Encerrado há um ano, o Jardim Botânico Tropical reabre este sábado. A Universidade de Lisboa faz a festa com dois dias de atividades para toda a família. A entrada é grátis e promete visitas guiadas, música, dança, desenho e street food.
O Jardim Botânico Tropical reabre sábado ao público agora, após o término da primeira fase do Programa de Recuperação e Beneficiação que prevê não só uma Intervenção Paisagística como também do património edificado. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina vai estar na cerimónia de reabertura ao público do Jardim Botânico Tropical, (JBT), da Universidade de Lisboa.
O jardim encerrou para obras de reabilitação há precisamente um ano. É de assinalar que no dia da sua reabertura pós-reabilitação se comemoram também os 114 anos da sua inauguração em 1906, por decreto régio, no contexto da organização dos serviços agrícolas e do ensino agronómico coloniais no Instituto de Agronomia e Veterinária, sendo denominado então Jardim Colonial de Lisboa.
O Jardim Botânico Tropical, criado em 25 de janeiro de 1906 por decreto régio, então com a denominação de Jardim Colonial, tem cerca de cinco hectares e fechou portas em janeiro do ano passado para a primeira de quatro fases de reabilitação. O vice-reitor da Universidade de Lisboa, José Pinto Paixão, explicou que estas foram as primeiras grandes obras de reabilitação desde a década de 1940.
As seguintes fases, segundo José Pinto Paixão, estão programadas para os próximos anos – algumas deverão começar em breve, mas já não vão obrigar ao encerramento do Jardim.
«Foi uma intervenção bastante profunda. Foi reabilitada toda a estrutura de redes, que não existia para além de uma rede de água para rega um tanto arcaica, os esgotos, que eram poucos, e telecomunicações. Tudo isso foi feito», disse.
José Pinto Paixão contou que um dos locais sujeitos a uma grande intervenção foi o lago, que tem um século de existência e nunca tinha sido reabilitado. Foi completamento limpo e impermeabilizado, mas ainda há muito a fazer.
O Jardim Botânico Tropical, que desde 2015 integra a Universidade de Lisboa, vai ainda ter obras nos próximos anos ao nível dos edifícios.
«Esta primeira intervenção ultrapassou os 1,5 milhões de euros e depois quando começarmos a juntar as outras intervenções — a recuperação do restaurante colonial, as instalações dos jardineiros, a recuperação da estufa principal, o Palácio dos Condes da Calheta e outros – estamos a falar de mais do dobro, seguramente», disse.
Também para Luís Paulo Faria Ribeiro, arquiteto paisagista responsável pela intervenção, «é importante começar por dizer que o Jardim Botânico Tropical é único no contexto dos jardins de Lisboa e até do país pela quantidade de informação e pela evolução histórica que tem. Os jardins têm de ser vistos sempre como entidades vivas e dinâmicas, que estão sempre a transformar-se – reagem à pressão do público e da utilização».
Segundo Luís Ribeiro, «há sempre aqui uma função científica muito importante, ligada à universidade e à pesquisa, mas há também uma quantidade de informação histórica que está patente, que se consegue interpretar através dos diferentes tipos de vegetação e dos diferentes traçados dos caminhos, e que explicam muito da história de como os portugueses estiveram no mundo e a sua influência na troca de plantas no mundo. É um manancial importante para o jardim funcionar e ser mais atrativo para as pessoas».
Também o botânico César Garcia, um dos responsáveis pela gestão dos jardins da Universidade de Lisboa, destacou que os visitantes vão encontrar a partir de sábado um jardim requalificado com espécies botânicas «muito interessantes e pouco comuns em jardins portugueses, como as fruteiras».
«Quem esteve em Angola ou no Brasil vai gostar de vir aqui. Temos no jardim cerca de 700 espécies, algumas de interesse ornamental, mas muitas com interesse agrícola. A mais-valia deste jardim é historicamente ter sido um local onde se faziam testes de fruteiras para ir para África», contou.
No jardim podem ser observadas espécies de todo o mundo, desde o pinheiro de S. Tomé ao teixo da serra da Estrela e ao dragoeiro de Cabo Verde.
Programa
Dia 25 de janeiro, sábado
11h40 | Receção aos convidados – Espetáculo de música, Coro de Câmara da ULisboa
12h00 | Cerimónia Oficial de Inauguração
12h30 | Visita Guiada com o Arq. Luís Paulo Ribeiro
14h00 | Abertura ao público (entrada livre)
14h30 | Visita “Exposição do Mundo Português”, Margarida Magalhães Ramalho
14h30 | Visita “Plantas na minha comida”, Raquel Barata
15h30 | Espetáculo “Dança do Dragão”
14h -17h | Garden sketchers
14h -17h | Sentidos do Mundo – mercadinho
14h -17h | Assador de castanhas
14h -17h | Street Food
Dia 26 de janeiro, domingo
11h00 | Visita “Plantas do JBT e seus habitats naturais”, César Garcia
12h00 | Visita “Jardim Renascentista”, Ana Godinho
14h30 | Visita “As plantas do JBT, onde a ciência se concilia com a arte”, Ana Luísa Soares
15h30 | Concerto de Guitarra Portuguesa, Manuel Ferreira
Com Lusa