A frente ribeirinha de Lisboa «chama» cada vez mais por lisboetas e estrangeiros. É o caso de Alcântara que continua a «aguçar o apetite» de quem quer investir, nomeadamente os chineses da EMGI.
Desde o final de julho há mais um motivo para ir para perto do rio. No último final de semana de cada mês, a Gare Marítima de Alcântara abre as portas ao público para mostrar os murais pintados por José de Almada Negreiros, inspirados no Tejo e nas suas fainas e nas lendas portuguesas.
Estas visitas vão permitir apreciar a arquitetura do final dos anos 30 projetada por Pardal Monteiro e as pinturas – com técnica de pintura mural a fresco – do mais famoso pintor modernista português, Almada Negreiros.
É, por tudo isto, que se pode afirmar: Alcântara é uma freguesia com várias nuances, seja a faceta humana, a arquitetura ou a paisagem. Junto à linha de comboios, o rio e a ponte 25 de Abril dominam a paisagem. Mas, é também nessa zona, que se localiza a zona mais moderna e dinâmica da freguesia; as Docas de Alcântara que, em tempos, já foram locais privilegiado de diversão noturna. É também aqui, que se situa a zona residencial mais moderna da freguesia, entre as estações de Alcântara-Mar e Alcântara- Terra e o comércio mais recente.
Investimento estrangeiro
Numa outra área da freguesia, está a zona mais envelhecida, onde o comércio tradicional convive com os novos estabelecimentos. Também aqui se situa um dos pontos mais dinâmicos e inovadores de Alcântara, a Lx Factory.
Por isso, são muitos os pontos de interesse, numa freguesia também marcada pelo envelhecimento da população e por queixas em relação ao preço da habitação.
E, são todas estas “nuances” que levaram os chineses do EMGI a investirem em imobiliário em Alcântara. De facto, o MGI Group comprou a Encosta da Tapada, em Alcântara, e prevê aí investir 300 milhões de euros. O projeto abrange uma área de 120 mil metros quadrados, envolvendo a construção de 550 apartamentos para habitação.
A freguesia
Durante o século XX muita coisa mudou em Alcântara, influenciando o futuro da freguesia, designadamente após a arborização do Parque Florestal de Monsanto (1937); a construção do Bairro do Alvito (1936 – 1937), da Estação Marítima de Alcântara (1943), da Avenida de Ceuta (1944 – 1951) e do Pavilhão da FIL (1957); a inauguração do Estádio da Tapadinha (1945).
Nos últimos anos tem-se assistido a um decréscimo da população residente muito por causa do envelhecimento dos habitantes e também por causa do deslocamento para a periferia da cidade.
A freguesia tem vários monumentos e locais de interesse a visitar, nomeadamente a Quinta do Monte do Carmo; Edifício da Administração do Porto de Lisboa ou Palacete Ponte ou Palacete dos Condes da Ponte; Capela de Santo Amaro (Alcântara); Palácio Sabugosa; Palácio Burnay ou Palácio dos Patriarcas; Quinta das Águias ou Quinta de Diogo de Mendonça ou Quinta do Visconde da Junqueira ou Quinta do Professor Lopo de Carvalho ou Quinta dos Côrte-Real; Igreja de São Pedro em Alcântara; Palacete dos Duques de Saldanha.
Rendas de casas um drama…
São todas estas razões que levam Carla Sofia Gomes, de 30 anos, empregada doméstica, da Rua de Alcântara, a considerar que Alcântara é «um bom sítio para viver», salientando que, em termos de segurança, «está muito melhor do que há 20 anos atrás». Segundo Carla Sofia, a freguesia «tem muita oferta de restauração», realçando que, «em termos de emprego também há muita oferta».
De momento, afirma: «não vejo nada que esteja a fazer falta. Por exemplo, a junta de freguesia criou um transporte especial para os idosos irem ao centro de saúde, porque houve uma mudança do centro de saúde para outra freguesia».
Apesar de salientar que a junta tem feito obras para criar mais estacionamento, Carla Sofia afirma que, caso fosse presidente de junta, «preocupar-se-ia «com as rendas de casas. Porque há muita procura, as rendas estão a aumentar e, desta forma, estão a tirar as pessoas das casas, como é o meu caso. Acabei por comprar fora de Lisboa por causa disso».
Moradora em Alcântara há mais de 20 anos, Maria Paula, de 54 anos, da Rua Padre Adriano Botelho, considera que o presidente da junta «tem feito coisas de cinco estrelas», mas, se fosse presidente de junta, «dava mais apoio às pessoas de idade. Quando posso também dou esse apoio».
Estacionamento precisa-se
Mafalda Troncada, de 64 anos, reformada, vive na Rua Leão de Oliveira há 30 anos, admiradora do atual presidente da junta, faz questão de referir que, na freguesia, existe tudo: «temos cafés, supermercados, áreas de lazer e entretenimento e, essencialmente, posso levar, a pé, os meus netos ao parque».
Contudo, ao contrário de muitos lisboetas, Mafalda Troncada considera que «fazem falta parquímetros. Temos poucos lugares para parar o carro, mas, mesmo assim, quem é do bairro safa-se melhor».
A história de Maria Elvira Figueiredo, de 83 anos, reformada, da Rua 1º de Maio, é totalmente diferente. «Não conhecia bem a zona, só de passagem. Agora vivo aqui há três anos, numa residência assistida», confessa.
Amante de passear à beira rio, Maria Elvira sublinha; «Há muito comércio e existem muitos transportes, para quando a pessoa quer ir a outros locais. Não existe nada que faça falta».
Atrair investidores
João Oliveira, de 31 anos, diretor administrativo e financeiro na Rua da Junqueira, é perentório: «É uma ótima zona para trabalhar. Tem transportes e acessos, além de ter uma vista muito boa».
Do ponto de vista de João Oliveira, o «ponto mais atrativo acaba por ser a restauração, com muitos restaurantes com zona de esplanada, onde se pode jantar ou tomar uma bebida».
Considerando que as coisas «na freguesia estão bastante estruturadas», João Oliveira pensa, contudo, que se «deveria cativar mais investimento no setor imobiliário. porque existem muitos prédios, que podem servir para atrair empresas ou startup´s, de forma a criar mais emprego». Nenhum campo encontrado.