Os estudantes do Iscte têm uma nova residência universitária à sua disposição. Localizada num edifício contíguo ao Mosteiro de Odivelas, onde jaz D. Dinis, o edifício foi cedido pelo Município de Odivelas e apresenta um novo modelo de residência, focado no contacto com a comunidade. O edil Hugo Martins considera que este edifício se enquadra no objetivo de trazer para Odivelas uma nova dinâmica económica e intelectual.
O Iscte – Instituto Universitário de Lisboa inaugura hoje, dia 16 de dezembro, uma nova residência universitária em Odivelas. Trata-se de um novo modelo de residência universitária para proporcionar aos estudantes uma experiência académica com mais intensidade científica e maior contacto com a comunidade.
O novo espaço para atividades de ensino e de investigação tem 204 camas e ocupa a área histórica do Mosteiro de Odivelas, onde está sepultado o rei D. Dinis.
A residência universitária do ISCTE tem 100 quartos simples e 52 quartos duplos, num total de 204 camas. A empreitada de adaptação e qualificação do edifício existente foi iniciada em novembro de 2023 e representa um investimento de 9,5 milhões de euros, financiado com 7,6 milhões (mais IVA) de verbas do PRR (mais IVA). A cedência de utilização do espaço pela Câmara Municipal de Odivelas ao ISCTE tem a duração de 50 anos.
Modelo “inovador” de residências universitárias
Já estão em funcionamento metade das camas, sendo que as restantes irão sendo progressivamente ocupadas até ao final do ano letivo. No início das aulas para 2026-2027, a residência já estará em pleno funcionamento.
“O que o Iscte e a Câmara de Odivelas montaram em conjunto é um modelo muito inovador de residências universitárias que irá proporcionar aos estudantes um novo tipo de experiência académica e, à comunidade, uma interface muito acessível ao ensino superior e a atividades científicas”, afirma Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do Iscte.
“A residência será palco de programas especiais com estudantes internacionais, terá cursos intensivos no âmbito do Programa Erasmus.
Segundo a reitora e ex-ministra da Educação, “no futuro os estudantes residentes habituais irão também participar em estágios na autarquia e colaborar em atividades da biblioteca, do museu e da escola de música que irão funcionar no mesmo complexo patrimonial”.
Para além deste espaço, está ainda prevista a instalação de outras valências, tais como o Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas, serviços da autarquia, um parque urbano, que já estão em fase adiantada de construção.
Cumprir o desígnio metropolitano
A 11 de janeiro de 2024, a Câmara Municipal de Odivelas realizou uma visita à residência, acompanhada pela então ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato e ainda pela presidente da CCDR Lisboa e Vale do Tejo, Teresa Almeida.
De acordo com as declarações da reitora na data, esta obra “tem um particular significado para o ISCTE, porque foi talvez o primeiro projeto que pensámos para melhorar as condições de aprendizagem dos 13 mil alunos” que frequentam esta universidade. “O ISCTE não tem praticamente residências” universitárias.
A ideia de instalar esta residência no Mosteiro de Odivelas partiu do ISCTE, que assinou um contrato de colaboração com a Câmara Municipal de Odivelas (CMO), com a duração de 50 anos. “Foi o primeiro projeto pensado para este espaço”, prosseguiu Maria de Lurdes Rodrigues, lembrando que, com a existência desta residência, “estamos a cumprir o desígnio metropolitano”. “O facto de estarmos no centro de Lisboa é um privilégio, mas a forma como estamos tem de ser outra”. Ou seja, para a antiga ministra da Educação, não basta apenas olhar para Lisboa, mas também “para todo o território da Área Metropolitana de Lisboa (AML)”.
Recorde-se que, para além desta residência, está ainda prevista a instalação de outros serviços no Mosteiro de Odivelas, nomeadamente o Conservatório de Música D. Dinis, o Instituto de Lisboa e Vale do Tejo (ISCE), o Centro Interpretativo do Mosteiro de Odivelas (CIMO) e diversos serviços da autarquia, como por exemplo um refeitório, um auditório, entre outros, a que se junta um Parque Urbano – obras que já estão em fase de avançado desenvolvimento. No total, serão mais de 25 mil metros quadrados que irão ganhar uma nova vida, dando uma nova centralidade a esta zona histórica de Odivelas.
Em declarações ao “Olhares de Lisboa”, o presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Hugo Martins, disse que houve o cuidado de não transformar “este espaço em mais um hotel, mas sim uma casa para a cultura e para a educação”. Por isso, e graças ao contributo dos “parceiros certos”, foi possível concretizar este objetivo. Na perspetiva do autarca, o novo Mosteiro de Odivelas permitirá criar “uma coesão territorial entre Odivelas nova e Odivelas antiga, trazendo uma terceira reencarnação a este espaço”.
Hugo Martins destacou ainda que “este é mais um passo que damos” na revitalização do Mosteiro.
Este espaço, desde 2019, tem vindo a sofrer várias intervenções de requalificação, nomeadamente na igreja e no túmulo onde está sepultado o Rei D. Dinis, com recurso a fundos comunitários.
Nova dinâmica económica e intelectual para Odivelas
A residência do ISCTE, acrescenta o edil, irá trazer ainda “um polo e um centro de investigação. O que é importante, não só para cumprir um desígnio do país, mas também para o concelho de Odivelas, pela dinâmica, pela vida económica e intelectual que irá trazer a este espaço”.
A residência universitária do ISCTE está instalada no espaço onde se localizavam as camaratas do antigo Instituto de Odivelas, escola militar feminina que encerrou em 2015, e que, em 2019, foi adquirido pela CMO. Agora, passa a ser ocupado pelos estudantes universitários da supracitada instituição de ensino, convertendo um espaço que estava devoluto num renovado ponto de atração para a comunidade universitária.












