Cerca de 20 mil voluntários reuniram-se na tarde deste domingo, dia 6 de agosto, naquele que foi o último momento do Papa Francisco em Portugal e da Jornada Mundial da Juventude. O encontro teve lugar no Passeio Marítimo de Algés. Da parte da manhã, o Sumo Pontífice realizou a Missa de Envio no Parque Tejo, onde anunciou a próxima cidade anfitriã da JMJ, em 2027: Seul, capital da Coreia do Sul, na Ásia.
Neste encontro com os voluntários, o Papa Francisco ouviu os testemunhos de três jovens. Uma delas foi Chiara, que referiu que “partilhar a fé é uma escolha incrível. Agora, tive oportunidade de partilhar esta alegria e senti que sou completamente amada”, acrescentou a jovem. Já Francisco, voluntário português, disse que a JMJ “foi uma verdadeira jornada, um caminho. É de coração mais cheio que aqui estou”, disse. O jovem reforçou que já tinha feito voluntariado, mas que esta experiência na Jornada Mundial da Juventude o ajudou a descobrir que quer “ser santo”.
Por sua vez, o terceiro voluntário a subir ao palco também é português e chama-se Filipe. “Ser voluntário é motivo de gratidão a Deus”, sublinha, lembrando que a preparação para a JMJ é um trabalho de meses. “É uma tarefa impossível de resumir a experiência da jornada. É um encontro muito pessoal com o Senhor”, acrescentou. Filipe estava em representação da paróquia de Mem Martins, no concelho de Sintra, e disse ainda que a JMJ “ foi uma experiência de verdadeira comunidade eclesial. É o amor que se sentiu e se sente em cada pessoa aqui presente”.
De acordo com o jovem, que teve a oportunidade de cumprimentar o Papa, assim como o fez o seu colega anterior, “a juventude não está desligada da fé. Há muitos jovens que reconhecem Jesus como portador de paz”. Desta forma, reforçou que a sua paróquia tem “300 jovens” envolvidos nas atividades e que grande parte deles se associou à preparação da JMJ. A seguir, discursou o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que agradeceu ao Santo Padre mas também ao bispo D. Américo Aguiar, o voluntário número 1 da JMJ e responsável pela sua organização.
Trabalho dos voluntários foi essencial
Segundo o cardeal patriarca, a JMJ em Lisboa “foi uma experiência inolvidável” e que estes voluntários são “a geração JMJ2023″. Por fim, voltou a agradecer ao Papa Francisco, considerando que “esta jornada foi especialmente vossa”. Já para o líder da Igreja Católica, o trabalho dos voluntários foi essencial para o sucesso da JMJ. “Lutastes durante vários meses, de forma escondida, sem barulho e sem protagonismos, para que todos pudéssemos encontrar-nos aqui”, reforçou.
No mesmo sentido, referiu ainda que “mais do que trabalho, o vosso foi um serviço e o serviço é o primeiro testemunho daquilo que dissemos nestes dias: o amor é gratuito, ama-se com as obras, amar faz-nos felizes.”, acrescentou. Ainda de acordo com o Papa, os voluntários, mesmos cansados, continuaram a cumprir a sua missão “sempre com o sorriso e de olhos luminosos. Correstes sabendo para onde ir: ao encontro de irmãos e irmãs concretos para os amar e servir em nome de Jesus”.
Continuar o trabalho da JMJ
Fazendo referência aos discursos dos três jovens voluntários, o Santo Padre disse ainda que “esta jornada ajuda a reordenar a nossa vida”, e para pôr ordem nela, é necessário “dilatar o coração”. Ao mesmo tempo, incentivou os jovens a continuarem o trabalho feito durante o evento, “porque a JMJ continua amanhã, em casa, na paróquia, na escola e na universidade.”
Por outro lado, o Papa Francisco comparou o trabalho dos voluntários às ondas da Nazaré. “Nestes dias, também enfrentastes uma onda enorme, não de água, mas de jovens que afluíram a esta cidade”, reconhecendo que estes voluntários conseguiram “cavalgar esta onda”. Neste sentido, instigou ainda os jovens a serem surfistas do amor”. Finalmente, concluiu o seu discurso pedindo aos jovens que rezem por si. De seguida, rezou o Pai Nosso juntamente com os jovens, antes de partir para a Base Aérea de Figo Maduro, onde, pelas 18h00, partiu de regresso para Roma.
