No penúltimo dia da campanha eleitoral para as autárquicas, o OLHARES DE LISBOA foi conhecer de perto as propostas e a reta final do pulsar da campanha eleitoral para o concelho de Oeiras. Isaltino Morais assume que está confiante na vitória, mas quer resgatar os votos perdidos na abstenção, e assume que este “novo ciclo” vai ser dedicado às pessoas. A oposição aponta baterias para os “problemas reais” das pessoas comuns, criticando o edil por ter deixado entregues à sua sorte as populações mais desfavorecidas.
Isaltino Morais é um homem carismático, que ainda conserva alguns traços graníticos do seu Trás-Os-Montes natal. É uma figura que impõe respeito (e admiração) e a que ninguém fica indiferente. Com passo seguro, lidera a comitiva “Isaltino Inovar Oeiras” sem hesitações nem sorrisos “postiços” para captar votos entre os descrentes na sua ação.
Em entrevista ao OLHARES DE LISBOA, assume que “conhece o concelho como ninguém”, e que não há problema que não esteja debaixo do seu olhar. “Sabe, sou o único candidato que anda realmente em campanha, calcorreando 15 quilómetros diários – ao contrário dos meus oponentes que estão sentados nas esplanadas ou a falar para eles próprios – para contactar com os problemas reais das pessoas”, atira.
O autarca não acredita noutro resultado que não “seja uma vitória esmagadora”, mas aponta para a conquista dos votos à abstenção. “As pessoas dizem-me, na rua, que a vitória está certa, mas a minha luta nestas eleições é contra a abstenção. Há ainda um certo centro-direita que não vota e é esses quero convencer a votar na minha candidatura porque esses votos podem fazer a diferença na consolidação deste projeto, que é transversal a todo o espectro político, que é de todos e para todos”.
Segundo o autarca, esta campanha tem sido centrada em ganhar a confiança dos “descrentes” ou que estão “desconfiados” do executivo. “Quando ando na rua, se vejo alguém a afastar-se da nossa comitiva, vou logo ao encontro dessas pessoas. E peço para as pessoas dizerem aquilo que lhes vai na alma. Tenho a certeza de que já conquistei muitos votos nessas franjas de descontentes”, explica.
De supetão, uma senhora pede licença para “falar com o presidente” e Isaltino interrompe a entrevista. A munícipe pede para “o sr. presidente” lhe resolver o problema de uns cabos das operadoras de telecomunicações “que estão soltos e que tornam a minha rua tão feia”.
Isaltino recosta-se na cadeira e solicita à assessoria da presidência que “anotem a queixa” da eleitora. A senhora insiste que “se resolver o problema, terá o meu voto”. O presidente-candidato tranquiliza a cidadã garantido que o “problema será resolvido”.
Isaltino Morais assevera que este tipo de proximidade com os munícipes “tem sido uma constante” durante toda a campanha e aproveita para dar uma alfinetada na oposição.
“Dizem alguns que só estou preocupado com as grandes obras e que não conheço os problemas reais das pessoas, mas não há ninguém neste concelho que conheça melhor a vida quotidiana dos oeirenses. As pessoas sabem que me preocupa com elas. Penso nas pessoas, na sua dignidade e nos seus sonhos, mas também nos seus pequenos problemas do dia a dia. E cumpro!”.
Oposição e “ataques pessoais”
A propósito das ações de campanha dos seus oponentes, o edil clarifica que a sua mensagem de campanha tem focado “apenas e tão só” os interesses do concelho e não os “ataques pessoais” às lideranças das outras candidaturas. “Fizemos uma campanha limpa, sem ataques pessoais a quem quer que fosse. Já os meus oponentes… têm atacado a figura do Isaltino Morais com mentiras e calúnias porque sabem que ninguém os levaria a sério se atacassem a minha obra de anos e anos de luta por este concelho. Sabem que Oeiras é hoje uma referência absoluta no poder autárquico a nível nacional. Sabem que todos os concelhos do país querem fazer aquilo que Oeiras tem vindo a fazer nos meus mandatos. Sabem que Oeiras está sempre na vanguarda, sempre à frente do seu tempo”, reforça.
