Há quatro anos fez história ao tornar-se na maior agregação de freguesias do país quando entrou em vigor a reorganização administrativa. Santa Maria Maior juntou o Castelo, Madalena, Mártires, Sacramento, Santa Justa, Santiago, Santo Estêvão, São Cristóvão e São Lourenço, São Miguel, São Nicolau, Sé, Socorro, mas ficou-se por uma das mais pequenas em número de habitantes, cerca de 14 mil.
Reeleito para um novo mandato nas eleições de 1 de outubro, Miguel Coelho está satisfeito pela forma como se demonstrou aos fregueses que “não perdiam, mas sim ampliavam os seus benefícios por estarem numa freguesia com esta dimensão”.
Um ganho que, para o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, não deixava de “garantir que os bairros populares não perderiam a sua identidade”.
“Isso foi conseguido bastante bem. Não noto na população nenhuma nostalgia negativa em relação ao passado. As pessoas estão muito confortáveis e percebem que esta união de freguesias tem muito mais eficácia, mais poderes e mais competências”, acrescenta.
Depois de quatro anos a solidificar a criação de um sentimento de pertença único, a missão do executivo da junta é agora outra para os próximos quatro anos.
“Este é um mandato renovado”, afirma o reeleito Miguel Coelho. “Renovado porque, mantendo a filosofia do anterior projeto, estamos a iniciar um novo ciclo com um conjunto de novas propostas que temos de implementar”, reforça o socialista.
E revela: “neste novo ciclo vamos trabalhar em malha fina, vamos ser mais específicos e trabalhar em cada um dos bairros. Vamos estar mais atentos ao detalhe, que no fundo tem muito a ver com a qualidade de vida das pessoas”.
Um dos exemplos é a melhoria da intervenção no espaço público. “Temos das mais belas praças, ruas, becos e pátios da cidade. Mas temos uma grande dificuldade. Apesar da população ser de 14 mil, frequentam diariamente a nossa freguesia mais de 250 mil pessoas”.
Segundo Miguel Coelho, “isto implica um impacto muito forte sobre o espaço público, com a sua deterioração e desgaste. Teremos de estar mais atentos nessa intervenção”.
E em concreto, no âmbito da higiene urbana. Esta é uma das competências partilhadas com a Câmara Municipal de Lisboa. Às juntas compete lavar e varrer as ruas, à autarquia a recolha do lixo à noite.
Porém, o presidente lembra que por vezes Santa Maria Maior tenha de fazer esse trabalho durante o dia, tal é o fluxo de turistas.
Miguel Coelho admite que há “momentos de rutura porque a junta está dimensionada e artilhados financeiramente para responder a 15 mil habitantes e não a 250 mil por dia”. E dá conta que, apesar do número reduzido de habitantes, “a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior tem o triplo dos custos do que a maioria das outras juntas no que diz respeito à higiene urbana”.
No capítulo das competências, o presidente defende “a lei deverá ser revista de forma a conferir às juntas mais competências”. Por exemplo, “sobre a venda ambulante, autorização de pequena obras, licenciamento, intervenção no espaço rodoviário, e não só pedonal, sobretudo nos bairros históricos, iluminação pública e até ao nível do estacionamento”.
Outra das preocupações dos fregueses prende-se com a questão do alojamento local. Apesar da junta de freguesia não ter qualquer competência, Miguel Coelho defende que “o alojamento local passe a ser licenciado pela câmara, numa altura em que a legislação permite que haja iniciativa autónoma”.
Para o autarca, “ seria preciso estabelecer cotas por bairro, para não por em risco a habitação permanente. As pessoas sentem-se bem com o turismo, porque traz riqueza e emprego. Mas não estão é preparadas para perderem as suas casas”.
Em 2013, uma das expetativas prendia-se com o facto das marchas de Alfama, Mouraria e Castelo passarem a estar na mesma freguesia. Quatro anos depois, o dirigente entende que “a convivência entre coletividades e associações, e também as marchas, tem sido fantástica”.
E acrescenta: “é prova de que os bairros podem coexistir até com uma competitividade saudável, sem nunca perder a noção de que estão numa mesma freguesia”.
Na opinião de Miguel Coelho, “As coletividades são um excelente parceiro para trabalhar em dois setores específicos: jovens e seniores. É nessa perspetiva que temos vindo a dinamizar parcerias. Temos por exemplo uma escola de fado na Mouraria e a escola de marcha em Alfama”.
Questionado sobre quais os grandes projetos que quer colocar em prática, o presidente da Junta de Santa Maria Maior recua à intervenção na Rua dos Remédios no anterior mandato. “Foi uma grande obra nos passeios e na via rodoviário, através de um protocolo de delegação de competências específico. Fizemos a obra em tempo recorde, com substituição integral de esgotos”.
Por isso, “consideramos que neste mandato há intervenções semelhantes em artérias como Calçada de Santo André, Costa do Castelo, Rua da Regueira ou a Rua do Vigário”.
O socialista revela que o executivo “quer ainda criar um plano de mobilidade pedonal em Alfama, para permitir que as pessoas com mais idade e deficiência física possam deslocar-se na colina”.
Apesar de não ser “a mais urgente”, Miguel Coelho destaca como “emblemática” a futura recuperação do chafariz do Largo do Carmo.
Já em termos sociais, a aposta vai para a criação de uma Orquestra Geração. “É um projeto que já existe no país, até aqui em Lisboa, e que tem como objetivo despertar os jovens de diferentes estratos sociais para o objetivo comum de tocarem música, neste caso clássica”.
Fotos : Tomada de Posse mandato 2017/2021
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