JMJ foi “um sucesso”, considera Marcelo Rebelo de Sousa
Presente neste evento, o Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa considerou que a JMJ foi “um sucesso para Portugal” e confirmou que irá marcar presença na Coreia do Sul em 2027. Segundo o chefe de estado, o evento foi “um grande sucesso para Portugal lá fora”, realçando também a “grande projeção cá dentro”, com uma “mobilização muito grande de todo o país”. No mesmo balanço, o PR disse ainda que a JMJ trouxe um “sinal de esperança, a mensagem de esperança do Papa, de juventude, de futuro”, sendo isso “aquilo que o país precisa”.
Para além do evento em Algés, Marcelo Rebelo de Sousa marcou presença em quase todas as iniciativas da JMJ, sublinhando que fez especial questão de estar neste para agradecer aos voluntários, que “foram excecionais”, juntamente com as forças de segurança. No entanto, para além do chefe de estado, estiveram também no Passeio Marítimo de Algés o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, entre outros.
Oeiras vai organizar encontro neocatecumenal esta segunda-feira
Contudo, e apesar do final da JMJ, a Câmara de Oeiras anunciou que vai organizar, esta segunda-feira, dia 7 de agosto, um último evento no Passeio Marítimo de Algés e que vau juntar cerca de 80 mil jovens. Assim, o Encontro do Caminho Neocatecumenal está marcado para as 16h30, e será o último evento que o concelho de Oeiras organiza no âmbito da Jornada Mundial da Juventude. Segundo dados da autarquia, foram cerca de 300 mil peregrinos que passaram pelo concelho durante toda a semana.
Por sua vez, estes jovens ficaram acolhidos em equipamentos escolares e desportivos do concelho, bem como em famílias de acolhimento. No dia 1 de agosto, primeiro dia da JMJ, aconteceu o Encontro Nacional de Peregrinos Franceses, sendo que, no dia 2, foi a vez do Encontro Nacional de Peregrinos Italianos. Cada um destes dois eventos reuniu cerca de 40 mil pessoas.
“Não tenham medo”, pediu Papa Francisco na Missa de Envio
Já na manhã deste domingo, na Missa de Envio celebrada no Parque Tejo, o Papa disse aos jovens que Jesus “lê os vossos corações e hoje diz-vos, aqui em Lisboa, para que não tenham medo”. “Vocês jovens que cultivam sonhos grandes, às vezes ofuscados pelo medo de não os verem realizados, pensam que não vão ser capazes. Vocês que são o presente e o futuro, digo-vos para não terem medo”, reforçou. Segundo os dados do Vaticano, nesta missa estiveram presentes novamente cerca de 1,5 milhões de peregrinos.
Aos fiéis, o Santo Padre questionou ainda os jovens sobre o “que levamos conosco quando regressarmos ao vale da vida quotidiana?” Aqui, o Santo Padre respondeu: “resplandecer, ouvir e não temer”. Por outro lado, o líder da Igreja Católica lembrou que, algumas vezes, precisamos “de luz para enfrentar a escuridão da noite, os desafios da vida e os medos que nos inquietam”.
No entanto, referiu que esta luz não vem “quando nos colocamos sob os holofotes, quando exibimos uma imagem perfeita e nos sentimos fortes e bem arranjados”, mas sim “quando acolhemos Jesus e aprendemos a amar como ele”. Por fim, o Papa Francisco apelou aos jovens para que escutem Jesus, porque “só Ele é o caminho do amor”.
Coreia do Sul receberá a próxima JMJ
No final da homília, o Santo Padre anunciou a cidade anfitriã da próxima Jornada Mundial da Juventude: Seul. A capital da Coreia do Sul irá receber e organizar o evento em 2027. No entanto, em 2025, está ainda marcado o Jubileu dos Jovens em Roma, cidade que recebeu a primeira JMJ, em 1984. O Papa Francisco agradeceu ainda a Portugal e a Lisboa por terem organizado o evento.
“Obrigado ao Senhor Presidente, que nos acompanhou nos eventos destes dias”, mas também “às instituições nacionais e locais pelo apoio e assistência prestados. Obrigado aos Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e leigos. E obrigado a ti, Lisboa, que ficarás na memória destes jovens como casa de fraternidade e cidade de sonhos”, concluiu o Santo Padre.