O Metropolitano de Lisboa vai colocar em prática mais um conjunto de medidas para mitigar os constrangimentos causados com o encerramento provisório da estação Telheiras e do troço Campo Grande/ Cidade Universitária. Mas as promessas da administração do Metropolitano não convencem à Câmara de Loures que exige soluções para as situações de caos e de insegurança que se têm verificado.
A linha Verde do Metro de Lisboa será reforçada com mais três carruagens e a linha Amarela com mais uma, a partir de 20 de junho. O objetivo é minimizar os impactos das obras de expansão da rede, informou hoje a empresa. Mas, mesmo assim, os vereadores da Câmara de Loures alertam para o caos e insegurança que existe. Em consequência, há utentes a aglomerarem-se nos cais das estações e as carruagens a circular completamente cheias.
Em conferência de imprensa, o presidente do conselho de administração do Metropolitano de Lisboa (ML), Vítor Domingues, revelou um conjunto de medidas para “mitigar os constrangimentos” causados pelo encerramento provisório dos troços Telheiras – Campo Grande (linha Verde) e Campo Grande – Cidade Universitária (linha Amarela), devido às obras de expansão da rede.
Normalidade só em julho
A retoma da circulação de comboios com “seis carruagens (capacidade máxima) na linha Verde e de quatro vagões no troço Odivelas/Campo Grande da linha Amarela só se verificará a partir de 20 de junho. No entanto, o presidente do ML ressalvou que esta data “ainda poderá ser antecipada”.
Atualmente, a circulação na linha Verde e no troço Odivelas – Campo Grande da linha Amarela é feita com apenas três carruagens. Apesar deste reforço, os troços entre Telheiras – Campo Grande e Campo Grande – Cidade Universitária permanecerão encerrados até 7 de julho. A interrupção começou em 2 de maio, devido às obras de expansão.
A partir das 6h30 horas de 8 de julho está previsto o retomar da normal circulação em toda a extensão das linhas Verde e Amarela. Igualmente, a administração do ML anunciou que irá disponibilizar autocarros “vaivém” entre a Cidade Universitária e o Campo Grande nos dias de jogo do Sporting (13 e 21 de maio), no Estádio José de Alvalade, e na Bênção das Fitas (20 de maio).
Reforço de equipas
Ao mesmo tempo, o ML vai também reforçar as equipas. Para tal, contará com pessoal próprio na estação do Campo Grande e em outras que se justifique. O objetivo é ajudar a circulação das pessoas, na entrada e saída de passageiros das composições.
“O Metropolitano lamenta os transtornos causados, mas reafirma que estes constrangimentos no funcionamento do serviço de transporte são imprescindíveis para a execução dos trabalhos”, afirmou Vítor Domingues.
Os constrangimentos na circulação do Metro de Lisboa têm sido alvo de várias críticas por parte de utentes, autarcas e ambientalistas. Questionado pelos jornalistas sobre estas críticas, o presidente do conselho de administração do ML assegurou que a empresa fez “tudo o que podia para encontrar alternativas” que teriam de “ser obrigatoriamente através de transporte rodoviário”.
“Para conseguir substituir um comboio metropolitano tinha que arranjar cerca de oito autocarros com frequência de permanência de cinco minutos. Nós não conseguimos isso. O que nós tentámos foi arranjar carreiras alternativas dentro do possível”, sublinhou.
Falta de motoristas
A esse propósito, Vítor Domingues referiu que o ML contactou a Carris, a TML (Transportes Metropolitanos de Lisboa) e um operador de transportes do Porto, justificando as dificuldades com a escassez de motoristas.
“Não sei se é do vosso conhecimento, mas há, efetivamente, uma falta enorme de motoristas. Não é um problema português. É um problema da Europa”, apontou. Os trabalhos que estão a decorrer, vão possibilitar a ligação dos novos viadutos do Campo Grande à infraestrutura atualmente existente.
O objetivo é permitir a futura entrada em exploração da já anunciada nova linha circular. Serão também instalados “novos aparelhos de mudança de via”, para possibilitar novas ligações entre as estações abrangidas.
Com inauguração prevista em 2024, a nova linha circular vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede. Deste modo, irá criar um anel circular no centro de Lisboa e interfaces que conjugam e integram vários modos de transporte.
O Metropolitano de Lisboa opera diariamente com quatro linhas. São elas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião).
Utentes de Loures preocupados com segurança
Mas, apesar das promessas da administração do Metropolitano de Lisboa, a Câmara Municipal de Loures não se mostra convencida. Em reunião de Câmara, realizada esta quarta-feira, 10 de Maio, os vereadores da CDU apresentaram uma moção. O documento exige soluções para as situações de caos e de insegurança que se têm verificado na Linha Verde e que estão a afetar milhares de utentes oriundos do concelho de Loures. A moção foi aprovada por unanimidade.
Para a Câmara de Loures, os utentes do sistema de transportes públicos da cidade de Lisboa – em particular os oriundos do concelho – têm sido confrontados desde 15 de Abril com o agravamento das dificuldades nas suas deslocações de e para Lisboa.
A decisão de suspensão, agravada pela redução para comboios de três carruagens na Linha Verde, tem estado a criar uma situação de caos e insegurança. Isto leva a que os utentes a se aglomerem nos cais das estações e as carruagens circulem completamente cheias.
Por outro lado, o reforço do serviço da Carris (anunciado pela Câmara Municipal de Lisboa) tem-se manifestado claramente insuficiente para fazer face a estas necessidades. No entanto, acusa a mesma moção, não se vislumbra qualquer tentativa de solução por parte do Metropolitano de Lisboa.
Utentes e autarcas querem soluções urgentes
Por isso, os autarcas exigem uma solução urgente para os graves problemas causados pelas obras do Metro de Lisboa. Ao mesmo tempo, devem ser mobilizados todos os recursos disponíveis e envolvidos todos os operadores da cidade. A responsabilidade do Metropolitano é evidente e inquestionável.
A situação da interrupção do Metro exige que a empresa assuma as suas responsabilidades. Desta forma, pede-se uma solução de transportes alternativos para dar resposta a estas interrupções. Contudo, não se pede apenas o reforço das carreiras da Carris existentes, mas também a implementação de autocarros específicos entre os troços interrompidos. Ao mesmo tempo, exige-se ainda a criação de circuitos complementares aos existentes.
Assim, utentes e autarcas solicitam que o Metro de Lisboa encontre soluções para as situações de caos e de insegurança que se têm verificado na Linha Verde, com a circulação de apenas três carruagens por comboio que afetam diariamente os munícipes de Loures que se deslocam para Lisboa e o seu inverso.