Foi para “mostrar ao país” um “bom exemplo” de “cooperação” entre a PSP e a comunidade que Pedro Nuno Santos visitou Oeiras. Ao lado de Isaltino Morais, presidente da Câmara local, elogiou o projeto de proximidade “Gira no Bairro”, da esquadra de Caxias: “É possível termos a PSP e a comunidade de um bairro lado a lado”, elogiou, expressando o desejo de que este exemplo se generalize.
Na esquadra da PSP de Caxias, no concelho de Oeiras, um projeto social, junto jovens de um bairro desfavorecido e agentes da PSP, que ao partilharem atividades e momentos de lazer quebram preconceitos e desconfianças. O projeto “Gira no Bairro” nasceu em 2019, pelas mãos da associação Mundos de Papel, e desenvolve-se, sobretudo, com jovens do bairro social Sá Carneiro, localizado em Caxias.
A intervenção deste projeto tem tido um impacto muito significativo no apoio aos munícipes do Concelho de Oeiras, nomeadamente na integração de crianças e jovens de contextos mais vulneráveis, promovendo o desenvolvimento das suas competências pessoais, sociais, artísticas e desportivas, minimizando, com a sua atividade, fatores de risco e promovendo a inclusão e coesão social.
No Bairro Francisco Sá Carneiro, ao lado de Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que se tem popularizado nas redes sociais com vídeos que desmistificam a vida nos bairros, e pela mão de Ana Luísa Santos, da Associação Mundos de Papel e responsável pela coordenação deste projeto “Gira no Bairro“, o líder do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, pôde ver o trabalho que é feito nas instalações da PSP de Caxias.
PSP e comunidade de braço dado
Pedro Nuno Santos, que também se encontrava acompanhado pela vereadora socialista Filipa Laborinho, enalteceu o trabalho da associação “Gira no Bairro”, que, funcionando dentro de uma esquadra da PSP, promove a ligação entre a polícia e a comunidade, além de diversas atividades de ocupação do tempo e promoção pessoal de crianças e jovens do bairro.
O lider socialista ao lado de Isaltino Morais – com quem jogou matraquilhos contra uma dupla de miúdos – voltou a salientar que o trabalho da “Gira Bairro” deve ser “replicado” pelo país já que esta associação não só trabalha pelo sucesso escolar das crianças e jovens como os incentiva a que “não vejam a polícia como inimigo”.
“Toda a violência deve ser condenada,” mas “há muito trabalho a fazer no combate à exclusão”, disse, reconhecendo também as dificuldades do trabalho policial – “ganham pouco e trabalham em situação muito precária”.
Isaltino explica integração em Oeiras
Após a visita à associação, Pedro Nuno e Isaltino deram uma pequena volta pelo bairro, parando num café. Aí, o presidente da câmara de Oeiras explicou ao líder do PS e aos jornalistas presentes que, na sua perceção, o alastramento dos distúrbios para outros bairros que não os de origem (Zambujal e Cova da Moura) “não foi organizado” – foi antes “mimético”, por efeitos de simples contágio a partir das imagens televisivas. Segundo explicou, Oeiras tem 20 bairros sociais e só em três se registaram distúrbios: Portela, Navegadores e Alto dos Barronhos.
Segundo Isaltino Morais, o facto de os bairros municipais de Oeiras estarem bem equipados, com recintos desportivos, espaços culturais e jardins infantis, promovem a inclusão social. Aliás, o autarca oeirense salientou o aumento do sucesso escolar das crianças do Bairro Francisco Sá Carneiro, o que se devem em grande parte ao projeto “Gira no Bairro”.
Altura aproveitada por Pedro Nuno Santos para salientar a importância dos autarcas no combate à exclusão social, mas não sem deixar de responsabilizar o poder central: “É importante também que o Governo assuma as suas responsabilidades” porque “no final do dia quem tem mais recursos, mais meios para ajudar a promover a integração, a coesão é o Governo”.
Realidade diferentes
Ao lado de Isaltino Morais, Pedro Nuno Santos destacou que “as realidades de município para município são muito diferentes” e “precisam de respostas diferenciadas”.
“Julgo que os autarcas, cada um à sua maneira, com a sua experiência e o seu saber, têm tentado dar as melhores respostas para fazer face a um fenómeno que o país nem sempre cuidou da melhor maneira”, declarou.
“Quando eliminámos as barracas em Portugal – e foi um esforço muito importante que o país foi capaz de fazer – infelizmente não o fizemos da melhor maneira, e criámos mesmo alguns guetos afastados dos serviços públicos, afastados do próprio Estado, e isso gera sentimento de exclusão, de abandono”.
O líder da oposição referiu que “nós hoje temos, felizmente, uma perspetiva diferente, e esse trabalho tem de ser feito”.
A visita
O périplo de Pedro Nuno pela periferia lisboeta começou às 10 horas, nos bairros do Zambujal e da Cova da Moura, na Amadora, onde vivia Odair Moniz. A visita teve dois propósitos: mostrar que a normalidade nos bairros não se garante apenas pela via “securitária” e, também, procurar estabelecer um contraste com o Governo – mostrando que, ao contrário de Luís Montenegro, se desloca ao terreno. Repetiu esta ideia de manhã e de tarde.
“Quando a única coisa que fazemos é chamar as associações para se reunirem connosco num gabinete, não estamos a cuidar de ouvir as pessoas”, referiu Pedro Nuno, no bairro do Zambujal. À tarde, já em Caxias, insistiu: “Era muito importante que os membros do Governo viessem ao terreno, conhecessem os bons exemplos e o que não corre bem para, depois, terem as políticas certas”. Pelo meio, elogiou o presidente da República por ter ido ao Zambujal.
O líder do PS foi guiado pelo bairro do Zambujal por Vítor Monteiro, da CAZAmbujal, uma associação local. Pedro Nuno visitou uma creche da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, no primeiro dia de funcionamento das novas instalações após um longo período de obras. Deteve-se um momento para ajoelhado, fazer um pequeno puzzle com duas meninas pequenas.