E anota ainda o seu descontentamento do “lodaçal” político, em que “vale tudo”, que ocorrerá nas redes sociais. “Algumas pessoas, escudadas pelo anonimato, fazem verdadeiros assassinatos de caráter da minha pessoa. De forma totalmente irresponsável, atacam, mentem, tentam conspurcar a minha imagem, mas sabem que os oeirenses sabem quem eu sou verdadeiramente”, reitera.
O líder do “Isaltino Inovar Oeiras” lamenta, no mesmo âmbito, que as “máquinas partidárias” funcionem em “ciclo fechado”, o que, diz, tem afastado as pessoas comuns do mundo da política. Mas garante que o seu movimento político “de cidadãos” tem laborado em “sentido contrário”, atraindo muitos daqueles que estão “descontentes com a política”, uma vez que não “fecha a porta a ninguém” e tem “democratizado” o acesso do cidadão comum à esfera do poder autárquico.
“Tenho constatado o aproximar de centenas de jovens ao nosso movimento. Fico muito feliz por saber que esta campanha tem sido uma campanha dos sorrisos, em que os mais jovens aderem às nossas propostas porque sabem que estamos realmente preocupados com o futuro, que será deles, e que a nós apenas nos compete cumprir os desígnios da esperança”.
Concelho “mais verde” do país
Em comentário ao facto de a oposição o acusar de ser o “presidente do betão”, Isaltino Morais contorce-se na cadeira e mostra-se indignado, pois “nenhum autarca da área metropolitana de Lisboa”, e mesmo a nível nacional, tem tido um papel tão interventivo no plano da sustentabilidade. E justifica a sua tese com o “facto insofismável” de Oeiras ser hoje o concelho da área metropolitana de Lisboa “mais verde”, e um dos mais bem preparados para “a adaptação às alterações climáticas”, estando em “reforço do investimento nos espaços verdes, um pouco por todo o concelho”, apostando claramente em “três grandes polos: Serra de Carnaxide, Quinta de Cima do Marquês de Pombal e Mosteiro e Quinta da Cartuxa. Esta aposta continuada em sermos o Concelho mais verde do nosso país é essencial para Oeiras continuar a superar as metas de descarbonização que vem fazendo”.
Não obstante, Isaltino Morais acredita que o betão “é necessário”, nomeadamente para construir casas para as famílias que têm necessidade. “Defendo as empresas, defendo a criação de riqueza e a criação de emprego. E defendo, naturalmente, o combate às alterações climáticas, mas há betão abençoado, aquele que serve para alojar as famílias”, reitera, acrescentando: “é preciso aumentar o parque público de habitação. Portugal tem um parque público de habitação de 2%. A Holanda, a Bélgica, a Noruega, têm de 30% ou 40%. Isto significa que todos os governos, com exceção de Cavaco, que teve o PER, falharam nesta matéria”.
Por outro lado, muitos seus opositores políticos “estão muito preocupado com a falta de habitação. Mas depois, como não há terrenos para fazer mais habitação e é preciso expropriar terrenos da reserva agrícola, ‘por causa das alterações climáticas, estamos a fazer betão e precisamos é de verde’. Oeiras é o município com mais verde na área metropolitana de Lisboa. É o município que tem mais habitação pública no país a seguir a Lisboa. Em Oeiras vamos fazer 2000 fogos; 500 de renda apoiada, 1500 de renda acessível.”
