Lisboa dispõem, desde hoje, de um Centro Interpretativo da História do Bacalhau. Situado n Terreiro do Paço, o espaço «conta» a saga da pesca do «fiel amigo» nos mares da Terra Nova e, ao mesmo tempo, é o símbolo da renovação da frente ribeirinha do Tejo.
O Centro Interpretativo da História do Bacalhau é o único local do mundo «onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá». Esta foi a forma encontrada para apresentação do novo espaço «interativo que combina o melhor da tecnologia com o mais fantástico da tradição», de acordo com um vídeo de apresentação do novo espaço cultural da capital portuguesa.
Situado no Torreão Nascente, no Terreiro do Paço, em Lisboa, o espaço, hoje inaugurado, pretende prestar homenagem a um símbolo da gastronomia portuguesa, da cultura popular e da identidade nacional (o bacalhau).
A cerimónia de inauguração deste centro, que implicou um investimento de 1,5 milhões de euros, contou com a presença do presidentes das Câmaras de Lisboa, Fernando Medina, de Ílhavo, Fernando Caçoilo, e de Aveiro, José Esteves, do presidente-adjunto da Associação de Turismo de Lisboa (ATL), José Luís Arnaut, do director-geral da ATL, Vitor Costa, do Comissário Científico, Álvaro Garrido, do director do NewsMuseum, Rodrigo Moita de Deus, do embaixador da Noruega em Portugal e Chefe do Estado Maior da Marinha,
Integrado no projeto do Novo Cais de Lisboa, o novo Centro Interpretativo leva o visitante numa viagem até ao início da odisseia de um povo que partiu à descoberta dos mares a bordo de um dóri. Leva-os a conhecer as rotinas dos pescadores a bordo, descobrir como nasceu o mito do ‘fiel amigo’ à mesa ou perspectivar o futuro do bacalhau, o seu consumo, a pesca sustentável e novas formas de o cozinhar, salientou Vítor Costa.
Já Fernando Medina salientou que, desde sempre, o foco da edilidade alfacinha tem sido «criar, gerir e promover para reabilitar e dar vida a Lisboa». Mesmo perante adversidades tão difíceis como a que atualmente vivemos, «não parámos de trabalhar na valorização da cidade, sendo hoje possível abrir portas a mais um projeto de qualificação no Terreiro do Paço», defendeu Fernando Medina. Por sua vez, o presidente adjunto da ATL, José Luís Arnaut, acrescentou que «este novo Centro Interpretativo da História do Bacalhau é um passo importante na valorização de Lisboa e na capacidade de inovação e diferenciação da sua oferta, numa altura em que, mais do que nunca, é necessário voltar a potenciar o Turismo».
Fundado e organizado pela Associação Turismo de Lisboa e pela Câmara Municipal de Lisboa, este centro relata, como afirmaram os presidentes das Câmaras Municipais de Ílhavo (capital do bacalhau), Fernando Caçoilo, e de Aveiro (onde esta a ser recuperado o bacalhoeiro Creoula), José Esteves, o centro vais contar «uma das mais épicas histórias de Portugal – a descoberta da Terra Nova e a aventura nos mares gelados pela pesca do bacalhau» e, ao mesmo tempo, vai ser uma homenagem a um símbolo da gastronomia portuguesa, da cultura popular e da identidade nacional.
Intervenções na frente ribeirinha
Aliás, após a inauguração do Centro, acompanhada pelos arquitetos Ana Costa, Bruno Soares e Carrilho da Graça, o presidente da autarquia lisboeta fez questão de «levar os convidados desta cerimónia» a visitar às intervenções de renovação da Estação Sul e Sueste e da Doca da Marinha, que pretendem «devolver o rio Tejo aos lisboetas e à cidade de Lisboa».
Fernando Medina mostrou os avanços das obras na frente ribeirinha central, entre o Terreiro do Paço e a Doca da Marinha, naquela que é a maior operação de valorização do rio das últimas décadas. Este projeto implica um investimento de 27 milhões de euros e, se não fosse a pandemia do Covid19, poderia estar concluído durante o segundo semestre de 2020.
