ESPANHA VAI RECEBER MARCHAS COM AMÁLIA NO CORAÇÃO

A marcha do Alto Pina vai desfilar, em abril, em Ceuta, no âmbito do Ano Jubilar Antoniano, comemorativo dos 800 anos da chegada de Santo António a essa cidade.

A Marcha do Alto Pina, vencedora do concurso de Marchas Populares de 2019, cuja tema era «Santo António é de Lisboa e do Mundo» vai participar nas comemorações dos 800 anos da chegada de Santo mais popular de Lisboa ao norte a África, mais precisamente a Ceuta.

Desde 15 de Fevereiro de 2020 até 16 de fevereiro de 2021, decorrem na cidade espanhola de Ceuta as celebrações do Ano Jubilar Antoniano e como o Santo António, apesar de «ser um santo do mundo» é, essencialmente, um santo muito Alfacinha, Ceuta convidou a Marcha vencedora do concurso do ano passado para participar nas «festividades» Antonianas.

Pelos vistos «ninguém pára o Alto Pina» que, entre 16 e 19 de abril, vai desfilar pelas ruas da cidade espanhola de Ceuta, mostrando que o Santo António é venerado e amado popularmente pelos alfacinhas, numa dedicação que deixa São Vicente, padroeiro de Lisboa, fora da lembrança imediata numa altura do ano em que os pensamentos estão centrados nos arraiais e nas sardinhas assadas.

O Alto Pina é um bairro que vive das suas gentes, das suas tradições, da sua história. E, por vezes, nessas gentes vive uma tradição de força que faz história. As nossas gentes assim se veem, como força da natureza que se reergue e não verga a uma batalha do dia-a-dia. E, é essa imagem que a Marcha do Alto Pina vai levar a Ceuta.

Após ter estado em Macau, onde devia ter participado nas comemorações do Ano Novo Chinês, o que não chegou a suceder por causa do Coronavírus, o Alto Pina vai a Ceuta (uma cidade com um passado histórico e cultural bastante vasto) mostrar que é um bairro unido que tenta manter as suas tradições vivas, envolvendo-se também na modernidade dos tempos que correm. Uma comunidade que se entreajuda, que se defende e se recupera em conjunto. É esta a essência do bairrismo, também muito enraizado nas gentes de Ceuta, que o Alto Pina vai levar à cidade espanhola do norte de África.

«Alto lá com o Alto Pina» que, pelos vistos, pretende mostrar «ao Mundo» que o Santo António é de Lisboa, mesmo tendo andado por terras de Espanha.

Internacionalização das Marchas Populares

Esta deslocação da Marcha do Alto Pina a Ceuta insere-se na política da EGEAC de divulgação das tradições populares alfacinhas.

A EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, E.M.) tem desenvolvido, no estrangeiro, várias ações de promoção das marchas populares de Lisboa. Paralelamente, as Marchas que se apresentam anualmente a concurso têm, individualmente, contactos e visitas variadas após a apresentação na Avenida. Alfama foi a primeira marcha popular a deslocar-se ao estrangeiro. Corria o ano de 1993, quando Alfama se deslocou ao Japão. Este ano, a convite particular, a marcha do Bairro Alto vai exibir-se (28 de fevereiro/1 de março) no carnaval de Limoux, em França. Situação que acontece pela segunda vez.

Essas apresentações – segundo a EGEAC – «podem ocorrer em terreno nacional ou internacional». De facto, o Japão, Brasil, Itália e Espanha já convidaram e apresentaram as Marchas Populares de Lisboa em diversos momentos.

Contudo do ponto de vista da EGEAC, a internacionalização das marchas começou quando se iniciou um «trabalho concreto e estratégico de articulação com outros mercados e sectores para promover esta tradição lisboeta».

Amália «dá voz» às marchas de 2020

De referir que, ao contrário do que tínhamos noticiado, a deslocação a Ceuta refere-se aos vencedores das marchas de 2019 e não aos vencedores das marchas a realizarem-se em 2020.

De facto, este ano, 20 anos passado após a morte de Amália Rodrigues, um dos maiores ícones culturais portugueses, a Marcha vencedora também se vai deslocar ao estrangeiro, provavelmente a um país, onde existe uma grande presença cultural portuguesa e onde Amália, continua a ser o expoente máximo da cultura bairrista alfacinha.