E também não aceita “a falácia” e as propostas dos seus críticos para se aproveitarem as casas devolutas. “Essa é a maior mentira propalada neste país. As necessidades de habitação em Portugal são tantas que não se resolvem com meia dúzia de prédios devolutos. Lisboa tem muitos prédios para requalificar, mas em Oeiras tudo o que é prédio degradado a câmara de Oeiras compra. Ainda há pouco tempo inaugurei 12 apartamentos para habitação jovem no Largo da Boavista, em Oeiras. Também estarão prontos mais 32 apartamentos em Paço de Arcos, num edifício extraordinário com quatro ou cinco pisos que a câmara recuperou. Temos isso identificado e dá-nos mais 500 ou 600 apartamentos. Precisamos de dois mil, no mínimo”, anota.
Oeiras Valley
Numa espécie de jogo de contra-ataque face às críticas da oposição, Isaltino Morais mostra-se indignado com os comentários negativos feitos ao projeto da “marca” Oeiras Valley. “Todos os dias acordo e levanto-me com vontade redobrada para fazer acontecer este grande projeto de Oeiras Valley”.
No entender o autarca, o Oeiras Valley é o conjunto harmonioso e complementar da integração e elevação social, da economia, das empresas, da educação, da ciência, da inovação e da cultura. “Todos estes pilares concorrem para o desenvolvimento económico e para a qualidade de vida que quem vive e trabalha em Oeiras usufrui”.
O Oeiras Valley é, grosso modo, uma tentativa de converter o concelho num polo de atratividade internacional ao nível das grandes empresas tecnológicas do mundo, criando algo semelhante a, por exemplo, um Silicon Valley à portuguesa, que traria (Isaltino acredita que é já uma aposta num cavalo ganhador) um novo ciclo de prosperidade a Oeiras e a Portugal.
“Quem critica este projeto ficou nos anos 80… A atualidade já não se compadece com realidades ultrapassadas. Projetos como o Tagus Parque, em que temos uma ilha de empresas sem estar devidamente enquadrada no centro urbanos do concelho, já não bastam. Temos de ter a capacidade para atrair os novos empreendedores, que já não compram Ferraris, que andam de mochila às costas, mas gostam de saborear as coisas boas da vida, que gostam de cultura e de viver em lugares que incorporem o local de trabalho, com uma habitação agradável, uma oferta cultural diferenciadora. Quem não entender a necessidade de projetos como a ‘marca’ Oeiras Valley, não percebeu nada da evolução do mundo e tão-pouco revela qualquer aptidão para ocupar o poder autárquico”, atira.
“Preocupação com as pessoas”
Isaltino Morais afiança que o ciclo de investimentos na melhoria das condições gerais da população “tem sido uma constante” e que “não navegamos à vista”.
Apesar de reconhecer que há ainda obra por concluir, nomeadamente na construção de residências para estudantes, adianta que a câmara tem um projeto na Fábrica da Pólvora, em Barcarena, para 70 residências. “Estamos a tratar a duplicação das residências no Taguspark, estamos a preparar outro projeto para 40 ou 50 residências no Dafundo, no edifício de uma antiga escola”.
E não esquece os idosos. “Estamos a preparar duas residências para idosos, dois lares de terceira idade”.
Segundo o edil, Oeiras tem, de facto, uma qualidade de vida “extraordinária, tem uma rede de equipamentos muito superior à média nacional”, mas, naturalmente, tem carências. “Também vamos construir novas escolas, novas creches. Temos um projeto para aumentar 300 vagas em Algés, Queijas e Vila Fria, com três novos equipamentos. E também estamos a fazer uma residência para cientistas na Quinta dos Sete Castelos, em Santo Amaro de Oeiras, um investimento de três milhões de euros, justamente para acolher cientistas do Instituto Gulbenkian de Ciência, do TKB, do INIAV, que muitas vezes são estrangeiros que em vez de estar num hotel gostam de estar num meio mais acolhedor, mais perto dos seus pares”.
Sem falsas modéstias, Isaltino Morais assume que a “obra feita fala por si”, mas não dá por concluído o “seu projeto” para a consolidação de Oeiras como o concelho “mais atrativo” de Portugal para as empresas, mas que não esquece “as pessoas”.
