Grupo de Teatro Maria Maluca, de Loures, vai levar à cena uma peça que conta a história do personagem que inspirou este coletivo de atores a criar este grupo. A lavadeira “Maria Maluca”, mulher de mau-feitio, era temida pela criançada da época, mas representa muitas outras “marias” desse Portugal pobre e atrasado, que trabalhavam de sol a sol para sobreviver.
Em meados do século passado, mesmo no centro de Loures, viveu uma mulher cujo nome foi esquecido e substituído por “Maluca”. Os miúdos, entre si, avisavam: “Não vás ao Campo da Maluca, cuidado com a Maluca…” Mas afinal quem foi a “Maluca”?
Conforme explica a companhia, este espetáculo resulta da investigação sobre a vida da mulher que veio a dar, popularmente, o nome de “Campo da Maluca” ao atual Largo Marcos Romão dos Reis Júnior e, consequentemente, o nome ao Teatro.
A mulher que ficaria conhecida como “Maria Maluca” ficaria na memória de todos os lourenses, e de quem ainda falam com entusiasmo, recordando o temor da infância face aos encontros com esta senhora.
O grupo de teatro “Maria Maluca” investigou a história da “Maria”, conversando e convocando as gentes de Loures para esta pesquisa. “Chamavam-lhe ‘Maluca’” pela forma particular como se zangava com os rapazes que jogavam à bola no descampado junto à sua casa”, comportamentos que teve um grande impacto na memória coletiva.
Mas quem foi esta mulher? “É entre a memória e o mito que nasce este espetáculo que nos fala desta — chamemos-lhe ‘Maria’? — mas também de tantas outras Marias por essas terras fora”.
As “marias” esquecidas do sistema
Foram muitas as “Marias” que lutaram contra a pobreza, “que trabalharam de sol a sol e que se irritaram com os rapazes que sujavam os lençóis, que tanto trabalho lhes dava lavar. Maria era lavadeira, como muitas mulheres da região saloia. Solteira, solitária, rabugenta e malcriada”.
Mas a peça é, acima de tudo, o retrato de um país pobre, “onde os mais frágeis são esquecidos e deixados à sua sorte, mas também é o retrato de quem traçou o seu caminho, independentemente das pressões sociais. Com este espetáculo queremos falar da vida em comunidade e da emancipação da mulher, apelando à reflexão sobre o contexto mundial em que vivemos, alertando para a urgência em combater as desigualdades de género, bem como, as desigualdades de todos os géneros”, anota a companhia.
Com encenação de Hugo Sovelas, que escreveu a peça a duas mãos com a atriz Maria João Miguel, sob ao palco nos dias 6 dezembro 21h – G. U. Lebres (A-das-Lebres), 7 dezembro 16:30h – G. U. Lebres (A-das-Lebres), 20 dezembro 21h – Teatro da Maluca (Loures) e 21 dezembro 16:30h – Teatro da Maluca (Loures).
A entrada livre, mas sujeita à lotação da sala. Reservas: geral@teatrodamaluca.com / 91 850 34 97 geral@teatrodamaluca.pt





