O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), Carlos Moedas, lançou, esta quinta-feira, 18 de abril, o livro ‘Liderar com as Pessoas’, onde faz uma retrospectiva da sua vida pessoal e profissional até se tornar presidente da CML. A apresentação foi na Fundação Calouste Gulbenkian, e contou com a presença de diversas personalidades ligadas à vida política.
Carlos Moedas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), apresentou, esta quinta-feira, 18 de abril, a obra Liderar com as Pessoas’, que revela alguns aspetos da sua vida pessoal e profissional até chegar a presidente da maior autarquia do país. O lançamento do livro decorreu no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, e contou com a presença de dezenas de personalidades ligadas à vida política e autárquica. Entre os convidados, estavam o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, membros do Governo, o antigo chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, entre outros. A apresentação começou com uma atuação do maestro Rui Massena, e que antecedeu uma conversa de Carlos Moedas com o jornalista e comentador político Sebastião Bugalho.
Nesta intervenção, o autarca lisboeta começou por referir que esta obra – que já vai para a segunda edição -, é “um livro de vida”. Aqui, revela alguns aspetos da sua vida pessoal e profissional, entre os quais a vinda de Beja para Lisboa para estudar, bem como algumas recordações do tempo em que foi comissário europeu. “Quando falo com jovens, transmito-lhes o sonho europeu”, revelou ainda o presidente da CML na apresentação do seu livro, lembrando que, na sua altura, a única alternativa era emigrar. Por isso, e dada a sua experiência pessoal, “tenho um respeito enorme pelas pessoas que lutam pela sua vida”. Na mesma apresentação, o autarca revelou ainda que nunca teve pretensões políticas, e que o seu principal objetivo “é resolver os problemas das pessoas”.
Carlos Moedas não responde se será recandidato à CML
Sobre se será recandidato em 2025, Carlos Moedas não respondeu, preferindo ressalvar que “vive no presente”. “Quando comecei, não sabia se ia gostar de ser presidente de câmara, mas estou a gostar muito”, prosseguiu. Na mesma entrevista, o autarca lembrou ainda a altura que foi Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, durante a governação de Pedro Passos Coelho, no período da Troika. Neste sentido, lembrou que este foi “um período muito díficil”. “Não houve nenhum período da minha vida tão duro como aquele”, frisou Carlos Moedas, destacando que as medidas de austeridade “foram necessárias”. “Não havia outro Governo capaz de fazer o que Pedro Passos Coelho fez na altura”, defendeu o autarca de Lisboa.
Moedas referiu ainda, na mesma entrevista, que “a política mudou e que os políticos não percebem isso”, lembrando que a política, atualmente, faz-se com as pessoas e ouvindo os seus problemas. “Lembro-me, [quando cheguei à CML], de ter reuniões com os diretores municipais e de os deixar falar, eu queria que eles sugerissem ideias, mas eles não estavam habituados a trabalhar assim”, recordou. O presidente deu ainda como exemplo o Conselho de Cidadãos, onde 50 munícipes da cidade se juntam para sugerir ideias e debater alguns dos problemas da cidade. “As instituições tornaram-se transparentes e bem”, disse ainda o autarca, admitindo que tem “medo da extrema-esquerda e da extrema-direita”.
Moderação é essencial
“As pessoas já não acreditam no sistema”, disse ainda Moedas, que defende “uma moderação” e que se “ incluirmos os extremos [nas instituições], eles comem-nos”. “Os extremos querem destruir as instituições”, prosseguiu, considerando, contudo, que “hoje, o mais díficil, é ser um político moderado”. Por fim, Carlos Moedas disse ainda que os maiores conselhos que pode deixar a um político são “a paciência, o diálogo, a capacidade de ouvir e não reagir nos momentos piores”. “O que este livro nos mostra é que, mesmo em minoria, já fizemos muito [na CML]”, acrescentou o presidente, dando como exemplo medidas como a reabilitação de mais de mil casas, a descida do IRS, ou o objetivo de isentar o IMT aos jovens até aos 35 anos que comprem uma casa até 300 mil euros.
Nesta última questão, Moedas deixou ainda uma crítica à oposição, que tem impedido a aprovação desta medida. “As ideologias são terríveis, e neste caso, os jovens já podiam estar a beneficiar, e não estão [por causa destas ideologias]”, sustentou. ‘Liderar com as Pessoas’ é editado pela Casa das Letras e conta com o prefácio do presidente de França, Emmanuel Macron. No final da apresentação, houve ainda uma sessão de autógrafos. À saída, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que esta obra “não é a coroação de uma carreira”, rejeitando comparações com o livro de Manuel Alegre, lançado há poucos dias.
Marcelo vê Moedas a liderar um Governo
“Para o engenheiro Carlos Moedas ainda está longe o firmamento, mas está relativamente próxima uma meta, ainda que longínqua, e isso é visível na escolha do prefaciador Emmanuel Macron”, prosseguiu. No entanto, o chefe de Estado lembrou que o autarca de Lisboa “não foi escolher nenhum grande autarca francês, nem nenhuma figura do urbanismo ou dessas realidades mais ou menos sofisticadas”, para o prefácio do seu livro. Desta forma, deixa no ar que Carlos Moedas poderá ter a pretensão de seguir os passos do presidente francês.
Para Marcelo, Carlos Moedas faz “uma síntese muito rara na cena política atual entre estas duas linhagens” e reforça que “isso torna-o um político dos mais sofisticados da cena nacional”. O Presidente da República elogiou ainda “a rapidez” com que Moedas “conheceu ou aprendeu Lisboa”, mas sem esquecer “o mundo e a Europa”. “Uma característica muito específica dele é que faz a fusão entre as duas tradições. Começou na ligação às raízes, depois transformou-se num estrangeirado, e regressou às raízes. E funde as duas realidades, o que é muito raro na política portuguesa”, considerou ainda.