De resto, depois da eliminação das barracas, dinamizou o apoio empresarial e reforçou a captação de empresas de vertente inovadora, científica e tecnológica, com capacidade para gerar emprego e riqueza para o Município, que transformaram o concelho da linha como “um exemplo para todo país”, há agora uma “clara aposta” na melhoria das condições de vida das populações mais desfavorecidas. E exemplifica com a atribuição de bolsas “para todos os alunos da classe média baixa” que queiram frequentar o ensino superior. “A câmara vai pagar as propinas destes nossos jovens. É um imperativo deste executivo continuar a apoiar aqueles que mais precisam”.
Em conclusão, Isaltino termina com uma promessa e mais uma bicada na oposição.
“Estamos perante a necessidade e obrigação de cumprir os desafios que traçámos para o nosso concelho para os próximos 8 anos e que totalizam um programa para 12 anos e que levarão e elevarão o nosso concelho aos patamares mais altos da coesão social, da inovação, na educação, na cultura e na qualidade de vida para quem aqui trabalha e vive. É um desafio ambicioso e já sufragado pelos oeirenses que me elegeram. Mas isso é natural. O PS, o PSD, até CDS não podem falar em coisas muito diferentes das que eu falo, porque eu falo de tudo o que eles falam. Aliás, eu já faço tudo o que eles pretendem fazer há muitos anos. Tudo o que eles prometem, eu já estou a fazer. É preciso fazer mais? Claro, por isso é que eu me candidato”.
ALEXANDRE POÇO | Criação de um “Estado Social Local”
Alexandre Poço é deputado à Assembleia da República e candidato à presidência da Câmara Municipal de Oeiras pelo PSD, que integra a coligação “Dar Tudo Por Oeiras”.
Graças a uma campanha marcada pela irreverência, ganhou protagonismo no espaço mediático local e nacional. Prometeu levar a cabo uma “missão impossível”, aceitando fazer o papel de um “agente secreto” pronto para todo o serviço, justificando que acredita que não há impossíveis. “Por mais que a circunstância eleitoral seja difícil, por mais que eu reconheça que os anos têm demonstrado que Isaltino Morais é imbatível — vai para o nono mandato — em democracia também se jogam outras coisas, como a representatividade e a força política dos restantes candidatos, senão mais valia fazer um despacho.”
Para o candidato do PSD, Oeiras “não pode ser um concelho de um só homem”, sendo que, por isso, acredita na força dos seus argumentos e das suas propostas para fazer mossa na candidatura de Isaltino Morais.
Reconhece o trabalho de Isaltino, “faço uma avaliação positiva daquela que foi a evolução do concelho ao longo das últimas décadas, é um concelho que tem um elevado nível de bem-estar socioeconómico,” mas é também um concelho “que tem alguns problemas para resolver”.
Contudo, assume que é preciso começar a preparar o futuro. E que sua candidatura representa “uma alternativa” e a concretização dos “necessários novos ventos” em Oeiras.
“Acredito que a política tem de conseguir mudar a vida das pessoas. Acredito dos valores sociais-democratas, que se afirmam como o partido do elevador social, que hoje não estamos a conseguir ser”, nomeadamente na realidade de Oeiras.
“É possível conseguir ter políticas que transformem a vida das pessoas, que coloquem o elevador social a mexer, que garantam que uma pessoa que nasce num meio pobre não está condenada à pobreza na sua vida. Hoje, o desafio que se coloca a Oeiras é olhar para a sua população e perceber que áreas ainda não estão lá”, acrescenta, justificando que tem por “missão” criar um “Estado Social Local”, com creches garantidas para todas as crianças, com uma rede de residências para idosos “para quem sempre cuidou de nós, e que merecem dignidade, integrando os idosos em vez de os marginalizar”, mas também com “novas respostas de Saúde onde o SNS mais falha”. Neste ponto, Alexandre Poço revela que há ainda muito caminho por desbravar, nomeadamente na criação de consultas gratuitas nas áreas da oftalmologia, da saúde oral, saúde auditiva, dos tratamentos psiquiátricos, uma vez que a doença psiquiátrica disparou graças ao confinamento e ao estado pandémico “que afetou muitas pessoas”.
