ALUNAS DA USCQAL JUNTARAM-SE PARA FAZER ROUPINHAS PARA CRIANÇAS DESFAVORECIDAS

60 alunas da Universidade Sénior de Carnaxide e Queijas (USCQAL) juntaram-se, pela primeira vez, no último ano letivo, para criar o projeto ‘Linhas com Amor’. Esta iniciativa foi realizada fora do âmbito da atividade letiva da USCQAL e durou seis meses. O seu propósito é criar roupinhas de bebé, que serão agora doadas a várias instituições de solidariedade.

O ‘Linhas com Amor’ surgiu de uma ideia de Lourdes Polainas, professora e membro da Comissão Executiva da USCQAL. O objetivo, explicou ao Olhares de Carnaxide e Queijas, foi ajudar a mitigar “a necessidade sentida por mães solteiras ou mães com poucos recursos, que têm pouco para oferecer aos bebés quando nascem”. Assim, a responsável do projeto mobilizou as alunas da USCQAL, “que têm uma enorme capacidade para fazer estas peças”, para criar artigos como mantas, casacos, gorros, vestidos, entre outros.

Os artigos serão doados no final do mês de junho a três instituições: a Ajuda de Berço, o Banco do Bebé e a Ajuda de Mãe. Por outro lado, os artigos mais pequenos serão entregues à Associação de Pais e Amigos das Crianças do Hospital de São Francisco Xavier, mais conhecida como ‘Os Francisquinhos’. Esta entidade acompanha as crianças prematuras que nascem naquele hospital.

O projeto teve uma duração de seis meses e é interdisciplinar. Por isso, foi desenvolvido fora das aulas e contou com a participação de 60 alunas da USCQAL, conhecidas como as ‘tias’ da iniciativa. A elas, juntaram-se vários docentes desta instituição.

Projeto foi financiado exclusivamente pelos participantes

Em paralelo, o ‘Linhas com Amor’ conta também com dois padrinhos e duas madrinhas. “Isto em termos de comunidade letiva foi muito importante porque juntou ainda mais as pessoas”, explica Lourdes Polainas. A responsável reforça ainda que algumas das ‘tias’ deram os novelos de lã e outras ficavam responsáveis pela confecção dos artigos. Por isso, o projeto “não custou nem um cêntimo à USCQAL nem à União de Freguesias”, uma vez que, acrescenta, “foi tudo custeado pelas pessoas que trabalharam no projeto”.

Lourdes Polainas adianta ainda que esta iniciativa irá regressar no próximo ano letivo e a próxima doação será já no Natal. Para além dos artigos confeccionadas, o ‘Linhas com Amor’ contou também com a oferta de artigos em segunda mão. “Várias alunas disseram que o projeto não pode acabar”, refere a responsável. Por outro lado, houve ainda a preocupação de “fazer roupinhas para os mais pequenos mas também para crianças mais velhas, até aos três anos”.

Forte mobilização da comunidade

Teresa Romão é uma das duas madrinhas do projeto e também professora da disciplina de Tricô na USCQAL. “Foi um projeto que abracei logo de imediato”, conta ao nosso jornal. Para além de ter ensinado algumas alunas da USCQAL a fazer peças em tricô e crochê, a docente fez também alguns artigos para o projeto ‘Linhas com Amor’. “Eu acabava um casaco e começava logo a trabalhar noutro”, acrescenta Teresa Romão.

A docente sublinha que, no seu caso, consegue fazer um casaco em lã em “duas noites”. Contudo, ressalva que “cada um tem o seu ritmo” e que o mais importante é o resultado. “Fiquei muito impressionada com a abertura das caixas, nunca pensei que fosse uma quantidade tão grande”, admite. Já Lucinda Guimarães frequenta a instituição desde este ano letivo e é uma das 60 ‘tias’ da iniciativa.

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“Juntei-me porque achei uma ideia extraordinária”, conta ao nosso jornal. Por outro lado, gostou tanto da experiência que no próximo ano letivo vai inscrever-se nas disciplinas de Tricô e Costura, para “ajudar a continuar este projeto”.

Contributos vieram de vários sítios

“Eu fui à loja comprar as coisas para oferecer e a senhora da loja perguntou-se se era para menino ou menina. Eu disse que tanto fazia e expliquei-lhe o projeto. Logo de seguida, a senhora, que nunca me tinha visto na vida, ofereceu três pares de botas, mais quatro ou cinco camisolinhas”, recorda Lucinda, que ficou “muito comovida” com o gesto. Por sua vez, Maria João Knopfli é outra professora da USCQAL, mas da disciplina de Trabalhos Manuais.

O seu contributo no projeto deu-se através da confecção de corações em origami, e que acompanham as peças. “A minha mãe fez os casaquinhos”, acrescenta a docente, que também dá aulas no polo de Queijas, onde também divulgou o projeto. “A quantidade de coisas que doaram é impressionante”, revela.

Contudo, para além da comunidade da USQCAL, o projeto contou também com o apoio de 10 pessoas externas à universidade, e que fizeram questão de enviar artigos. Algumas delas “são residentes no Porto ou em Sintra”, explicou Lourdes Polainas, acrescentando que estas conheceram o projeto “através do passa a palavra”.

União das Freguesias de Carnaxide e Queijas parabeniza o projeto

A USCQAL apresentou os trabalhos finais numa exposição nas suas instalações e que contou com uma visita, nesta quinta-feira, dia 22 de junho, do presidente da União das Freguesias de Carnaxide e Queijas (UFCQ), Inigo Pereira. Ao nosso jornal, confessa que “gostou muito das peças”, as quais lhe fizeram lembrar “os tempos em que era criança”. “É um projeto muito importante porque os participantes ocupam o seu tempo de uma forma muito positiva”, acrescenta o autarca.

Inigo Pereira sublinhou ainda que esta iniciativa se fez sem apoios da UFCQ. No entanto, “o projeto tem muito potencial de crescimento e sempre que for necessário, estamos cá para apoiar”, revela. Por outro lado, os artigos não serão doados a instituições da freguesia “porque elas não revelaram essa necessidade”, após os contactos estabelecidos pela coordenação do projeto.

Na perspetiva de Inigo Pereira, o mais importante “é ajudar o próximo”, independentemente se é na freguesia ou não. “Não podemos ter aquela mentalidade de que estamos numa ilha isolada. O resto do concelho, do distrito e do país também deve ser ajudado”, acrescenta o presidente da UFCQ. A USCQAL terminou agora o ano letivo 2022/2023 e irá continuar a sua atividade letiva nas atuais instalações, junto ao Centro Cívico de Carnaxide.

Para já, acrescentou Inigo Pereira, “contamos com o apoio do executivo da Câmara de Oeiras e já temos um relatório de algumas irregularidades que este edifício apresenta”. Desta forma, a UFCQ espera ainda dar início a “uma reabilitação ou uma intervenção mais profunda neste espaço”, em breve, concluí o presidente. Contudo, salientou o autarca ao nosso jornal, “a ideia será manter a USCQAL” naquele local.

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