Moradores do Lote 540 em Marvila vivem sem elevadores há mais de um mês em condições degradantes

Os moradores do Lote 540, no Bairro do Condado, Marvila, estão há mais de um mês sem que qualquer um dos três elevadores do prédio municipal funcione, numa situação que se prolonga com falhas graves em várias infraestruturas habitacionais, conforme constatado numa visita realizada a 12 de Dezembro com cerca de 20 moradores e diversos representantes políticos locais.

Na visita, promovida pela Comissão de Moradores de Marvila (CMM) e pela Comissão de Utentes Saúde Marvila (CUSM), foram constatadas múltiplas deficiências que agravam as condições de vida e segurança dos residentes. Além da indisponibilidade dos elevadores – incluindo um que aguarda inspeção há mais de seis meses e outro que só iniciou reparação no dia anterior –, foram identificadas falhas como intercomunicadores inoperacionais há seis anos, porta de acesso ao prédio avariada e caixas de correio inseguras.

De acordo com os promotores, a degradação do edifício estende-se a infiltrações generalizadas, rupturas e fissuras nas paredes, incluindo no interior dos apartamentos e áreas comuns como a lavandaria das lojas, bem como ausência de escoamento de águas pluviais nas varandas que resulta na infiltração de água para o interior e para os poços dos elevadores. As escadas interiores apresentam superfícies escorregadias e perigosas em dias de chuva, causando quedas.

Os espaços técnicos encontram-se com acesso livre, expondo os quadros eléctricos a potenciais usos indevidos. Em paralelo, há evidências de degradação em vários pontos elétricos e ausência de iluminação pública em diversas zonas, assim como sinais de fugas de gás na área exterior do quinto andar.

O portão de acesso ao telhado está bloqueado, criando entraves em situações que requerem intervenção urgente, como operações dos bombeiros. Além disso, a caixa do contador de água comum permanece fechada, impedindo a sua utilização para limpezas gerais do prédio, tarefa que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Gebalis não asseguram, apesar de ser sua responsabilidade. A manutenção da rede de abastecimento de água às lojas é improvisada, com um tubo plástico provisório pendurado na fachada, apesar da existência de um tubo metálico instalado há anos.

Também foi exibido um apartamento bloqueado pela CML e Gebalis, que não é disponibilizado a quem dele necessita, numa altura em que a carência habitacional é expressiva.




Na visita estiveram presentes vereadores municipais do PCP, BE, PS, e da Assembleia de Freguesia de Marvila, além de moradores, tendo sido entregue um requerimento dirigido ao presidente da Câmara, Carlos Moedas, reclamando respostas urgentes para a situação dos elevadores.

Um dos moradores destacou: “Esta realidade, que a todos envergonha, foi dada a conhecer a todos os participantes”. A Comissão de Moradores e a Comissão de Utentes Saúde afirmaram que vão continuar a dar visibilidade a este quadro degradado, exigindo “a reabilitação habitacional que Marvila merece”.

Os moradores planeiam levar esta problemática à reunião pública da Câmara, marcada para 18 de Dezembro, onde exigirão respostas imediatas que devolvam dignidade habitacional a todos os residentes do lote 540. Os eleitos presentes comprometeram-se também a intervir perante as instituições municipais e locais para mitigar esta situação.

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