Poço tem como objetivos que o concelho entre, agora, num novo ciclo de coesão social, “que tem falhado” durante o atual executivo.
“Hoje estamos numa fase que acredito que pode ser e quero que seja o meu partido a liderar, a fase do futuro, da transformação daquilo que são as políticas públicas naquilo que deve significar uma mudança na vida das pessoas. A visão que tenho para Oeiras é de que já não basta ser líder a nível nacional — habituámo-nos, ao longo das últimas décadas, a conseguir superar Lisboa, Cascais, Porto em muitos indicadores, num país que está estagnado —, é possível conseguir ter políticas que transformem a vida das pessoas”.
Alexandre Poço assume que a disputa marcada para este domingo vai ser uma peleja “difícil”, mas garante ao OL que os votos de confiança que depositarem nele podem ser traduzidos “nova era para os munícipes de Oeiras”, uma vez que não fecharia a porta a um acordo para integrar o executivo, como vereador, que sair vencedor das eleições.
FERNANDO CURTO | Aproximar o poder autárquico das pessoas
Combinámos uma conversa com líder do PS num intervalo de campanha realizada no penúltimo dia da ação. Fernando Curto encontra-se reunido com a sua equipa para acertar agulhas e recebe-nos de forma calorosa, com os raios de sol a irromper pelas nuvens que ameaçam temporal.
O candidato socialista não acredita em “vitórias antecipadas” do seu principal opositor (Isaltino Morais) e justifica esta confiança na disputa da vitória das eleições “com o apoio que tem recebido das pessoas”, que o contactam para “manifestar desagrado na forma como o atual executivo sem tem esquecido dos problemas reais das pessoas”.
Curto reconhece o papel de Isaltino no desenvolvimento de Oeiras, mas não entende o “afastamento” de Isaltino dos problemas do dia a dia dos munícipes. “Isaltino Morais vive obcecado com as grandes obras, com os grandes investimentos, mas tem esquecido as pessoas. Não entendo qual é o objetivo do Obelisco, por exemplo. Foram gastos 600 mil euros numa obra faraónica que não serve para nada, quando há tantas lacunas por resolver. Muitas pessoas do ‘interior’ do concelho têm falta de transportes, de equipamentos sociais, vivem em situações de exclusão social, e ninguém faz nada por elas. Sou contactado diariamente para mudar este estado de coisas e é aí que vai incidir a nossa ação, se vencermos estas eleições”, justifica.
“Decidi avançar porque acredito que o concelho merece mais. Não estou sozinho nesta corrida. Temos na candidatura à câmara, à assembleia municipal, às juntas de freguesia, mulheres e homens deste concelho, protagonistas da vida social e económica, empenhados em trabalhar para resolver os problemas que se arrastam há demasiado tempo ou não foram alvo de atenção”, anota.
Fernando Curto sublinha que Oeiras “precisa de um novo rumo”, e que é possível “fazer mais”, designadamente na educação, na saúde, na mobilidade, pelo património, pelas famílias, pelos mais velhos e mais novos, pela habitação, por um concelho “mais inclusivo, mais digital (o socialista diz que “é ridículo que um concelho como Oeiras, que se orgulha de ser uma dos mais desenvolvidos do pais, não ter rede wi-fi digna desse nome, quando em Penamacor – de onde é originário – haver rede wi-fi livre para todos há muito tempo), mas também quer um concelho mais atento e ativo no combate às alterações climáticas – Poço não concorda que a política de transportes de Oeiras “seja baseada no uso do automóvel”, uma opção que pode “sair muita cara” no futuro, “que já está aí”.
