As primeiras medidas anunciadas pelo recém-eleito presidente de Câmara de Loures visam “acabar” com os bairros ilegais que ainda existem no concelho. Ricardo Leão diz que esta intervenção peca por ser tardia e visa “dar dignidade” aos moradores dos bairros de génese ilegal.
A cerimónia pública de tomada de posse da Assembleia Municipal e da Câmara Municipal de Loures, para o mandato 2021-2025, realizou-se no dia 14 de outubro, em Sacavém.
Depois da cerimónia, Ricardo Leão falou com o OLHARES DE LISBOA / OLHAR LOURES para explicar que a primeira medida a tomar neste mandato seria “cumprir uma proposta feita durante a campanha eleitoral”, em concreto, pôr em marcha o plano municipal da reconversão e legalização das Áreas Urbanas de Génese Ilegal (AUGI), um problema que, segundo o novo edil, terá ficado “esquecido” pelo anterior Executivo, mas que urge resolver.
“Amanhã vou estar às primeiras horas da manhã no Cabeço da Aguieira, em Unhos, para tomar como primeira medida simbólica a reconversão e legalização das do nosso concelho. O meu primeiro ato como presidente de Câmara será a reconversão e legalização das AUGI no concelho”.
“Trazer dignidade” às pessoas
No dia seguinte, o presidente e o restante Executivo, deslocaram-se ao Cabeço da Aguieira para prometer solenemente “que a Câmara vai resolver um problema de uma vida, resolver de um verdadeiro drama, de muitas pessoas”.
Os moradores escutaram o novo edil e mostraram-se “muito agradados” com a nova posição da Autarquia, dizendo que achavam “muito bem”. Ricardo Leão, depois de apresentar os seus vereadores, assumiu que este primeiro ato está revestido de grande simbolismo porque o Município tem como primeira prioridade a resolução deste problema.
“Fiz aqui campanha eleitoral e andei a prometer-vos que iria resolver este problema. É por isso que estou aqui hoje, porque não baste prometer, temos de cumprir com aquilo que é anunciado na campanha eleitoral. A minha prioridade enquanto presidente de Câmara é esta. Temos meios financeiros para o fazer, mas há coisas muito importantes para levar a cabo antes da legalização propriamente dita. Há zonas nestes bairros onde não se consegue circular e temos de avançar já com o alcatroamento das ruas e caminhos que não estão transitáveis.
Queremos trazer uma coisa muito concreta: trazer dignidade para este bairro. Temos de limpar os entulhos e as áreas que não estão em condições”, declarou Ricardo Leão, aproveitando para pedir aos moradores “ajuda” no manter das artérias sem lixos e entulhos. “Não abdicamos de trazer dignidade aos sítios onde as pessoas vivem”, clamou, prometendo aos moradores (e às pessoas que nele votaram) que não quer “desiludir nas pessoas que votaram em nós”, concluiu.
Questionado pelo OL sobre a complexidade da resolução deste problema, o edil não se mostrou “embaraçado” e teve resposta pronta: “Não é fácil quando não se quer fazer nada, quando não se quer resolver aquilo que representa um drama na vida das pessoas. Muitas das intervenções que estavam a ser feitas nas AUGI, feitas pelos moradores, vão passar a ser feitas pela Câmara. A Câmara vai chamar a si a responsabilidade de todas as intervenções nas AUGI. De resto, este trabalho de legalização das AUGI já foi feito em concelhos como Odivelas e Sintra. Nós não podemos é atribuir responsabilidades às associações de proprietários, até porque, pelas condicionantes da própria vida, é lhes difícil de andarem a cotizar-se, a pedir pareceres àqueles e aqueloutros. É essa a ideia que quero amanhã transmitir e assumir perante as pessoas. A Câmara vai assumir novas responsabilidades, as infraestruturas e as obras necessárias para a legalização das AUGI seja uma realidade”, reiterou.