Papa homenageou seis mil funcionários da Câmara de Lisboa

Nesta segunda-feira, 22 de julho, realizou-se, nos Paços do Concelho, uma cerimónia de homenagem aos seis mil trabalhadores que estiveram envolvidos na organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que se realizou em Lisboa há quase um ano, em agosto de 2023. Esta distinção foi entregue pelo Papa Francisco, através do Núncio Apostólico, D. Ivo Scappolo.

Realizou-se, esta segunda-feira, 22 de julho, a Cerimónia de Homenagem e Evocação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), nos Paços do Concelho, em Lisboa. O objetivo desta cerimónia era evocar, no dia em que se assinalou um ano da chegada dos símbolos da JMJ a Lisboa, o sucesso daquele que foi o maior evento realizado na cidade. A JMJ realizou-se entre os dias 1 a 5 de agosto de 2023 e trouxe à capital portuguesa milhares de peregrinos de todo o mundo. Na cerimónia de evocação do evento, esteve presente o Núncio Apostólico D. Ivo Scappolo, que entregou, aos dirigentes dos serviços municipais, e que representavam cada um dos seis mil trabalhadores envolvidos, as medalhas que distinguem este trabalho.

“A Sua Santidade, o Papa Francisco, que traz na memória os dias passados em Lisboa, confiou-me o honroso encargo de transmitir, a cada um dos trabalhadores do município olisiponense, que o serviço de todos permaneça bem vivo, no hino de gratidão por ele elevado ao céu. Na verdade, durante meses a fio, com empenho constante, discreto ou mesmo escondido, conseguiram preparar a cidade para receber a luz daqueles jovens que, nos inícios de agosto do ano passado, fizeram de Lisboa a capital do mundo e do futuro. Por esse inestimável serviço, Deus os continua a recompensar, como o fez durante o mencionado evento, por terem dado um brilho de alegria a cada rosto e ao deixar um rasto de esperança em cada rua”, disse o representante da Santa Sé.

Enorme responsabilidade

“Que os frutos recolhidos do trabalho feito em conjunto confirmem a predisposição de todos para prosseguirem colaborando mutuamente, a fim de que, juntos, consigam enfrentar melhor os inúmeros desafios da vida”, concluíu D. Ivo Scappolo. Já o vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), e coordenador da JMJ em Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, referiu que é “uma honra receber este sinal de gratidão de Sua Santidade, o Papa. Recebo-o em representação das equipas responsáveis neste município pela organização da JMJ”. “Quando o presidente da CML me pediu para assumir a coordenação principal deste projeto, já antes de mim, a vereadora Laurinda Alves, com a sua equipa, tinha lançado as bases do projeto”, lembrou o autarca, destacando o trabalho “extraordinário” realizado pela SRU, que, “de um modo dedicado e competente, deu todos os passos principais para que aquela obra estivesse pronta antes do calendário”.

No entanto, frisou, “quando, a 18 de julho de 2022, o presidente delegou em mim as competências da coordenação geral e preparação da JMJ, muito ou quase tudo estava por organizar”. Desta forma, era necessário ainda clarificar, junto do Governo e demais entidades envolvidas, quais as competências de cada uma. “A tarefa parecia assustadora, de tão incerta, grande e exigente. Sabíamos que se preparava uma enchente na cidade, nunca antes vivida, e às competências camarárias habituais de gestão da cidade, cresciam várias outras ligadas à organização do evento. Passo a passo, e sob a condução do senhor presidente da CML, conseguimos ir organizando tudo”. Filipe Anacoreta Correia considerou ainda a escolha de David Lopes como Coordenador da Unidade de Missão como “uma escolha certeira”, onde “meio sucesso ficou garantido”.

Trabalho notável

“Ele, juntamente com o Álvaro Covões e o professor Jorge Oliveira e Carmo, foram constituindo a equipa, dividindo as tarefas e superando todos os obstáculos. O trabalho subsequente foi possível graças à solidariedade e empenho dos demais vereadores, do Secretário-Geral e dos demais Diretores Municipais e também dos Comandantes da Polícia Municipal e do Regimento de Sapadores de Bombeiros”, referiu ainda o autarca, sublinhando também o “envolvimento” dos funcionários da autarquia, mas também das “empresas municipais e os Serviços Sociais da CML”. “Foi para mim uma honra poder estar à frente de uma equipa que fez um trabalho incrível, notável e único na organização da JMJ. Metemos mãos à obra e fizémos o que nos competia, ter tudo pronto a horas, que foi o que aconteceu, ficando abaixo do orçamento, e que este custo fosse investimento na cidade e no seu futuro, o que também foi assegurado”.