O socialista realça que a sua liderança no futuro executivo terá como foco principal a resolução dos problemas que afetam as pessoas, mas também as coletividades (“nenhuma das nossas coletividades tem as instalações certificadas. Lembra-se da desgraça que aconteceu numa associação há pouco tempo, onde morreram várias pessoas num incêndio?”, questiona), o pequeno comércio, as necessidades de as “pessoas terem uma vida digna”.
Para Fernando Curto, está na hora de voltar a centrar a ação autárquica “em quem realmente precisa: as pessoas” e só haverá uma força política capaz de recentrar a atenção do poder local nas necessidades dos munícipes: “o PS”, atira.
ANDRÉ LEVY | Combate “à especulação imobiliária”
No penúltimo dia de campanha eleitoral, a comitiva da CDU tem andado a auscultar os anseios da população, porta a porta, calcorreando as ruas do concelho. Sem grande aparato mediático, mas com a convicção militante muito particular das hostes comunistas, André Levy faz-se acompanhar de uma dezena de “camaradas de partido” para tentar convencer “que há uma alternativa válida” à gestão de Isaltino Morais.
O candidato da CDU à Câmara Municipal de Oeiras nas eleições autárquicas, André Levy, quer “corrigir as assimetrias” existentes no concelho e “travar a concretização dos grandes projetos imobiliários”.
Em declarações ao OL no terreno, o cabeça de lista da CDU à Câmara de Oeiras explica que uma das grandes prioridades da sua candidatura é “corrigir as assimetrias” que ainda persistem no município.
“Oeiras é um concelho dado como as pessoas terem um elevado rendimento, o que é verdade para muita gente, mas também existem muitas discrepâncias dentro do concelho e muitas assimetrias, em particular entre as zonas mais perto do rio e das linhas ferroviárias e aquelas mais do interior”, aponta.
Outra das alterações preconizadas pelo candidato é “pôr fim a grandes projetos imobiliários” que, no seu entender, são concretizados “muitas vezes com atropelos ao Plano Diretor Municipal (PDM)”.
André Levy assume que o programa eleitoral “assume a marca diferenciador da CDU” e que constitui “um projeto alternativo de gestão participada, transparente e de proximidade” ao reinado de Isaltino Morais.
“O nosso projeto assenta em valores de realização e construção coletivas, pondo o bem comum à frente dos interesses individuais, através da intervenção cívica e política enriquecedora”.
De que forma? “Apenas trabalhando em prol do progresso e do desenvolvimento é possível contribuir para a melhoria das condições de vida das pessoas e da valorização dos territórios”, até porque Oeiras “enfrenta hoje persistentes e profundas assimetrias sociais e desigualdades territoriais. Ter acesso e manter uma habitação digna é cada vez mais difícil, não só para os jovens, como também para as famílias”.
Na opinião de Levy, faltam respostas a uma população envelhecida, “que sofre acentuadamente com carências no acesso a serviços básicos, como a saúde ou a mobilidade”, bem como se tem perpetuado “a especulação imobiliária”, assim como um modelo de mobilidade (assente no automóvel) “insustentável”, que compromete e exclui “largas camadas da população”.
André Levy quer levar a cabo um modelo de governação autárquica que “envolva as populações, eliminando a opacidade entre a gestão autárquica e as reais necessidades sentidas e reivindicadas”, anota.
O candidato comunista revela ao OL que está confiante “num bom resultado da CDU” e que não vira as costas a um eventual acordo para integrar o executivo que tomar conta da cadeira do poder em Oeiras. A CDU, diz Levy, promete travar um intenso combate para que Oeiras seja “justa e sustentável”.
CARLA CASTELO | “Travar o betão”
A candidata do movimento Evoluir Oeiras, que agrupa uma coligação constituída pelo Bloco de Esquerda, Livre e Volt, não tem pejo em assumir que “que quer derrotar Isaltino Morais e “travar o pacto de betão e de alcatrão que manda no concelho há 35 anos”.
