Oeiras quer reforçar aposta na Economia Azul

O Forte de São Julião de Barra está a acolher, nesta quarta e quinta-feira, dias 16 e 17 de outubro, a conferência ‘Oeiras Bluetech Ocean Fórum’, que junta 200 especialistas de todo o mundo que vão debater os avanços tecnológicos e vários modelos de inovação ligados à Economia Azul.

Acontece, nesta quarta e quinta-feira, dias 16 e 17 de outubro, a conferência ‘Oeiras Bluetech Ocean Fórum’, que vai juntar, no Forte de São Julião da Barra, cerca de 200 especialistas que vão debater avanços tecnológicos e modelos de inovação ligados à Economia Azul. A sessão de abertura foi nesta quarta-feira, dia 16, e contou com a presença do Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, do presidente da Câmara Municipal de Oeiras (CMO), Isaltino Morais, e do vereador com o pelouro da Ciência e Inovação da CMO, Pedro Patacho. Ao Olhar Oeiras, o último referiu que este encontro conta com a presença de “mais de 60 empresas de todo o mundo, uma grande representação de empresas que vêm da China e particularmente de Macau”.

“Nós, em Oeiras, estamos numa fase de intensificação das relações com esses territórios, até por via do trabalho da Oeiras Valley Investment Agency, que tem feito várias missões económicas e comerciais à área de Hong Kong e Macau, e portanto a nossa expectativa é que com este fórum se consolidem as relações de amizade entre Portugal e Oeiras e que consigamos atrair mais investimento e que mais empresas se fixem no nosso território e contribuem para o desenvolvimento deste setor económico da Economia Azul”, referiu ainda. Este evento é organizado pela Fórum Oceano e pretende fomentar o debate sobre o investimento e negócio no setor da Economia Azul.

120 milhões para o Oeiras Life Science

Recorde-se que o Município de Oeiras desenvolveu a “Estratégia Oeiras Ciência e Tecnologia 2020-2025”, e que pretende fazer deste concelho uma referência europeia no que respeita à Ciência, Tecnologia e Inovação, com base em três eixos fundamentais: Ciência e Sociedade, Ciência e Inovação e Ciência e Internacionalização. “Neste momento, está em cima da mesa o investimento de 120 milhões de euros para a criação do Oeiras Life Science Campus na Quinta de Cima, tirando partido de muito daquilo que já lá existe, está lá o ITQB Nova, está lá o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, mas há novas instituições académicas, novos centros de investigação e uma grande incubadora de negócios na área da Biotecnologia e Biotecnologia Azul que vai ser criada nesse território”.

“Esse é um grande investimento que nos vai posicionar no topo, a nível nacional, naquilo que é a investigação e desenvolvimento na área da Biotecnologia e dentro da Biotecnologia Azul, ou seja, os bioativos marinhos através dos quais pode ser criado valor para as bioindústrias e para a indústria da biotecnologia em Portugal”, exemplificou o vereador, lembrando que a CMO está ainda a trabalhar em parceria com o Instituto Superior Técnico e com a IAD Cluster Portugal para o lançamento, daquilo que já foi apresentado recentemente, do Oeiras Space Hub”.

Oeiras Space Hub também vai contribuir para a Economia Azul

De acordo com Pedro Patacho, “as tecnologias espaciais, sobretudo as de observação da Terra, são hoje absolutamente críticas para a monitorização dos oceanos, dos mares, do tráfego marinho, e para o apoio à vigilância da nossa zona económica, que, com a extensão da plataforma continental, nos tornará um dos maiores países da Europa. Estarmos um passo à frente naquilo que são as tecnologias espaciais, que é o que queremos fazer com o Oeiras Space Hub, é também um contributo importante para aquilo que essas tecnologias representam, no que diz respeito à monitorização e vigilância do nosso espaço marítimo e dos nossos oceanos”.

No dia da apresentação deste projeto, recorde-se, foi lançado um satélite para o espaço. Para já, esclareceu o vereador, “já foi aprovada, em reunião de câmara, a criação de uma comissão instaladora desse Hub, e já está identificado um espaço físico onde as atividades vão arrancar com os parceiros fundadores. Neste momento, e depois do grande sucesso que foi o lançamento do satélite, que foi integralmente desenvolvido no Instituto Superior Técnico de Oeiras, estamos a agilizar o plano de atividades do Oeiras Space Hub para o próximo ano”.

