MARCHAS DE LISBOA JÁ COMEÇARAM A DESFILAR NA ALTICE ARENA

É a grande noite das marchas

A Altice Arena recebeu, esta sexta-feira, dia 2 de junho, o primeiro de três dias de exibições das Marchas Populares de Lisboa. Voz do Operário, São Domingos de Benfica, Bairro da Boavista, Madragoa, Graça, Bica, Alto do Pina e Lumiar foram os bairros que desfilaram. Este sábado, dia 3 de junho, é a vez das Marchas dos Mercados, Olivais, Castelo, Alcântara, Mouraria, Bairro Alto, Carnide e Belém.

“Yé, yé, yé, a minha marcha é que é!”, gritavam as várias claques, que foram à Altice Arena para apoiar o bairro do seu coração. Com cartazes, camisolas ou cachecóis, foram imensas as pessoas que fizeram questão de vir ao pavilhão dar apoio aos marchantes. Recorde-se que este é um dos primeiros momentos do concurso em que as marchas estão a ser avaliadas pelo júri.

“É a grande noite das marchas”, referiu Vanessa Oliveira, apresentadora da RTP. Já o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, reforçou que estas “são as noites de Lisboa”. O autarca acompanhou de perto os ensaios de todas as marchas e constatou “a dedicação, a paixão e a entrega” de cada um dos marchantes.

Por isso, reforçou “que nunca abandonará as marchas, pois elas são a alma da cidade”, e nesse sentido, referiu que “quer continuar a apoiar” esta tradição lisboeta, com 90 anos de história. A edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa tem como tema central o centenário do Parque Mayer. “Vocês são os melhores lisboetas”, finalizou o autarca, fã assumido do evento.

Voz do Operário

A primeira marcha a desfilar na Altice Arena foi a Marcha Infantil ‘A Voz do Operário’, marcha extraconcurso, com o tema ‘140 anos a aprender e a ensinar’. No ano em que celebra o 140º aniversário, a instituição juntou a sua festa com os 100 anos do Parque Mayer. Por isso, os seus arcos faziam menções a espaços icónicos da cidade, tais como o Teatro Politeama, o Teatro ABC, o Capitólio, entre outros.

A Marcha Infantil ‘A Voz do Operário’ apresentou as marchas inéditas ‘Ter Amigos a Valer’, de Ricardo Gonçalves Dias e Carlos Alberto Vidal e ‘140 Anos a Aprender e a Ensinar’, com letra de Sara da Costa e música de Carlos Alberto Vidal. Já a terceira marcha foi ‘Queremos Um Dia’, escrita por José Jorge Letria e composta por Carlos Alberto Moniz. O responsável pela marcha é Vítor Agostinho. A ensaiadora é Sofia Cruz, o figurinista e cenógrafo é Nuno Lopes e os padrinhos são Hélder Agapito e Inês Curado. Os mascotes são Aília Oliveira e Daniel Silva.

São Domingos de Benfica

São Domingos de Benfica está de volta ao concurso das Marchas Populares de Lisboa cinco anos depois. Este ano, a freguesia homenageou a sua Luz, lembrando que uma das instituições mais conhecidas do país – o Sport Lisboa e Benfica – está no seu território. ‘A Luz de São Domingos’ foi o tema apresentado e cruza a história deste clube com a de Eugénio Salvador, que, para além de futebolista, foi ainda ator e dançarino no Parque Mayer.

Trajados de vermelho, os 48 marchantes desfilaram com três marchas da autoria de Bruno Frazão e Artur Jordão. São elas ‘A Luz de São Domingos’, ‘A Ti…Eugénio Salvador’, e ‘São Domingos a Marchar’. No meio do desfile, surgiu em palco uma réplica do Estádio da Luz, onde alguns marchantes homens se vestiram de jogador de futebol, encenando depois uma partida.

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A Marcha de São Domingos de Benfica é organizada pela Comissão de Moradores. Isabel Mendes é a responsável da marcha, e Bruno Frazão o ensaiador, figurinista e cenógrafo. Já os padrinhos são Toni, ex-jogador do Benfica, e a modelo e apresentadora Jani Gabriel. Os mascotes são o David e a Teresa Correia.

