ALVALADE SEMPRE MANTEVE A ESPINHA DORSAL

Enquanto a freguesia de Alvalade tem aumentado e diminuído de tamanho com as reorganizações administrativas de Lisboa, o bairro tem mantido a sua forte identidade ao longo dos tempos, mantendo a Avenida da Igreja como a sua «espinha dorsal».

Alvalade é uma das mais recentes freguesias de Lisboa, na sequência da reorganização administrativa de 8 de novembro de 2012, que entrou em vigor em 29 de setembro de 2013, tendo ficado unida as antigas freguesias de Alvalade, Campo Grande e São João de Brito.

Até meados do século XX, Alvalade era essencialmente formada por campos, quintas e hortas, usadas para os momentos de veraneio da nobreza e, posteriormente, como espaço de recreio e desporto da população. Aqui se realizavam alguns dos acontecimentos mais importantes da vida da cidade, como a feira do gado e a Batalha das Flores, que tiveram lugar no Campo Grande.

Em 1852, «nasceu» como freguesia, passando a integrar o Concelho de Lisboa em 1885. Associada ao desenvolvimento da cidade, é dividida em 1959, dando origem às freguesias de Campo Grande, de Alvalade e de São João de Brito.

Nos anos 30 do século XX a freguesia conhece o seu período de maior desenvolvimento, com grandes projetos de arquitetura integrados no Plano de Urbanização da Zona Sul da Avenida Alferes Malheiro, concebido pelo arquiteto Faria da Costa, dos quais se destaca a Avenida de Roma, o Bairro das Estacas, o Bairro de São Miguel, as Torres da Avenida dos Estados Unidos da América e, já nos anos 40, a construção do Bairro de Alvalade. Nos anos 70, inauguram-se várias estações de metro da linha verde, um dos principais meios de transporte da cidade. Alvalade foi considerada um símbolo da Lisboa Moderna.

Um plano moderno e pró-activo

O Plano de Urbanização da Zona Sul da Avenida Alferes Malheiro – atual Avenida do Brasil, cujo projeto foi aprovado em 1945, inspirado em conceitos da arquitetura moderna, procurava conjugar habitação, lazer, espaços verdes e comércio.


No Plano de Urbanização que deu origem ao Bairro de Alvalade, foram definidas oito células com características muito próprias. Muitas delas ainda se mantêm nos dias de hoje; outras foram sendo reinventadas.

Na célula 1 (bem como na 2 e na 5), os edifícios são quase exclusivamente habitacionais. As casas seguem um projeto/tipo, o que as torna muito parecidas quer no exterior, quer no interior. Na origem, estas eram zonas de renda económica.

A Avenida da Igreja, «mais do que uma artéria de deslocação, consegue adotar a forma de espaço público», refere a arquiteta Sofia Barroco, num estudo sobre os aspetos estruturais do Bairro de Alvalade. A arquiteta continua: «Do espaço público fazem parte uma infinidade de lugares, espaços, elementos e quiçá emoções».

O conceito que esteve na base da conceção desta parte do bairro era o do estímulo ao convívio e ao sentido de pertença a um espaço urbano comum.

A célula 3 foi pensada para conjugar habitações e comércio. Nos dias de hoje, ao lado das lojas tradicionais têm surgidos lojas e restaurantes modernos que procuram ir ao encontro daquilo que os clientes mais novos procuram.

Requalificações já neste século

Na década de 80, surgiu uma nova vaga de construção, erguendo-se vários edifícios na Cidade Universitária, como a Torre do Tombo e novas faculdades.

O início do século XXI traz a requalificação do espaço público, com intervenções em espaços existentes, como o jardim do Campo Grande e a Quinta do Narigão, e a criação de novas infraestruturas, como ciclovias, o parque canino e o parque aventura.

A actual Freguesia de Alvalade reúne no seu território as antigas freguesias do Campo Grande, de São João de Brito e de Alvalade, para além de pequenas parcelas de território anteriormente pertencentes às freguesias de Marvila e São Domingos de Benfica.

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