Aproveitar as potencialidades do mar ao máximo

Outro projeto passa ainda pelo Programa Oeiras Mar 2030, que pretende reconhecer o papel essencial da ciência e da inovação na criação de valor económico e social. “Uma das linhas de desenvolvimento é precisamente a ativação de negócios e a incubação de negócios na área da nova Economia Azul”, reforçou Pedro Patacho, lembrando que “Oeiras tem 10 quilómetros de costa, está aqui na zona estuária do Tejo, tem uma longa tradição de relação com o rio e com o mar, tem uma densidade empresarial extraordinária de 600 empresas por quilómetro quadrado, várias delas a trabalhar em diversos domínios da nova economia azul, temos institutos de investigação relevantes a trabalhar nessa área, sobretudo na área da biotecnologia azul, e portanto, nada faz mais sentido do que aprovarmos a nossa estratégia territorial para o desenvolvimento dos negócios e da inovação na área da nova economia azul no nosso concelho”.

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Para o vereador, falar de Economia Azul é ainda falar de “uma nova Economia Azul, ou seja, aquela que está alinhada com a estratégia de descarbonização, através da exploração sustentável dos recursos marinhos e dos ativos que o mar e os oceanos nos podem dar, numa perspectiva de salvaguarda dos nossos ecossistemas, ou seja, aproveitar o potencial económico que está no mar, e fazê-lo de uma maneira responsável e sustentável, salvaguardando o futuro para as gerações futuras”. O ‘Oeiras Bluetech Ocean Forum’ e o ’10th International Forum on Clean Energy’ pretendem ser uma oportunidade de divulgação de todo o trabalho do município relacionado com a Economia Azul. Por sua vez, o presidente da CMO, Isaltino Morais, referiu ainda que este encontro, para além da presença de várias empresas e instituições de todo o mudo, pretende também clarificar e abordar os desafios da nova Economia Azul.

Oeiras destina 1% do orçamento municipal para a Ciência

“Durante muitos anos, a economia do mar e a economia azul, era sempre muito falada de uma forma muito genérica e abstrata. O que se trata agora é de trazer mais informação, mais consciência em relação ao ambiente, portanto, promover uma discussão sobre a proteção dos oceanos e o aproveitamento sustentável dos recursos marinhos. Oeiras, ao ser escolhida para a realização deste grande fórum, que é o décimo, mostra que o concelho está na rota dos grandes eventos. Os eventos científicos serão cada vez mais uma característica da realização destes eventos aqui no nosso município, justamente porque a nossa marca, Oeiras Valley, tem um significado de qualidade no que diz respeito à dimensão tecnológica”.

“Oeiras já afeta cerca de 1% do seu orçamento para a Ciência, portanto, estamos a falar de entre dois a quatro milhões de euros por ano, e portanto, é natural que estes acontecimentos cada vez mais demandem o nosso território”. “Na Economia Azul estamos a fazer exatamente tudo aquilo que tem a ver com a promoção, não só destes eventos, mas também de entendimentos e projetos de investigação, de divulgação, e de parceria com outras instituições. Vai ser desenvolvido um ‘hub’ na zona de Algés para acolher as empresas ligadas à economia do mar, seja ao nível da investigação dos recursos marinhos, seja ao nível da exploração sustentada nesses mesmos recursos, seja ao nível do estudo e desenvolvimento de áreas de proteção”.

Continuar a apostar na Inovação e Ciência

Ao Olhar Oeiras, o autarca referiu ainda que, no final deste encontro espera que se troquem ideias e experiências entre os vários países participantes. “É feito um ponto de situação de cada país, e de quais são os projetos mais inovadores, pelo que é uma aprendizagem que se faz entre todos os países”. “Temos uma grande experiência na área dos projetos de investigação, na área da Ciência e Tecnologia, em que a própria Câmara Municipal financia a investigação com bolsas na ordem de 50 mil euros cada uma, e que se traduzem no desenvolvimento de projetos de investigação na área das biotecnologias, da biomedicina, e que de outra forma não conheceriam a luz do dia”, recordou Isaltino Morais.

“Naturalmente que o Estado tem projetos de apoio à investigação e as instituições científicas desenvolvem o seu programa de investigação, mas é óbvio que, quanto mais disponibilidade financeira existir, mais descoberta e de inovação é possível acontecer”. Para breve, referiu ainda, irá nascer, em Oeiras, “um projeto muito interessante, que já tem financiamento comunitário aprovado, que consiste na criação de um banco de recursos marinhos no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). É um projeto absolutamente inovador a nível mundial, que nasceu exatamente das conversas que temos com as diversas instituições do concelho”, concluíu o presidente da Câmara de Oeiras.

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