Bairro da Boavista

O Bairro da Boavista participa no concurso das Marchas Populares de Lisboa desde 2016. Em 2023, o bairro homenageia ‘A Chegada dos Saloios a Lisboa’, recuando aos finais do século XIX e aos início das Portas de Benfica. Era neste local que passavam os comerciantes oriundos das vilas e aldeias e que chegavam à capital em carroças, em burros ou a pé.

É a estes saloios que o Bairro da Boavista faz alusão no seu figurino, em tons de vermelho, verde e dourado. Por outro lado, os arcos recordam grandes nomes do teatro, tais como Vasco Santana ou Beatriz Costa. As marchas inéditas apresentadas são da autoria de Flávio Gil e João Aborim. São elas ‘O Bairro mais Belo’ e ‘Lisboa mais Colorida’. Já a terceira marcha é ‘Maria Papoila’, escrita por Alberto Barbosa, José Galhardo e Vasco Santana. A música é de Raul Ferrão e o arranjo musical é de Carlos Dionísio.

A Marcha do Bairro da Boavista é organizada pela Associação Recreativa de Moradores e Amigos do Bairro da Boavista e a sua responsável é Anabela Rebelo. O ensaiador é Rafael Ribeiro Rodrigues, o figurinista Paulo Miranda e a cenografia de Origami. Os padrinhos são os atores Rita Blanco e José Raposo e os mascotes Mara Silva e Rodrigo Metrogos.

Marcha da Madragoa

A terceira marcha que se apresentou neste primeiro dia de exibições na Altice Arena foi a campeã de 2022, a Madragoa. Como sempre, fez alusão às suas origens piscatórias, e os marchantes, novamente descalços, vestiram-se em tons de azul para simbolizar o Tejo. Ao mesmo tempo, como os nós das amarras de uma fragata, são um povo unido e forte. A Madragoa marcha desde 1932 e este ano, apresentou o tema ‘Nós, Madragoa’.

Este é também o tema da marcha inédita 1, da autoria de Mariana Peres e João Medeiros (letras) e António Duarte Bahuto (música), que também escreveram a marcha inédita 2, intitulada ‘Chamem a Madragoa’. A última marcha apresentada foi ‘Marcha da Madragoa 1955’, com letra de J.Matos Sequeira, António Melo e arranjo musical de Francisco Bahuto. A Marcha da Madragoa é organizada pelo Esperança Atlético Clube e o seu responsável é Nuno Soares.

João Medeiros é o figurinista, ensaiador e cenógrafo da Marcha da Madragoa. Já os padrinhos são a influenciadora digital Ana Garcia Martins (‘Pipoca Mais Doce’) e António Bravo, ex-concorrente do ‘Big Brother’. Ariana Sanhá e Tomás Almeida são os mascotes.

Marcha da Graça

A Graça é outro regresso ao concurso das Marchas Populares de Lisboa. A participar desde 1935, a Marcha da Graça trouxe para a Altice Arena uma ‘Máquina do Tempo’, recordando os primeiros anos do concurso e um pouco daquilo que é a história do bairro. Com figurinos em tons de azul, vermelho e dourado, a Marcha da Graça desfilou sob o tema ‘Máquina do Tempo – corpo no presente, alma no passado’.

Vasco Cruz (música e letra) e José Silva (arranjos musicais) são os autores das duas marchas inéditas apresentadas, que têm como título ‘Alma do Passado’ e ‘Ser Marchante’. Já a terceira marcha é ‘Arraial da Graça’, também de Vasco Cruz e José Silva. A Marcha da Graça é organizada pelo Clube Desportivo da Graça, cujo responsável é Rui Vicente.

Vasco Cruz é também figurinista e cenógrafo da Marcha da Graça, tendo sido também o seu ensaiador, juntamente com Filipe Coelho. Os padrinhos são os atores Noémia Costa e Quimbé e os mascotes Núria Correia e Tiago Fonseca.

Marcha da Bica

‘Um cantinho para a gente’ foi o tema apresentado pela Bica, lembrando que este é um dos bairros típicos da cidade que sofre com a especulação imobiliária, que leva ao fim de muitas coletividades e afastamento dos seus moradores. É esse pedido que a Bica estende ao Parque Mayer, que é palco de excelência da cultura e das tradições lisboetas. Em tons de azul e verde, a Bica demonstra o seu amor ao bairro com os arcos em formato de coração.