Segundo o autarca lisboeta, o novo Cais de Lisboa vai dar uma nova vida a esta zona da capital. O que vai mudar? O Muro das Namoradeiras está a ser reconstruído, o aterro do Cais das Colunas será retirado, a Estação Sul e Sueste e a Doca da Marinha estão a ser reabilitadas e, agora, nasceu o Bacalhau Story Centre e, dentro em breve, vai ser inaugurado o Centro Tejo e um Cais de Apoio à Atividade Náutica.
No que diz respeito ao investimento, 16 dos 27 milhões de euros foram aprovados pela Câmara Municipal de Lisboa e provêm do Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, que é financiado através das taxas turísticas. Os restantes 11 milhões de euros são assegurados pela Associação de Turismo de Lisboa (ATL).
Durante a visita, segundo Fernando Medina, neste momento está a proceder-se à requalificação da Estação Sul e Sueste, que será a base de partida das embarcações tradicionais do Tejo que vão passar a ter aqui o seu lugar. «Em segundo lugar, a reconstrução do Muro das Namoradeiras e a reconstrução do Cais das Colunas, eliminando o aterro que existe desde o tempo das obras do Metro. Em terceiro lugar, a devolução da Doca da Marinha à cidade e às pessoas. Era um espaço vedado, com um muro alto, com uma vedação, uma área destinada às operações da Marinha Portuguesa. Foi possível chegar a um entendimento com a Marinha para que esta doca pudesse ser devolvida às pessoas», destaca o autarca.
Segundo Medina, a Câmara conta ter nesta futura doca a Marinha tradicional do Tejo, as embarcações tradicionais do Tejo e, a breve prazo, o navio Creoula, que também está a ser recuperados nos estaleiros navais de Aveiro.
História do bacalhau contada em dois pisos
Mas, voltemos ao Centro Interativo. O espaço divide-se em duas áreas principais: O Mar, no piso 0, e À Mesa, no piso 1.
No Piso 0, recua-se no tempo na sala d’A Saga e assiste-se à narrativa da pesca dos portugueses no Atlântico Norte. Também ali se pode ver uma exposição de objetos do espólio do Museu Marítimo de Ílhavo utilizados na pesca do bacalhau.
Na sala O Adeus, está em destaque a dimensão humana e social da pesca do bacalhau, com o visitante a ser convidado a experimentar, durante 1 minuto, o que era a solidão dos marinheiros do bacalhau a bordo de pequenos dóris*, numa experiência interativa e imersiva que pretende recriar a pesca à linha num dóri.
Na sala Frota Branca, revive-se a memória lendária da ‘white fleet’, através de uma recriação do navio Creoula e do testemunho de pescadores. Destaca-se ainda a forma como o Estado Novo difundiu e manipulou além-fronteiras este tema.
No Piso 1, fala-se sobre a tradição alimentar do bacalhau do Atlântico e o nascimento do mito do Fiel Amigo. Sentamo-nos à mesa, na Degustação virtual, para assistir à forma como o bacalhau entrou na nossa gastronomia e cultura. Já na sala Bacalhau 20.20 fala-se sobre a reinvenção cultural do bacalhau, a pesca na actualidade, a reinvenção gastronómica do bacalhau e a sustentabilidade ambiental.
O Centro oferece ainda um conjunto de experiências interativas, como o desafio de contribuir com uma receita inédita de bacalhau, ser-se fotografado a bordo de um dóri, sentir a textura de um bacalhau ou consultar a Enciclopédia do Bacalhau, certificada pela Confraria Gastronómica do Bacalhau.
Na entrada existe uma Mercearia, onde está localizada a bilheteira e espaços para venda de artigos alusivos ao bacalhau, uma zona de corte e venda de bacalhau, zona de estar com livraria e zona de degustação de petiscos. Soma-se o Restaurante Terra Nova (antigo Populi) um restaurante temático onde o bacalhau é “rei e senhor”.
O Centro Interpretativo está aberto todos os dias, das 10h00 às 20h00, comas entradas a custarem 4€ por adulto e 2€ para crianças dos 6 aos 15 anos. Os mais novos não pagam e o bilhete para seniores e estudantes custa 3€. Há também bilhetes combinados com o Lisboa Story Centre (15% desconto: 9€), o Arco da Rua Augusta (15% desconto: 9€) e com ambos (15% desconto: 11,50€).
- Embarcações tripuladas por um só pescador