Como é da praxe ao som de «Yé Yé Yé a Baixa é que é…”, os marchantes da Marcha da Baixa vão voltar a desfilar na Avenida da Liberdade e no Altice Arena.
“Santo António de Lisboa e do mundo” é o tema das Marchas Populares de 2019 de Lisboa e, fazendo juz à fama de folião do Santo, a Marcha da Baixa,à semelhança das outras a concurso, vai “mostrar” a faceta mais “foliona” deste Santo Doutor da Igreja.
Dado o segredo ser a alma da marcha e existir um compromisso com a EGEAC – Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, pouco se sabe sobre os pormenores dos temas em desfile. Uma das poucas coisas que se sabe é que as musicas e as letras são da responsabilidade da dupla Nuno Nazareth Fernandes e Carlos Alberto Moniz, tendo como responsável pelos figurinos e cenografia, Hugo Miguel Barros e a sua equipa.
Armando Oliveira, presidente da Academia Recreio Artístico, organizadora da Marcha da Baixa, recorda que as «marchas foram iniciadas pela coletividade em 2009 e, como marcha nova, teve altos e baixos». Contudo, este ano – salienta – «vamos dar o nosso melhor para ficarmos nos primeiros lugares», sublinhando que «existe mais rigor e profissionalismo de todos os elementos que constituem a marcha».
Como adianta, “é com orgulho que anuncio que este ano, em menos de um mês, conseguimos preencher o número de marchantes necessários para a Marcha da Baixa”. Aliás, como refere, vão ser obrigados a dispensar alguns elementos, por já terem excedido o número de marchantes.
Estas afirmações de Armando Oliveira foram feitas no decorrer da apresentação oficial da Marcha da Baixa, na presença de todos: marchantes, padrinhos (Flávio Furtado e Olívia Ortiz, duas caras conhecidas da televisão), responsável pelas letras e musicas, costureira, e todos pertencentes à comissão e coordenação.
Segundo o presidente da Academia Artística, «a equipa é espectacular e a Direção está deliciada com o que nos foi apresentado, tudo muito bem organizado e uma equipa muito unida, ninguém faltou à chamada».
Todavia, como realça «o mais importante para nós é participarmos. Se ganharmos é óptimo». A mesma opinião é partilhada por Hugo Miguel Barros, responsável pela marcha.
Coreógrafo, figurinista e cenógrafo, Hugo Barros, que estudou artes no “Chapitô”, tem integrado projectos ligados às artes e cultura e em diversas Marchas Populares. «É nestas que tenho evoluído e ganho diversos prémios de especialidade, inclusive coreografia», lembra.
O seu passado como marchante do Alto Pina, onde sentiu o pulsar das gentes e das coletividades que apoiam este tipo de iniciativas, e, posteriormente, como cenógrafo e figurinista permite-lhe alertar para a necessidade das pessoas que constituem o júri “não olharem tanto para o nome das marchas mas para o que elas apresentam”.
Segundo Hugo Barros, o grande objetivo é conseguir que a Marcha da Baixa fique nos 10 primeiros lugares. Do ponto de vista deste jovem, já “rodado” nestas lides das marchas populares, é “necessário acabar com o paradigma da Marcha da Baixa estar sempre na situação de entrar e sair do concurso”, por não conquistar os lugares que lhe permitem manter-se no “ranking” das 17 apuradas.
Nas marchas de 2018, Hugo Barros estava na marcha do Alto Pina mas, este ano, transferiu-se de “armas e bagagens” para a Marcha da Baixa, levando consigo toda a equipa que, como sublinha, “tem dado boas provas de profissionalismo e empenho” na defesa ‘das cores’ da associação onde desenvolvem todo o seu trabalho criativo.
Este ano a comemorar o seu 163º aniversário, a Academia de Recreio Artístico – refere o seu presidente – «é uma casa com vida e desenvolvemos várias atividades, nomeadamente teatro amador, encontros de poesia, musica (de 2 em 2 anos realiza um Festival da Canção) e, em termos desportivo temos capoeira e futebol salão, sem esquecer os jogos de mesa».
Fundada no seio do «mundo do teatro» pelo ator António Pedro, a Academia «tem uma grande relevância na vida dos que vivem e trabalham na baixa,estando profundamente ligada às tradições lisboetas e, daí, o querer cimentar o seu lugar nas marchas lisboetas».
Assumindo-se como um espaço de cultura e convívio «e fiel ao sentir dos valores de Lisboa», a Academia de Recreio Artístico – segundo o seu presidente – com a marcha deste ano, «vai mostrar» as grandes transformações que Lisboa tem sofrido ao longo das últimas décadas.
Pelas suas salas passaram vários nomes sonantes dos mundos da cultura e dos espetáculos lisboetas, designadamente Samuel Levy, Lucinda Simões, Raul Solnado e Anita Guerreiro, entre outros, que transmitiram vários valores da então vida social e cultural da capital e que, inclusivamente, apoiaram a criação de atividades ligadas à cultural popular da cidade.
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