‘O Parque aqui ao Lado’ é o tema da marcha inédita 1, escrita por Tiago Torres da Silva e composta por João Filipe. Tiago Torres da Silva escreveu também a marcha inédita 2, ‘Um Cantinho para a Gente’, que conta com a composição de Miguel Ramos. A terceira marcha apresentada foi ‘Ao Jeito da Bica’, de Alves Coelho Filho e Frederico de Brito.

A Marcha da Bica é organizada pelo Marítimo Lisboa Clube, e o responsável da mesma é Pedro Duarte. Os padrinhos da marcha, em 2023, foram a atriz Débora Monteiro e Tiago Torres da Silva. Íris Domingues e Pedro Sousa são os mascotes.

Marcha do Alto do Pina

Em 2023, o Alto do Pina celebrou o amor, com o tema ‘O Amor entre o povo e a fidalguia – a cigana e o fidalgo’. No século XVII, chega a Lisboa um povo nómada, os ciganos. As mulheres ganhavam papel de destaque, com um jeito próprio que enfeitiçava qualquer um. Reza a história que, no século XVIII, um dos nobres que habitava a Quinta das Ameias (atual Casal Vistoso) ter-se-á apaixonado perdidamente por uma cigana.

É isso que a Marcha do Alto do Pina, em 2023, aborda na sua marcha, com as mulheres a representarem as ciganas alegres e dançantes e os homens os nobres que se perdem de amores por elas. O Alto do Pina apresentou duas marchas inéditas, ‘Amar sem Preconceito’ e ‘Te Quero, Te Quero’, ambas da autoria de Filipa Cardoso, Gonçalo Cardoso e Nuno Feist.

Já a terceira marcha foi ‘Festa Calé’, de Carlos Mendonça e Carlos Dionísio. A Marcha do Alto do Pina é organizada pelo Ginásio do Alto do Pina, cujo responsável é Marco Campos. Os figurinos e a cenografia são do Atelier Impacto Visual e Bruno Vidal foi o ensaiador da marcha. Os padrinhos foram a apresentadora Teresa Guilherme e o pasteleiro Marco Costa e os mascotes Luena Campos e Gonçalo Júnior Cardoso.

Marcha do Lumiar

A última marcha a desfilar neste último dia de exibições na Altice Arena foi o Lumiar. Com o tema ‘Parque Mayer, o melhor está para vir’, os marchantes representaram um teatro de revista, tão típico daquele espaço cultural. Ao mesmo tempo, o tema escolhido retrata uma época em que a Velha e a Nova Lisboa se cruzavam, e onde os marchantes acabaram por fazer algumas sátiras a temas como os impostos ou o desemprego. A Marcha do Lumiar apresentou duas marchas inéditas, ambas de Nuno Nazareth Fernandes.

Os temas são ‘O Parque já fez 100 anos’ e ‘Lumiar, Lumiar, não te deixes enganar’. A terceira marcha escolhida foi ‘Lumiar levanta os braços’. Esta marcha é organizada pela Academia Musical 1 de Junho de 1893 e o responsável é Artur Botão. Os ensaiadores são Hugo Miguel Barros e Sara Alves Brandão.

Os figurinos e a cenografia são de Brandão & Barros, que contaram com o apoio de Sara Alves Brandão e Carlos Ferreira, respetivamente. Os padrinhos são o comentador social Flávio Furtado e a influenciadora digital Bruna Gomes. Os mascotes são Olívia Ferreira e Lourenço Pinto.

Descrever a emoção das marchas para quem não consegue ver

Anaísa Raquel e Joana Saraiva trabalham na AR Produções, empresa que faz serviços de audiodescrição. Ambas estavam a assistir às exibições na Altice Arena, “para estudar os figurinos, os passos, as danças”, detalhes estes que serão depois inseridos na audiodescrição da transmissão televisiva do desfile na Avenida da Liberdade, na noite de 12 de junho.

Esta é a sétima vez que a empresa colabora com a RTP na audiodescrição das Marchas Populares de Lisboa. No entanto, e pela primeira vez, a transmissão televisiva dos Casamentos de Santo António, também no dia 12, terá audiodescrição, explicou Anaísa ao Olhares de Lisboa, à margem das exibições das marchas.

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