Em 2020, as marchas populares de Lisboa vão pedir: «Silêncio, porque se vai cantar Amália», no ano em que Lisboa é Capital Verde Europeia. Este ano, a diva do fado, Amália Rodrigues, cujo centenário de nascimento é celebrado em 2020, é o tema central das Marchas Populares de Lisboa do próximo ano.

A escolha do tema significa que a Grande Marcha de Lisboa – um concurso lançado a compositores e letristas – versará sobre a fadista. A composição vencedora será apresentada e interpretada por todos os participantes das Marchas Populares de Lisboa, no âmbito das Festas da cidade, quer nas exibições da Altice Arena, quer no desfile da Avenida da Liberdade, na noite de Santo António.

Recordamos que a carreira de Amália também está ligada às Marchas Populares de Lisboa, uma relação que começou em 1935 quando foi escolhida para cantar «Fado Alcântara», que acompanhou a marcha do seu bairro. Entre 1963 e 1969, gravou em estúdio algumas marchas, onde canta temas bem conhecidos como «Lá Vai Lisboa» (interpretada em 1935 por Beatriz Costa). Em 2005, a EMI reuniu em CD todas as marchas gravadas por Amália, numa compilação chamada Amália Rodrigues – Marchas Populares.

No ano em que Lisboa é Capital Verde Europeia, as marchas também vão «cantar» a necessidades de lutarmos por «um ambiente mais sustentável», utilizando materiais «amigos do ambiente».

Assim, em 2020, no Altice Arena e na Avenida da Liberdade, vai sentir-se Amália nas interpretações das diversas marchas populares a concurso que, possivelmente, também poderão interpretar, coreografar e cantar temas relacionados com a «sustentação ambiental».

Explosão de cor e alegria

São 23 as Marchas Populares que descem a Avenida e, com elas, desce também todo o esforço de quase um ano de trabalho. Encostados às grades que «proíbem a passagem para a Avenida», as claques esperam ansiosamente a passagem da sua marcha. Cada um acredita na sua: «hoje é que têm de dar o litro para ver se ganham». Pelo meio lá vão lançando o «grito de guerra»: «Ié, ié, ié a minha marcha é que é».

Mas, demonstrando um grande «fair play», a maioria dos elementos das claques pedem «que ganhe o melhor», mostrando que as Marchas representam o que de mais puro e belo existe no sentimento bairrista de todos os envolvidos neste grande acontecimento cultural da cidade de Lisboa.

Após o desfile na Avenida, os bairros voltam ao seu sítio, mas levam a festa consigo e quem foi ver também os segue. Este ano, para além do Alto Pina, vencedor incontestável, no pódio das Marchas Populares ficaram Alfama, que conseguiu o segundo lugar depois de vencer em 2018, e a Penha de França, que ficou em terceiro.

O bairro do Alto da Pina foi o vencedor da edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa. Com centenas de participantes, o 87.º concurso das marchas contou com 20 marchas a concurso.

Vídeo Altice Arena | Marcha do Alto do Pina 2019

TROFÉUS POR CATEGORIAS | MARCHAS POPULARES DE LISBOA 2019

Cenografia: Marcha de S. Vicente e Marcha de Carnide

Coreografia: Marcha do Alto do Pina

Desfile na Avenida da Liberdade: Marcha do Alto do Pina

Figurinos: Marcha do Alto do Pina, Marcha de S. Vicente e Marcha de Alfama

Letra: Marcha do Alto do Pina e Marcha do Bairro Alto

Melhor Composição Original: Marcha do Alto do Pina com “Alto lá com o Alto do Pina”

Musicalidade: Marcha da Mouraria

MARCHAS POPULARES DE LISBOA 2020 | Apresentações no Altice Arena |

Dia 5 de Junho

Marcha da Voz do Operário

Marcha de Belém

Marcha do Bairro da Boavista

Marcha do Castelo

Marcha do Alto do Pina

Marcha da Bica

Marcha da Mouraria

Marcha do Bairro Alto

Dia 6 de junho

Marcha dos Mercados

Marcha de Marvila

Marcha do Lumiar

Marcha da Baixa

Marcha dos Olivais

Marcha de São Vicente

Marcha de Carnide

Marcha da Penha de França

Dia 7 de junho

Marcha da Santa Casa

Marcha da Bela Flor- Campolide

Marcha da Madragoa

Marcha da Ajuda

Marcha de Alcântara

Marcha de Campo de Ourique