A Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Associação Cultural Ephemera apresentaram, esta segunda-feira, dia 10 de abril, a exposição “Sinais da Liberdade – Iconografia da Democracia no Arquivo Ephemera”. Esta mostra está integrada nas comemorações da CML do 49º aniversário do 25 de Abril, intitulada ‘Abril em Flor’ e abre oficialmente ao público na próxima sexta-feira, dia 14, ficando patente no Tribunal da Boa Hora até 28 de maio.
Esta exposição reúne uma série de imagens e objetos datados do pós 25 de abril. Neste sentido, os visitantes poderão encontrar, em ‘Sinais da Liberdade’, patente no Tribunal da Boa Hora, artigos como cartazes, emblemas, autocolantes, postais, faixas, entre outros elementos que simbolizam a liberdade política. A mostra está integrada na iniciativa ‘Abril em Flor’, promovida pela CML. Esta pretende comemorar o 49º aniversário do 25 de abril com diversas iniciativas.
A exposição, por sua vez, é realizada em parceria com a Associação Ephemera e a EGEAC. Nesta visita pelo espaço, aberta à comunicação social, o vereador com o pelouro da Cultura da CML, Diogo Moura, reforçou que o Tribunal da Boa Hora, é “um espaço icónico da cidade” e por isso, mostrou-se satisfeito com a escolha do local. Sobre a Associação Ephemera, Diogo Moura considera que esta “é um poço de conhecimento de toda a história contemporânea”, bem como da “liberdade e do papel dos movimentos políticos”.
Importância da liberdade de expressão
Neste sentido, realçou a importância desta exposição, porque permite recordar os primeiros anos da democracia e transmitir a importância da liberdade de expressão. “É um sinónimo da liberdade política”, acrescentou. Por sua vez, o autarca explicou que esta mostra vai ao encontro daquilo que é “um dos papéis” da Câmara de Lisboa. Ou seja, “divulgar a história do 25 de abril”. Por fim, Diogo Moura relembrou o sucesso da exposição ‘Proibido por Inconveniente’, também da responsabilidade da Associação Ephemera, e que esteve patente no antigo edifício do Diário de Notícias entre os dias 7 e 27 de abril de 2022.
“Esta edição será também um sucesso”, concluiu o vereador, salientando que esta mostra é fruto de “um trabalho entre vários departamentos”. A Associação Cultural Ephemera tem como objetivo preservar as memórias e artigos que marcaram a história contemporânea portuguesa ao longo do século XX. O curador da exposição ‘Sinais da Liberdade’ é o historiador e ex-deputado José Pacheco Pereira, e que conduziu a visita dos jornalistas pelo espaço.
Exposição de 2022 contou com cerca de 10 mil visitantes
De acordo com José Pacheco Pereira, ‘Proibido por Inconveniente‘ teve, em 10 dias, cerca de 10 mil visitantes. Por isso, mostrou-se “convencido” de que a exposição deste ano será igual. No entanto, e para além de Lisboa, a exposição que exibiu os documentos censurados pela PIDE já passou por outras cidades portuguesas e continua a circular pelo país.
O historiador é ainda o responsável pela Associação Ephemera, que tem trabalhado em grande proximidade com a CML. Neste sentido, e dentro deste protocolo, está prevista “uma grande exposição” em 2024, ano em que se celebram cinco décadas após a revolução. Esta irá exibir “documentos e filmes”, bem como “uma enorme quantidade de material inédito e original” sobre o 25 de Abril.
Já sobre ‘Sinais da Liberdade’, José Pacheco Pereira explica que esta é “uma exposição contra a censura e contra as novas formas de censura”. Alguns dos objetos que aqui podem ser encontrados estão artigos como cartazes, calendários, canetas, copos, entre outros artigos de propaganda política. Por isso, “é uma exposição que vive da imagem e da iconografia”, reforçou o historiador.
Todos os partidos da democracia representados em ‘Sinais da Liberdade’
Estes objetos traduzem “a pluralidade da vida política e a pluralidade das imagens”. No entanto, reforçou José Pacheco Pereira, os artigos foram escolhidos por serem os mais significativos do ponto de vista histórico. Por sua vez, foram colocados de acordo com uma sequência cromática, para “valorizar ainda mais o valor icónico das imagens e dos objetos”. O curador da exposição destacou ainda 10 artigos icónicos para conhecer, os quais fazem referências a figuras históricas como Vasco Gonçalves, Mário Soares ou Francisco de Sá Carneiro, entre outras.
Por outro lado, explicou José Pacheco Pereira, houve ainda o cuidado de “diversificar o tipo de objetos” da exposição, que faz referências a todos os partidos políticos dos primeiros anos da democracia. Grande parte destes objetos é referente desta altura, mas há também artigos mais recentes, como por exemplo cartazes do tempo da ‘Troika’, entre outros, para ver em ‘Sinais da Liberdade’. Esta conta também com objetos associados a campanhas autárquicas, algumas delas de figuras como Isaltino Morais (Oeiras) ou Francisco Moita Flores (Santarém).
Acervo é fruto de doações e recolhas junto dos partidos
Esta coleção é o resultado de doações, aquisições e de uma recolha ativa em manifestações e sedes partidárias. ‘Sinais da Liberdade’ tem entrada livre e estará patente ao público no Tribunal da Boa Hora entre os dias 14 de abril e 28 de maio.
Contudo, e para além desta exposição, a Associação Ephemera tem ainda mais nove espalhadas pelo país. No dia 17 de abril vai inaugurar a exposição AC/DC, na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (Instituto Politécnico de Setúbal), e que retrata os tempos da pandemia da Covid-19.