciando a Casa de Bragança. A Guerra da Restauração prolongar-se-ia até 1668, quando o Tratado de Lisboa consolidou a soberania portuguesa.

A 1 de dezembro de 1640, Portugal testemunhou um momento histórico crucial. A Revolta de 1640, como ficou conhecida, foi o culminar de uma série de descontentamentos em Portugal.

A crise de sucessão ao trono português, após a morte de D. Sebastião em 1578, levou à ocupação espanhola. Foi o início da Dinastia Filipina.

Durante o período de domínio espanhol (1580-1640), a população portuguesa enfrentou uma série de desafios e dificuldade, como a perda da autonomia política e cultural, pesados impostos e a presença constante de autoridades estrangeiras.

A incapacidade de Espanha resolver problemas internos e externos, como a Guerra dos Trinta Anos, foi aproveitada pelos portugueses para recuperar a independência.

Liderados pela nobreza e apoiados por uma parte significativa da população, os portugueses conspiraram para proclamar a independência em 1 de dezembro de 1640. D. João IV foi aclamado como o novo monarca, marcando o início da quarta dinastia, a Casa de Bragança.

Curiosidades

O dia 1 de Dezembro é o feriado civil mais antigo ainda em vigor, desde a segunda metade do século XIX. Foi comemorado também durante a Primeira República e o Estado Novo.

Até que, em 2012, o Governo social-democrata do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho determinou o fim deste feriado a partir de 2013.

No ano de 2016, o Governo socialista de António Costa decretou a reposição do feriado.

Foto: Arquivo OL

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