Os 14 operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa que estiveram a ajudar nas operações de socorro em Valência, cidade severamente afetada pela tempestade Dana, foram recebidos esta sexta-feira, 22 de novembro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), recebeu, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a equipa de operacionais do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa que participou nas operações de socorro em Valência. Esta equipa, com 14 operacionais, integrou a Força Operacional Conjunta de Proteção Civil e das Forças Armadas, em resposta ao pedido de ajuda internacional no âmbito do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia. “É um grande orgulho estar aqui hoje”, começou por afirmar o presidente da CML, destacando o trabalho desta equipa.
“Queria-vos agradecer por três razões. Primeiro, pelo que significa a vossa entrega, aquilo que significa para Lisboa, uma Lisboa solidária, aquilo que significa para a Europa e aquilo que significa para o serviço público. E aqui, queria-vos dizer que aquilo que representaram durante estes dias em Valência foi realmente o que Lisboa é: uma Lisboa solidária”. “Os valores da nossa cidade e neste momento, aquilo que nós demonstrámos é que esta visão da solidariedade é a bússola que nos orienta a nós na Câmara Municipal, mas também ao nosso Regimento de Sapadores Bombeiros. Esta solidariedade, mas também a vossa coragem e a vossa audácia, que são tão importantes e que hoje aqui honramos”, considerou o autarca.
Um exemplo de solidariedade humana
Na sua perspetiva, a presença da equipa dos RSB representa também “a Fraternidade Europeia que une os povos. Quando Valência enfrentou estas trágicas cheias, a nossa Proteção Civil, as nossas Forças Armadas responderam a este chamamento, não como estrangeiros, mas como irmãos europeus”. “Vocês são os nossos melhores, as cheias devastaram estas comunidades e destruíram vidas, e todos os que estão aqui presentes tiveram essa coragem, esse chamamento e não hesitaram para estar naqueles trabalhos tão difíceis nas ruas de Valência, demonstraram que podemos ir mais longe, demonstraram a vossa qualidade, demonstraram aquilo que é a cooperação europeia e aquilo que são os valores europeus por um compromisso que é exigido pela dignidade humana”.
Os melhores bombeiros do mundo
Moedas salientou também o serviço público prestado pela equipa, aproveitando para saudar o vereador com o pelouro da Proteção Civil da CML, Ângelo Pereira, “que é um homem que está sempre ao vosso lado, no sentido literal, que vai para a rua e está sempre presente”. “Os nossos bombeiros são realmente estes heróis e são heróis em tantas vertentes, são heróis porque no fundo somos realmente os melhores”. “O ser melhor é também em todos os prémios que têm recebido, desde campeões a vice-campeões europeus e mundiais, mas para mim ser campeão é sobretudo aquilo que tem sido a vossa dedicação”, recordou o presidente, destacando a presença destes operacionais na Turquia, em 2023.
“Queria-vos agradecer do fundo do coração, porque é esse espírito de humanidade e de entrega, mas sobretudo um orgulho enorme naquilo que representam, porque sempre que estou em Portugal ou lá fora, em que as pessoas olham para o nosso país e a minha primeira palavra é nós temos os melhores bombeiros do mundo”, acrescentou Carlos Moedas, afirmando que o RSB representa “ todos os lisboetas, a solidariedade dos lisboetas e a fraternidade da Europa”.
Resposta rápida
Já de acordo com Alexandre Rodrigues, comandante do RSB, “os maiores desafios que encontraram no terreno, foi, em primeiro lugar, encontrar uma cidade completamente devastada. Depois conseguirem, dentro das forças que estavam presente no Teatro de Operações, organizar todo aquele grupo de comando para que se conseguissem organizar de forma a dar uma resposta a toda a área que estava devastada”. Por isso, reforçou, aos jornalistas presentes, foi necessário “organizar com as forças, não só as espanholas, mas também as portuguesas, para que, de uma forma rápida e eficaz, conseguissem fazer aqueles trabalhos que no imediato eram necessários”.
Esta equipa de 14 operacionais que esteve em Valência é composta exclusivamente por elementos do sexo masculino, mas, reforça Alexandre Rodrigues, “há mulheres entre os melhores do Regimento de Sapadores Bombeiros”. “No entanto, quando tivemos que projetar esta força para Espanha, teve que ser no mais curto espaço tempo disponível. Nós temos uma escala, onde estão mulheres e homens disponíveis para rapidamente serem projetados para estes teatros de operações e estes foram aqueles que estavam escalados naquele momento”, justificou o comandante.
Lisboa está preparada para responder a uma catástrofe como a de Valência, acredita Moedas
Também aos jornalistas, Carlos Moedas adiantou que “Lisboa estará preparada e contará com os melhores elementos do RSB” para responder a uma tragédia na cidade como a que aconteceu em Valência. “Nestes últimos anos, temos estado a preparar Lisboa para eventos de cheias através dos dois túneis de drenagem que estamos a fazer. Estes túneis são essenciais para que isto não aconteça na nossa cidade”, lembrou o autarca, pedindo desculpa aos lisboetas pelo transtorno que as obras estão a causar na cidade. “Se Lisboa tiver estes túneis, estará adaptada, mas temos que também mitigar [estes fenómenos]”.
Ou seja, temos de ter “medidas como os transportes públicos gratuitos para poluir menos, ou através dos parques de estacionamento em que os portadores do passe Navegante podem deixar o carro no parque sem pagar e apanhar os transportes públicos”. Um dos túneis de drenagem vai desde Monsanto até Santa Apolónia e o outro desde Chelas ao Beato e contam com 5,5 metros de diâmetro cada um. Ao longo do percurso, haverá reservatórios com quase 20 mil metros cúbicos, que captam estas águas pluviais que, por sua vez, serão reaproveitadas “para regar e lavar as ruas, criando aqui também um ciclo de economia circular. Lisboa está a trabalhar. A obra ainda não está acabada, estamos mais ou menos ao nível da Avenida da Liberdade”.
Presença dos operacionais vem reforçar a solidariedade entre os povos
“Estamos a trabalhar com muito empenho, mas as obras demoram o seu tempo e, sobretudo numa cidade como Lisboa, também temos tido muitos achados arqueológicos que provocam atrasos”. Questionado se a presença desta equipa em Valência teve custos para a CML, Carlos Moedas referiu que não considera um custo, uma vez que demonstrou “a prova da solidariedade entre os povos. Muitos deles que estão aqui já tinham estado na Turquia e, portanto, estão habituados a estar em situações trágicas e isso é muito importante para eles, para estarem preparados, mas é, sobretudo, importante naquilo que é a dedicação que têm à vida humana e, portanto, estes custos não se contam”.
Em relação à comunicação com as autoridades de Valência, Moedas reforçou que esta “foi excelente. Aquilo que as autoridades querem e precisam é de uma ajuda que é articulada com os colegas, sobretudo no terreno. O que me transmitiram foi a emoção das pessoas, o agradecimento das pessoas e dos colegas espanhóis, que foi muito grande e mostra que, realmente, somos povos irmãos e que esses povos irmãos de Portugal e Espanha estão unidos nestes momentos”, concluíu o autarca, aproveitando para agradecer a todas as autoridades espanholas e “um abraço de solidariedade de Lisboa”.