SEM-ABRIGO LUTAM PELA SOBREVIVÊNCIA

A luta pela sobrevivência dos sem-abrigo de Lisboa é, neste momento, uma das preocupações do vereador dos Assuntos Sociais da Câmara de Lisboa, Manuel Grilo, que visitou dois novos equipamentos de resposta de emergência ao Covid-19 para as «pessoas sem teto».A Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no âmbito do alargamento da resposta de emergência para pessoas em situação de sem abrigo, criaram dois equipamentos. O primeiro, a Casa do Lago, localizado no Largo de São Domingos de Benfica n.º 3, e o Pavilhão da Tapadinha.
Em visita a esses espaços, o vereador Manuel Grilo e o administrador da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Sérgio Cintra, reforçaram a «necessidade das autarquias devem ter centros de acolhimento preparados e se necessário, abrir novos equipamentos temporários para fazer face às necessidades». «Não podemos admitir nenhuma fatalidade por negligência», afirma o vereador Manuel Grilo
O espaço de São Domingos de Benfica é destinado a acolher unicamente mulheres em situação de sem abrigo e, de acordo com a avaliação realizada ao espaço e tendo em conta as normas definidas pelo ISS I.P., bem como as recomendações da Direção-Geral de Saúde, concluiu-se que o equipamento apresenta capacidade para o acolhimento de 18 pessoas, uma pessoa por quarto.
O espaço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, com técnicos sociais e enfermeiras. Diariamente serão asseguradas 4 refeições diárias em unidoses. Prevista também está a resposta para a continuidade ou o início de tratamento de substituição opiácea, havendo horários desfasados para refeições e banhos, para que manterem as distancias de segurança.
Já o Pavilhão da Tapadinha, um espaço para 40 pessoas ou mais, se necessário, funcionará de forma semelhante ao espaço do Pavilhão do Casal Vistoso.
O vereador da Educação e dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa, que ontem apresentou, em vídeo, um plano do Bloco de Esquerda de apoio aos mais fragilizados, destacou a necessidade de proteger os mais frágeis – crianças, idosos, pessoas com deficiência, sem-abrigo e vítimas de violência doméstica – para «ninguém ficar para trás».
No que toca aos idosos e pessoas com deficiências, Manuel Grilo quer que estas continuem a ser acompanhadas pelas instituições locais, através de visitas e acompanhamentos habituais, para «distribuição de refeições quentes, garantia de higiene, entrega de medicamentos e acompanhamento pessoal por telefone através dos serviços sociais da autarquia.»
Violência doméstica
Manuel Grilo alerta ainda para o «flagelo nacional» que é a violência doméstica. Para evitar que este se intensifique «durante esta época anormal, as autarquias devem, articulando com outros agentes da área, continuar a garantir visitas a famílias sinalizadas, respostas de acolhimento e contacto com eventuais vítimas. Lançar campanhas de sensibilização de vizinhos para a denúncia do crime público de violência doméstica também é uma ferramenta que as autarquias podem e devem usar».
No plano dos serviços fundamentais, os municípios «devem suspender quaisquer cortes durante o período de surto da covid-19». No acesso à água, o vereador bloquista considera ainda necessário «garantir que não há lugar a penalizações por atraso de pagamento. Sem água não há saúde pública».
Lisboa cria Rede Solidária
Por outro lado, o pelouro da Educação e Direitos Sociais da Câmara lançou um projeto pioneiro no país para garantir uma resposta robusta e solidária também na área social, a Rede Solidária de Lisboa – REDESOLIDARIA.PT.
Segundo um comunicado do gabinete do vereador Manuel Grilo, «os profissionais do SNS estão a dar o seu melhor para tratar quem precisa, mas nós podemos ajudar. Há muita gente disposta a ajudar e não sabe como fazê-lo e há muita gente que precisa de ajuda e não há mãos a medir para tarefas que todos conseguimos fazer. Esta é uma iniciativa pioneira de mobilização comunitária que pode ser um exemplo para todo o país.
Por isso, a Câmara de Lisboa lançou o portal REDESOLIDARIA.PT., onde «os lisboetas poderão inscrever-se para entrar numa plataforma que organizará a resposta de base cívica e comunitária da cidade de Lisboa, freguesia a freguesia, bairro a bairro», para ajudarem as pessoas idosas, pessoas com deficiência e pessoas em isolamento por suspeita de infeção «que precisam da nossa ajuda, precisam da ajuda de todos os que possam», salienta o comunicado.
A Câmara Municipal vai fazer a triagem das inscrições no REDESOLIDARIA.PT e encaminhá-las para as Juntas de Freguesia que atribuem as tarefas consoante as possibilidades de cada um e as necessidades da população vulnerável do seu território.
Estas tarefas solidárias vão desde a realização de compras, à entrega de refeições e/ou medicamentos, ao passeio de animais domésticos ou a outras formas de apoio como a prevenção da violência doméstica.
A Câmara Municipal garante que todas as pessoas que se predisponham a ajudar terão material de proteção necessário. Estão obviamente excluídas desta rede todas as pessoas de grupo de risco. O município fornecerá o suporte de informação necessária para que as tarefas sejam feitas em segurança e com o menor risco possível de contágio, garantindo distribuição de material de proteção a quem integre a rede solidária e desempenhe estas tarefas.