Se não houver uma ajuda urgente, a Academia de Amadores de Música de Lisboa, fundada em 1884, será despejada do prédio no Chiado onde permanece há 68 anos. O músico Pedro Ayres Magalhães, antigo aluno da instituição, gravou um vídeo para apelar à salvação da Academia.
Pedro Ayres Magalhães, músico e compositor, lamentou a falta de soluções apresentadas para resolver o problema da Academia de Amadores de Música, em Lisboa. Fundada em 1884, poderá vir a ser despejada do prédio na Rua Nova da Trindade, no Chiado, onde está há quase sete décadas.
Num vídeo partilhado nas redes sociais, o músico lamentou ser “realmente uma pena que a Academia não possa fazer face ao aumento da renda, por um lado, e por outro que não apareça nenhum benemérito, filantropo, ou uma instituição – inclusive estatal – que se digne a comprar o prédio, para que a Academia fique exatamente no mesmo sítio”.
O imóvel foi colocado à venda no passado mês de março, por um valor a rondar os 3,6 milhões de euros. A Academia terá que abandonar o espaço até ao final do mês de agosto, uma vez que a (nova) renda do imóvel se tornou incomportável para os cofres da instituição: de 542 euros passou para 3728 euros, colocando em causa a permanência dos 320 alunos e 40 professores.
O músico Pedro Ayres Magalhães, fundador de bandas como os Madredeus, Sétima Legião, Heróis do Mar, Resistência, entre outros, não esquece os primórdios da sua carreira, onde deu os primeiros passos na Academia, enquanto aluno, que frequentou até 1979. E explica no mesmo vídeo que o início do seu percurso como guitarrista e compositor começou justamente nesta secular instituição de ensino.
“Frequentei a Academia uns quatro anos, e foi dos maiores desgostos da minha vida ter que a deixar”, contou, recordando que “era uma escola muito simpática, muito aberta. Fiz amigos, tocava com pessoas, fazíamos duetos, tudo isso. Alguns dos músicos que conheci lá, vim a tocar com eles de forma profissional, mais tarde. Foram grandes exemplos para mim e aprendi imenso com eles”.
Apelo aos “eleitos”
O músico deixou ainda um apelo “aos tantos eleitos, que estão aí nos seus cargos, que pretendem representar o interesse das pessoas e que estão ao corrente, como eu estou, pelos jornais”, apelidando esta causa de “indiscutível”. “O tempo passa e o estado de aflição da Academia é total. Não me cabe a mim encontrar exatamente a solução”, reconheceu, sublinhando, todavia, que irá continuar a “levantar a minha voz ao mesmo tempo que a vossa”.
Segundo a Lusa, citada em diversos meios de comunicação, a Câmara Municipal de Lisboa deu como uma possível solução mudar a Academia de Amadores de Lisboa para o antigo centro de recrutamento militar na Avenida de Berna, junto à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, estando atualmente a negociar o valor da renda do prédio.
Créditos de foto: Agenda Culturas de Lisboa / WSJazz-Carlos-Bica