Comissão de Moradores de Marvila lamenta morte de moradora e acusa Gebalis

A Comissão de Moradores de Marvila (CMM), lamenta a morte de Lurdes Valente, moradora no Lote 568 do Bairro do Condado, em Marvila. Esta habitante faleceu na última sexta-feira, 17 de janeiro, na sequência de uma paragem cardio-respiratória enquanto subia as escadas do prédio onde residia. Neste sentido, a CMM volta, uma vez mais, a chamar a atenção para a falta de condições nos prédios municipais do Bairro do Condado.

Lurdes Valente, moradora no Lote 568 do Bairro do Condado, em Marvila, faleceu, na última sexta-feira, 17 de janeiro, na sequência de uma paragem cardio-respiratória enquanto subia as escadas do prédio onde residia. A Comissão de Moradores de Marvila (CMM) lamenta o óbito, e vem, uma vez mais, a chamar a atenção para a falta de condições nos prédios municipais do Bairro do Condado. “A nossa vizinha [foi] obrigada a subir pelas escadas, a pé, até ao sétimo andar deste lote, devido aos respectivos elevadores não se encontrarem, uma vez mais, a funcionar”, escreve, em comunicado, a Comissão de Moradores.

Nos últimos tempos, este coletivo tem lutado para a existência de condições nos prédios municipais do Bairro do Condado, gerido pela Gebalis. A CMM salienta ainda que, após o sucedido, houve várias tentativas de reanimação de Lurdes Valente, primeiro por parte de vizinhos e mais tarde pelo INEM, mas, que infelizmente, “não foram capazes de devolver as condições de vida à nossa vizinha”. Para a Comissão, “este trágico acidente teve como causa mais direta e imediata as condições de habitabilidade deste lote habitacional municipal, onde o não funcionamento e as avarias frequentes de elevadores são uma das marcas mais visíveis e evidentes”, acrescenta.

Gebalis acusa CMM de sensacionalismo e aproveitamento da situação

O coletivo ressalva ainda que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) deve “equacionar e tornar premente uma intervenção na sua habitação municipal de Marvila, que supere as atuais condições de habitação que podem vir a gerar acontecimentos tão fatídicos” como aquele que aconteceu. A Gebalis, empresa que gere a habitação municipal em Lisboa, considera que estas afirmações são “intoleráveis, abusivas, sensacionalistas e desrespeitosas para com a família as tentativas de associar o sucedido à avaria dos elevadores” e confirma que os mesmos avariaram na madrugada de quinta para sexta-feira, por má utilização. A avaria, explica a empresa, só foi conhecida pela Gebalis após a morte, por volta das 10h00 de sábado, e o técnico fez o arranjo pelas 13h30.

A Gebalis diz acompanhar a família da vítima. Por outro lado, a CMM refuta estas considerações, e alega que os elevadores estavam avariados desde as 21h00 do dia 16 de janeiro, situação sinalizada por volta das 9h00 do dia 17, sexta-feira, por um morador do lote em questão a um técnico da Gebalis. “A D. Lurdes faleceu nesse mesmo dia, pelas 11h30. O funcionário da funerária que prestou o serviço fúnebre à nossa vizinha também ainda subiu a pé, pois os elevadores só foram postos a funcionar pelas 14h00. A CMM não pode deixar de apontar a trágica ironia da situação, pois a nossa vizinha, que ainda em vida, foi obrigada a subir a pé para chegar a sua casa, quando foi para sair, já sem vida, os elevadores já se encontravam a funcionar”, escreve ainda a Comissão de Moradores.

CMM quer que Gebalis e autarquia se responsabilizem pelo incidente

O coletivo reforça que, após o incidente, “os serviços da Gebalis repuseram o funcionamento dos elevadores”, o que revela “o peso da consciência do que aconteceu e mostra a necessidade de que devem ser assumidas todas as responsabilidades políticas e materiais pelo que aconteceu neste lote”. A CMM recusa ainda as justificações dadas pela Gebalis de que a má utilização destes equipamentos é a causa da avaria dos elevadores, considerando que “é gravíssima e indigna esta tentativa de desresponsabilização por parte dos principais responsáveis, a CML, o seu presidente, Carlos Moedas, e a Gebalis”.

Por isso, exigem, tanto à autarquia, como a Gebalis, “que se deixem de se esconder no conforto dos seus gabinetes e em desculpas de mau pagador, e venham para a rua ver com os próprios olhos a degradação dos prédios municipais e ouvir pelos próprios ouvidos aquilo que os moradores têm para lhes dizer. Exigimos igualmente que sejam assumidas todas as responsabilidades humanas e materiais deste trágico acidente, e que sejam prestadas as devidas condolências formais – ainda em falta -, assim como todo o acompanhamento e auxílio à família enlutada”, diz a Comissão de Moradores, num outro comunicado enviado às redações na tarde desta segunda-feira, 20 de janeiro.

Foto de capa: Arquivo OL

Quer comentar a notícia que leu?