A noite de 12 para 13 de junho foi de festa para a Marcha da Bica, mas não para Alfama, que entende ter sido penalizada em 10 pontos injustamente. A discórdia levou a Marcha de Alfama a colocar um processo em tribunal contra a EGEAC. Entretanto, as condições do concurso foram clarificadas, mas o responsável da marcha, João Ramos, não concorda com algumas destas mudanças.
A Marcha de Alfama, em 2023, apresentou-se nas Marchas Populares de Lisboa com o tema ‘A Sina do Estivador’, tendo conquistado o terceiro lugar no concurso e ainda os prémios de Melhor Coreografia e Melhor Letra, juntamente com a Bica. De igual modo, ganhou também a Melhor Cenografia, a par com o Lumiar; o Melhor Figurino, tal como Alcântara e Madragoa; a Melhor Musicalidade e Melhor Composição Original, com o tema ‘A Sina do Estivador’, categoria também conquistada por Carnide, com a marcha inédita ‘A Vedeta é Carnide’.
Contudo, Alfama poderia ter conquistado o primeiro lugar, caso não fosse a penalização de 10 pontos atribuída pela EGEAC aquando da exibição na Altice Arena, a 4 de junho de 2023. No entender da empresa, que gere a atividade cultural em Lisboa, os marchantes de Alfama transportaram o Arraial para fora do recinto no final da exibição no pavilhão, quando essa função está reservada apenas aos aguadeiros.
Entrega dos prémios referentes à edição do ano passado ainda não aconteceu
As condições do concurso determinam que apenas os aguadeiros “podem colocar e retirar os adereços necessários à execução das coreografias”. Por sua vez, o responsável da Marcha de Alfama, João Ramos, entende que o Arraial é uma figura, tal como o Trono de Santo António, e não um mero adereço. A Marcha contestou o resultado e colocou a EGEAC em tribunal. Para já, o processo ainda está a decorrer, sendo que ainda falta notificar, por questões administrativas, o Marítimo Lisboa Clube – coletividade que organiza a Marcha da Bica, vencedora de 2023.
A entrega dos prémios referentes às Marchas Populares de 2023 era para ter sido na passada quinta-feira, 4 de janeiro, mas, por motivos de indisponibilidade de agenda do presidente da autarquia, Carlos Moedas, o evento foi cancelado. A vencedora da edição deste ano foi a Marcha da Bica, que levou o tema ‘Um Cantinho para a Gente’. No entanto, poderá perder o título caso o tribunal considere que Alfama tem razão. Por outro lado, está previsto que, em dezembro deste ano, a Marcha da Bica vá a Macau.
A deslocação dá-se a propósito das Festividades de Macau, Cidade Latina, onde a marcha irá representar o Município de Lisboa. No próximo mês de fevereiro, será a vez da Marcha da Madragoa, vencedora de 2022, que irá aquele país da Ásia representar a cidade nas Festividades do Novo Ano Lunar Chinês.
Novas regras das Marchas não convencem responsável da Marcha
Entretanto, no passado mês de dezembro, a Câmara Municipal de Lisboa clarificou e alterou as condições do concurso para 2024. Desta forma, as penalizações baixam de 10 para cinco pontos, as funções dos aguadeiros e dos marchantes estão mais clarificadas, entre outras mudanças. Porém, o coordenador da Marcha de Alfama, em declarações ao Olhares de Lisboa, adianta que não concorda com algumas destas novas condições do concurso.
Neste sentido, o responsável não concorda com o facto de todas as marchas, mesmo as que ficam nos últimos três lugares na edição anterior, poderem ir a concurso. “Vai acontecer com que muitas marchas estejam anos sem participar”, disse o responsável. Ao mesmo tempo, João Ramos também considera que, as novas regras “continuem sem clarificar aquilo que os marchantes podem fazer”.
EGEAC não teve todas as sugestões em consideração, critica João Ramos
Por outro lado, e dentro das novas condições, João Ramos concorda com a retirada da avaliação da apreciação global na Altice Arena. Mas considera que o valor desta exibição deve valer mais do que o desfile na Avenida. As novas condições determinam que cada um dos dois momentos de avaliação vale 50% da classificação final. “A exibição no pavilhão é 20 minutos e na Avenida é cinco. O peso, na classificação, é igual”, critica o coordenador da Marcha de Alfama.
João Ramos avança ainda que a EGEAC pediu, aos responsáveis de todas as marchas, sugestões para a reformulação do regulamento. No entanto, acusa o coordenador, muitas delas não seguiram para o papel. “O que acontece, é que aparecem normas que nunca foram apresentadas, e não aparecem outras que foram apresentadas”.
Uma das sugestões apresentadas seria não divulgar o vencedor na noite de Santo António
Desta forma, algumas das propostas sugeridas passavam, por exemplo, por passar a não se saber quem seria o vencedor das marchas na noite de 12 para 13 de junho. De igual modo, outra sugestão seria ainda passar a permitir que os marchantes possam “ajudar os companheiros, com os arcos ou outros elementos”, mas que não está contemplada nas novas regras. “É tão ridículo se, por exemplo, me caírem as calças, o meu colega atrás não me poder ajudar”, critica João Ramos.
Recorde-se que esta função, segundo o regulamento, está reservada aos aguadeiros. “Os aguadeiros, no máximo são cinco. Os arcos são 12. Eles não conseguem prestar apoio a todos”, sustenta. Por fim, o coordenador da Marcha de Alfama critica também o facto de os marchantes “não puderem entrar com os adereços” alusivos ao tema da marcha. Estes, relembre-se, são entregues pelos aguadeiros. Esta foi ainda outra das sugestões apresentadas e que não está refletida nas novas condições.
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