Segundo o vice-presidente da CML, participaram, no total “mais de seis mil” funcionários da autarquia lisboeta, os quais, a seu ver, “foram determinantes” para o sucesso do evento. “Aquilo que fomos assistindo, à medida que se foi aproximando a JMJ, e depois na sua concretização, superou em muito tudo aquilo que podíamos imaginar. O trabalho de cada um foi decisivo, mas todos sentimos também que fomos ultrapassados ou superados por uma onda de bem, uma presença transcendente que conduziu Lisboa para aquilo em que se tornou”. Anacoreta Correia referiu ainda que, durante a JMJ, “Lisboa tornou-se o lugar da concretização da profecia, como o Papa anunciou: Lisboa, cidade do encontro, capital do mundo, capital da esperança e do futuro. Lisboa foi um lugar absoluto, muito mais do que podíamos imaginar”.

Papa distinguiu Filipe Anacoreta Correia com Ordem de São Silvestre

“Estivemos lado a lado com esses jovens sonhadores, cruzamos-nos com eles, nas nossas ruas, alguns de nós receberam-nos em casa, no imenso Parque Eduardo VII, uma moldura humana irrepetível lembrou-nos que há pressa e esperança no ar”. Para o vice-presidente da CML, “o Papa Francisco foi o grande responsável por essa onda” de positividade em Lisboa, e “todos nós que, de uma forma ou de outra, demos o nosso contributo, sentimos um privilégio enorme e irrepetível. Estou certo que todos agradecem tanto como eu por termos tido a sorte de ter feito parte desta história”. Anacoreta Correia foi distinguido com a condecoração de Cavaleiro da Ordem de São Silvestre, distinção esta que o presidente da CML  Carlos Moedas, recebeu em novembro de 2023.

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Por isso, a seu ver, “a Sua Santidade, ao querer distinguir dois da equipa e não apenas um, quis realçar todos os que estiveram nesta aventura. Se do lado da CML o comando foi de um só, do presidente, que teve de dar a cara nos momentos mais difíceis, esta é, talvez, a melhor maneira de lhe dizermos que não está sozinho e que pode contar connosco”. De seguida, o autarca acrescentou ainda que, durante a JMJ, “o que mais me impressionou foi a quantidade de pessoas que não passou do anonimato. Tantos que ficaram no back-office, em casa ou na tenda de assistência, para que todos os outros pudessem estar bem”. Por fim, Filipe Anacoreta Correia aproveitou ainda a sua intervenção para fazer “um agradecimento especial para a minha equipa mais próxima”, mas também para a sua família.

Funcionários da autarquia foram imprescindíveis no sucesso do evento

“Sem eles não seria possível a minha entrega, e a minha entrega é, afinal de contas, a deles. Estou certo que o Santo Padre, a cada um e a nós, nos abençoa, conforme lhe pedi”, concluíu.Nesta cerimónia, também esteve presente o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, que começou por saudar a iniciativa, lembrando que o trabalho dos funcionários da CML “foi indispensável, foi o alicerce verdadeiro para aquilo que foi a projeção, a grandeza, o impacto, o significado e o valor da JMJ”. “Falamos muito do que vimos, do que experienciámos, do que ouvimos, mas a suster e a sustentar aquele alicerce, sobre o qual tudo se edificou, foi a vossa entrega, a vossa dedicação, a vossa abnegação, o vosso dar tudo por tudo para que nada falte e nada falhe”, disse o patriarca.

“Quando há duas pessoas que se encontram, desfrutando do mesmo sonho, ele torna-se realidade. Foi isso que nós assistimos em Lisboa, o encontro de jovens de todas as idades, e que fizeram aqui uma marcante e decisiva obra. Aqui há dias, o Papa Francisco, para apelar à paz no mundo, cada vez mais perturbado pela guerra, lembrou a JMJ 2023 em Lisboa”. “Quanto seria belo que aquele espírito de encontro, de tolerância, aquele espírito de alegria, prevalecesse a partir de Lisboa e irradiasse para o mundo inteiro”, disse ainda D. Rui Valério.

Lisboa está preparada para receber qualquer evento, considera Moedas

Agradecendo aos trabalhadores da CML, o Patriarca de Lisboa agradeceu aos trabalhadores que contribuíram para o sucesso da JMJ, porque, “desta forma, permitiram e permitem que Lisboa recupere a sua verdadeira identidade, aquilo que lhe deu marca na história”. “Obrigado CML e seus trabalhadores, porque graças a vós veio ao de cima o melhor que o português e Portugal tem, esse caráter que faz de Portugal uma apaixonada e apaixonante nação”, concluíu o patriarca. Já o presidente da CML, Carlos Moedas, começou o seu discurso a recordar que, “há exatamente um ano estávamos aqui, à porta dos Paços do Concelho, a receber os símbolos da JMJ. Carregámos-los daqui até à Sé de Lisboa. Sentimos logo, naquele momento, que seria algo muito especial. Nada nos podia preparar para recebermos aquele que foi o maior evento de sempre feito em Lisboa”.