A ex-jornalista Carla Castelo, que se assume como independente, lidera um movimento de pessoas “livres” e “independentes” e “muito atento” à realidade e às questões sociais e ambientais.
NUNO GUSMÃO | CDS em pé de guerra
Numo Gusmão, líder da concelhia do CDS há cinco anos, é o cabeça de lista deste partido e não poupa críticas à direção do seu partido (a lista só pôde ser formalizada no último dia do prazo).
Gusmão não gostou deste desleixo e envia críticas veladas à liderança de “Chicão: “É uma coisa de garotos. Não sei se achavam que isto era uma coisa tipo jota, mas não é”, atirou.
Apesar do silêncio dos órgãos nacionais, o candidato centrista diz-se confiante na candidatura e garante que conta com apoios de peso dentro do CDS: “Temos todo o apoio de várias estruturas da distrital de Lisboa e de figuras nacionais como o Nuno Melo ou Adolfo Mesquita Nunes. Contamos com os de sempre”, concretiza.
BRUNO MOURÃO MARTINS | Oposição ao “messianismo” de Isaltino
Bruno Mourão Martins é o candidato da Iniciativa Liberal e garante que “não tem havido uma verdadeira oposição a um presidente messiânico que aposta em obras faraónicas, como o Obelisco no Parque dos Poetas”, aponta o gestor.
O candidato liberal à autarquia de Oeiras é dos fundadores do partido e apresenta-se como alternativa ao “marasmo” e “ao paternalismo político” no município, prometendo fazer “uma forte oposição” a Isaltino Morais.
PEDRO FIDALGO | “Acordar a maioria silenciosa”
Pedro Fidalgo é o candidato do PAN, que tem como pedras basilares responder aos desafios sociais e de sustentabilidade do concelho, com grande foco na aplicação de medidas antidiscriminação e de combate à violência, na reversão das políticas de construção desenfreada em Oeiras, mas também na promoção de mobilidade suave e do desenvolvimento de um Plano Municipal de Proteção, Saúde e Bem-estar animal.
Pedro Fidalgo quer “acordar a maioria silenciosa”, voltar a envolver os cidadãos e a aproximá-los da política.
RUI TEIXEIRA | Replicar experiência autárquica
O atual presidente da União de Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada/Dafundo, Rui Teixeira, está confiante que o trabalho desenvolvido à frente desta autarquia pode capitalizar apoios na hora das eleições.
O candidato do partido Chega assume o compromisso de continuar o trabalho de divulgar e reforçar o potencial humano, turístico, empresarial e cultural e patrimonial do concelho, de que tanto se orgulha.
HÉLDER SÁ | Hospital Veterinário Municipal e combate ao “graffitismo”
O movimento “Viver Ainda Melhor em Oeiras”. apoiados pelo Aliança e pelo PDR, também se apresentam a eleições no concelho.
A candidatura, fruto de uma coligação entre o partido Aliança e o Partido Democrático Republicano – PDR, está «mais virada para as pessoas do que para a obra em si», concorrendo à Assembleia Municipal, Câmara Municipal de Oeiras e à Assembleia das Freguesias de Oeiras-São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias, e à Assembleia das Freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada-Dafundo.
Como prioridades e eixos fundamentais da candidatura, está a melhoria da habitação; nas creches e jardins de Infância, nos centros de dia e lares; na criação de um Hospital Veterinário Municipal; na educação; na videovigilância; no combate ao “graffitismo” e no fomento da mobilidade e acessibilidade.
Hélder Sá, que lidera a candidatura, é funcionário municipal na área de recursos humanos, tendo já desempenhado várias funções na autarquia, bem como constituiu a Comissão de Trabalhadores da câmara municipal de Oeiras, em 2011.
Apesar do apoio dos partidos políticos referidos, a candidatura afirma-se independente, livre, cívico (emergente da sociedade civil oeirense), formada por cidadãos descomprometidos, com voz e estratégia próprias
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