CATÓLICOS, ADVENTISTAS, HINDUS E MUÇULMANOS DÃO AS MÃOS E DISTRIBUEM ALIMENTOS

«Infelizmente, apesar do confinamento, no dia de distribuição dos cabazes alimentares continuamos a ter filas de pessoas à porta da Igreja, o que denota um aumento substancial do número de pessoas que estão a passar por grandes dificuldades, devido à crise sanitária», lamenta o padre Agostinho Castro, da Paróquia de São Julião de Frielas e Santo António, em Loures, que, além de ser o pároco da igreja, é técnico social e «avaliador» dos pedidos.

Nos últimos meses, cerca de uma hora antes do início da distribuição dos cabazes alimentares na Igreja de Santo António dos Cavaleiros, em Loures, dezenas de pessoas aguardam pela abertura da porta. Quem chega por último tem de procurar a última pessoa na fila e fixar a sua vez. A azáfama é grande dentro do edifício, onde 20 voluntários se distribuem por várias tarefas. Há alimentos para preparar e novos pedidos de apoio à espera. Dezenas de pessoas chegam pela primeira vez para pedir alimentos, uma tarefa complicada pela necessidade de fazer o registo formal de cada pedido.

Quem está à frente de toda a distribuição de alimentos é o padre Agostinho Castro que, com o país a atravessar uma grave crise económica, causada pela quebra de atividade devido à pandemia da covid-19, não podia deixar, neste momento tão difícil, de ajudar quem mais precisa, porque todas estas manifestações de «solidariedade e fraternidade revelam a grande vertente cristã da comunidade»

«Esta crise acentuou as desigualdades sociais e não podemos ficar indiferentes ao agravamento da situação de carência alimentar que afeta muitas famílias. Quisemos ajudar e – com o apoio da Câmara Municipal de Loures, que tem dado uma grande contribuição, dos comerciantes do MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa), das grandes superfícies, dos pequenos comerciantes e de muitos particulares – temos conseguido, semanalmente, entregar 600 cabazes alimentares, o que corresponde a aproximadamente 1.500 pessoas. Além da distribuição semanal, entregamos, mensalmente, um outro cabaz com produtos frescos, contendo carne, legumes e peixe», revela o padre Agostinho Castro, considerando que «esta é a melhor forma de chegar a quem realmente precisa».

O pároco, que salienta a grande colaboração da comunidade, e não só, adianta que «mais ajudas são sempre ótimas», porque, «cada vez, há mais famílias carenciadas que precisam de apoio», surgindo a paróquia, muitas vezes, como último recurso, quando a Segurança Social não consegue dar mais respostas.

Pandemia criou novos pobres

No trabalho de terreno levado a cabo pela paróquia de Santo António dos Cavaleiros, Agostinho Castro constatou que «a pandemia trouxe mais famílias necessitadas», nomeadamente famílias numerosas. «Muitas pessoas não têm muito à vontade para pedir ajuda e nós conseguimos lá chegar, através do vizinho ou dos amigos que nos reportam esses casos», explica.

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São várias as origens das pessoas que pedem apoio alimentar. Aos imigrantes irregulares, que deixaram de conseguir rendimento com “biscates” e, por isso, não têm condições financeiras para adquirir comida, juntaram-se «um outro grupo, que é o das pessoas da limpeza e dos trabalhadores de feiras», a maioria com situações «de grande precariedade laboral».

Mais Autonomia, mais Coesão e mais Equidade

Mas para responder às novas necessidades de apoios sociais, no terreno, a Paróquia «socorre-se» de uma verdadeira legião de voluntários, garantindo que largas centenas de famílias afetadas por sérias dificuldades socioeconómicas têm uma alimentação diversificada.

Na maioria dos casos o trabalho realizado tem por base os contributos da Câmara Municipal de Loures, do Banco Alimentar Contra a Fome e do MARL. Mas não é só, os voluntários também têm desenvolvido campanhas de angariação próprias, recolhendo junto das grandes, médias e pequenas superfícies, donativos diversos e projetos solidários, nomeadamente através da plataforma «Partilhar.com» e dos «meninos da catequese» que produzem brindes, cuja receita é «amealhada» num pequeno cofre e que se destina ao pagamento de faturas de eletricidade, gás e água das famílias mais carenciadas. Tudo vale para garantir que quem precisa recebe o apoio indispensável.

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