Preparar a capital para os desafios atuais e futuros, procurando atenuar o impacto económico e social da pandemia, é um dos objetivos de Fernando Medina que quer uma cidade mais sustentável, resistente e bem prevenida para eventuais catástrofes e para as oportunidades num cenário pós-covid.
O embate económico e social da pandemia só será superado com sucesso com investimento público ponderado, de precisão e alinhado com os desafios que o futuro impõe – a sustentabilidade e a descarbonização do modelo de desenvolvimento. Quem o diz são os especialistas que participaram, no seminário Investimento Público no Pós-Pandemia, organizado pela Câmara Municipal de Lisboa com o Diário de Notícias. O presidente da Câmara de Lisboa e também da região metropolitana de Lisboa, Fernando Medina, defendeu a necessidade de «uma resposta diferente», assente no que considera ser o início de um «ciclo de um significativo investimento público».
Do ponto de vista de Fernando Medina, a retoma económica pós-Covid passa por atuar em três áreas que considera essenciais: mobilidade, habitação e exclusão social.
«Tão ou mais importante que a dimensão do investimento é a sua qualidade, a que se destina e o que vamos fazer com esses recursos», afirma, aludindo à eficácia destas apostas na resolução de problemas concretos das cidades, dos seus cidadãos e do país. O objetivo passa pela aposta no «transporte coletivo pesado, sustentável, eficaz e capaz de unir aquilo que é uma área metropolitana fortemente integrada do ponto de vista económico e social, mas profundamente deficitária de sistemas que assegurem uma mobilidade fluida», detalha.
Esta orientação passa, entre outras prioridades, pela expansão da rede do Metro de Lisboa para as zonas ocidentais e orientais da cidade, pela nova organização da Carris Metropolitana (marca única que vai operar nas quatro concessões em redor do capital) e criação de um sistema de metro de superfície. «A oferta será 40% superior àquela que está colocada atualmente», defende Fernando Medina, que sublinha que este pacote de investimento – que vai buscar fundos ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ao Portugal 2030 e ao Banco Europeu de Investimento (BEI) – representa «um investimento superior a 2,3 mil milhões de euros» nestes meios de transporte, excluindo a ferrovia.
Um outro grande objetivo, do ponto de vista do autarca, é melhorar significativamente a ligação entre Lisboa e os restantes concelhos circundantes, como Sintra. «A ampliação do Terminal do Oriente para uma verdadeira estação vai permitir algo que hoje parece um sonho, mas que tem de ser uma realidade, que é termos comboios a circular de seis em seis minutos entre Sintra e Lisboa», afirma.
Habitação um desafio
O segundo desafio na lista de prioridades passa pelo reforço da habitação, nomeadamente junto da classe média, que poderá vir a ter um conjunto de «linhas de crédito para o investimento» em habitação. Todavia, Fernando Medina considera que é necessário diminuir a pressão imobiliária a que Lisboa está sujeita. «Precisamos de uma política pública de acesso à habitação para as classes médias, de reconstrução e reabilitação», refere o edil.
Para isso, o PRR prevê uma verba de 1,7 mil milhões, lembra. Neste campo, o vereador das finanças João Paulo Saraiva adianta que está previsto um orçamento de 500 milhões de euros da autarquia, que será complementado com 1000 milhões de euros de privados. «É uma alavanca de investimento privado na área da habitação», esclarece. Por fim, as questões ligadas às exclusões sociais devem, também, ser enfrentadas. «A nossa opção foi de concentração em três áreas temáticas», refere, alertando que o «o desafio é conseguirmos uma execução atempada e correta».
Fotos: @cml