LISBOA INVESTE NA INSTALAÇÃO DE HUB DO MAR

A Câmara e o Porto de Lisboa assinaram um protocolo para instalar na Doca de Pedrouços o ‘Shared Ocean Lab’, uma “fábrica de unicórnios” para potenciar novas empresas e negócios de investigação e inovação relacionados com o mar.

A Câmara de Lisboa celebrou um contrato de concessão com a APL – Administração do Porto de Lisboa para instalar o Hub do Mar, na Doca de Pedrouços, investindo 26 milhões de euros até 2098.

O Hub do Mar é um projeto de “economia azul de base descarbonizante e sustentável”, num investimento de 37 milhões de euros, dos quais 31,5 milhões do PRR e cerca de seis milhões do município.

“É um dia muito importante e é isso que assinalamos aqui. É um dia em que lançamos aquilo que é a visão de Lisboa no concreto, essa cidade da inovação, das empresas, na área do mar, dos oceanos. São 31 milhões de euros, através de candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência. Temos de agradecer à União Europeia. São 7.500 metros quadrados onde vamos ter cientistas e empresas a criar valor”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa.

Carlos Moedas (PSD) falava no final da cerimónia de assinatura do protocolo, na qual também participou o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Administração do Porto de Lisboa, Carlos Correia, que realçou que o Hub do Mar, vai intervir em 66 hectares de terreno, nos concelhos de Lisboa e Oeiras.

Uso partilhado

“Estas serão infraestruturas de uso partilhado onde se poderão desenvolver múltiplos projetos de investigação e inovação”, salientou Carlos Correia, adiantando o que o Hub do Mar vai ainda incluir “um espaço dedicado a um biobanco nacional de recursos marinhos, com todo o equipamento laboratorial para a sua manutenção, assim como um datacenter associado ao Hub Azul”, que é a Rede de Infraestruturas para a Economia Azul.

O ministro das Infraestruturas, por seu turno, realçou que o investimento de 31 milhões de euros do PRR é 100% a fundo perdido, para construir na Doca de Pedrouços um novo edifício chamado de Shared Ocean Lab (laboratório oceano partilhado), que vai ter vários laboratórios para diferentes tipos de atividades da economia azul e espaços cientificamente equipados, inclusive para prototipagem e biorefinarias.

“Temos excelente investigação na área das biotecnologias. Agora é preciso passar de facto para a economia produtiva”, defendeu João Galamba, realçando a importância de Portugal aprofundar a sua relação com o mar, “reconhecendo o seu potencial para ser um fator determinante para o crescimento económico do país”.

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A importância do mar

“Agora todos entendemos a importância de termos um país e uma União Europeia mais autónomos do ponto de vista industrial, energético e alimentar. Se juntarmos o cenário da emergência climática que vivemos e os problemas ecológicos relacionados com a perda da biodiversidade, a poluição marinha, o aquecimento, a acidificação e a desoxigenação do oceano, o caminho a seguir torna-se de facto mais claro: temos de mudar rapidamente o nosso paradigma de desenvolvimento para um modelo económico descarbonizado, circular e de base biológica”, declarou o ministro, acrescentado que, para este efeito, os setores da economia azul, em que se inclui o Hub do Mar em Lisboa, podem ter um papel fundamental.

Unicórnios do mar

O presidente da Câmara de Lisboa salientou, por seu turno: “É para nós um dia extremamente importante. Construímos a Fábrica de Unicórnios no ‘hub’ do Beato e agora vamos ter aqui uma ‘fábrica de unicórnios do mar’, onde vamos ter todas estas empresas que se vão desenvolver e Lisboa tornar-se esse centro de inovação”, assegurando ao ministro que “a Câmara não vai falhar” na concretização deste objetivo.

A rede Hub Azul, que inclui Lisboa, Oeiras, Porto, Matosinhos, Algarve, Peniche e Açores, com um investimento total de 87 milhões de euros, entre os 252 milhões previstos do PRR para desenvolver uma economia do mar, vai ser “um pontapé de saída muito importante” para fazer a interligação entre a ciência e inovação e o mundo empresarial neste domínio, inclusive na biotecnologia azul com as farmacêuticas, nas engenharias dos sensores, dos módulos subaquáticos autónomos e na área da aquicultura.

A assinatura do protocolo para a instalação do ‘Shared Ocean Lab’ numa das naves do futuro ‘Ocean Campus’, na Doca de Pedrouços, decorreu a bordo da embarcação Gaivota do Mar.

Além dos 31 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, que serão investidos na reabilitação do espaço e na instalação do projeto, estão ainda previstos mais 26 milhões de euros pelo aluguer do espaço.

Segundo a proposta aprovada pela câmara, o protocolo pretende o uso privativo de uma parcela de domínio público em Pedrouços para a instalação do Hub do Mar de Lisboa — Polo de Empresas e ‘Shared Ocean Lab’ [laboratório oceano partilhado] “pelo prazo de 75 anos”, com os respetivos encargos financeiros, no valor total estimado de 26.080.243,20 euros.

Utilização privativa

O contrato de concessão com o Porto de Lisboa prevê que o investimento do município de Lisboa “no direito de utilização privativa de uma parcela do domínio público (hídrico) do Estado Português” afeta ao Porto de Lisboa e integrada na respetiva área de jurisdição, com a área de 7.484,00 m2 [metros quadrados], “incluindo a nave jusante sita junto à Doca de Pedrouços, para instalação do Hub do Mar”.

Em 11 de março de 2022, foi assinado um acordo de consórcio entre o município de Lisboa, a Docapesca, o Fórum Oceano, o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) e a Universidade de Lisboa, com a candidatura aos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), solicitando 31 milhões de euros para a construção do Hub do Mar.

Apelidado por Carlos Moedas como Hub dos Futuros Unicórnios do Mar, o projeto pretende ser “uma infraestrutura com capacidade de cimentar e potenciar uma economia azul sustentável e circular, que contribua para robustecer um ecossistema altamente inovador e empreendedor”.

Investigação e inovação

O projeto pretende ainda promover “atividades de investigação e inovação, prototipagem e testagem, funcionando como um elo agregador, gerador de complementaridades e de sinergias que potenciem as condições ideais para o sucesso de soluções inovadoras e de novos negócios”.

O projeto do Hub do Mar integrou o programa eleitoral da coligação Novos Tempos (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) nas eleições autárquicas de setembro de 2021, em que o social-democrata Carlos Moedas derrotou o socialista Fernando Medina na conquista da presidência da Câmara de Lisboa.

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