“Depois daquela semana, podemos dizer com orgulho que estamos prontos para qualquer desafio. Lisboa está pronta para qualquer desafio, seja ele logístico, económico, social ou político. Estamos preparados para tudo e provámos ao mundo que assim é”, acrescentou o autarca, destacando o trabalho e o empenho de todos os funcionários e eleitos da CML. “D. Ivo Scápula, em nome de Lisboa e dos lisboetas, muito obrigado por este gesto do Papa Francisco. O gesto de homenagear com seis mil medalhas todos aqueles que fizeram a JMJ é um gesto que nos toca profundamente”. Para Moedas, “lembrar todos aqueles que fizeram a JMJ em Lisboa é um imperativo moral”, porque, em Lisboa, “trabalhámos todos juntos, com união, para toda a cidade, e acima dos partidos, unidos para o bem comum da cidade. Unimos-nos em torno de um só objetivo, fazer de Lisboa a capital do mundo e conseguimos”.

Legado para a cidade

Para além dos funcionários da autarquia, Carlos Moedas lembrou ainda o trabalho de D. Manuel Clemente, “que foi quem começou tudo isto”, e ainda de D. Américo Aguiar, com quem “fizemos um caminho de amizade, um caminho em que nos momentos mais difíceis ele trazia a serenidade, aquela serenidade tão necessária”. Dirigindo-se a Filipe Anacoreta Correia, o presidente lisboeta referiu que ele sempre acreditou no sucesso do evento, à semelhança da antiga vereadora Laurinda Alves. Moedas salientou ainda o trabalho de David Lopes, consultor de Carlos Moedas para a JMJ, bem como de Álvaro Covões (diretor da Everything Is New e que fez parte da Unidade de Missão da JMJ) e ainda do professor António Lamas.

“Graças à visão que ele teve para o Parque Tejo, aquele espaço verde abriu a cidade aos lisboetas”, disse o autarca, sublinhando ainda o trabalho de João Pimentel e André Mendes, que desenharam o palco-altar. “Foi um grande trabalho, e com ele foi possível os peregrinos participarem num evento tão grande e com uma proximidade tão única ao Papa Francisco. Conseguimos realmente ser a capital do mundo, graças aos nossos diretores municipais, graças ao nosso secretário-geral, graças aos nossos dirigentes, mas sobretudo àqueles que eles dirigem”, disse ainda Carlos Moedas, destacando ainda a contribuição da Carris, EMEL, Lisboa Cultura (antiga EGEAC), Gebalis e dos Serviços Sociais da CML.

O autarca aproveitou ainda para agradecer, a título póstumo, a José Manuel Marques, que “trabalhava na equipa de jardinagem do Parque Eduardo VII”. “Foram momentos muito únicos, em que, de repente, todos nos juntávamos e íamos ajudar todos os que ali estavam, a nossa higiene urbana, a nossa proteção civil, os nossos bombeiros e os nossos polícias”. “São eles que, verdadeiramente, fizeram este momento”.

Evento gerou 10 mil empregos e retorno de 290 milhões de euros

O presidente da CML lembrou ainda que, na semana da JMJ, houve “um milhão e meio de pessoas na cidade e que todos diziam que era impossível. Foi essa alegria, essa fraternidade, essa solidariedade que se viveu numa cidade coberta de juventude”. Carlos Moedas referiu ainda que a JMJ gerou 10 mil empregos em Lisboa, e trouxe um “retorno de 290 milhões de euros só na região de Lisboa”, tendo sido ainda “a maior campanha de publicidade que Lisboa alguma vez teve. 500 milhões de lares por todo o mundo viram a nossa imagem”. Ainda no retorno do evento para a cidade, Moedas lembrou ainda a transformação do Parque Tejo, que trouxe mais 30 hectares de espaço verde para Lisboa, e ainda “o reforço dos equipamentos para os nossos Regimentos de Sapadores Bombeiros, para a nossa polícia e para a nossa Proteção Civil”.

“A JMJ foi isto mesmo, um legado que fica para Lisboa e algo que nunca nos esqueceremos. E tal como Sua Santidade, o Papa, afirmou, foi a melhor jornada que existiu”. “Um ano depois da JMJ, digo-vos com orgulho, nós fomos, somos e seremos sempre esta cidade de sonhos. Hoje seguimos pela vida fora, crentes na capacidade desta nossa cidade poder ser muito mais do que imaginamos. Sim, Lisboa pode ser muito mais do que imaginamos. Foi isso que a JMJ demonstrou, foi esse o orgulho que criámos e é isso que hoje aqui celebramos”, concluíu Carlos Moedas, considerando que o evento ajudou a trazer uma “autoconfiança” à CML e seus trabalhadores.

Carminho atuou na cerimónia

“Que nunca ninguém diga que os trabalhadores da CML e das freguesias, ou que a nossa polícia, os nossos bombeiros e a nossa Proteção Civil não são os melhores, porque eles são verdadeiramente os melhores e eu tenho um grande, grande orgulho em todos eles”, acrescentou ainda o presidente. Esta cerimónia terminou com uma atuação da fadista Carminho, que interpretou o tema ‘Estrela’, música que cantou na Vígilia com os Jovens, a 5 de agosto de 2023, no Parque Tejo.

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