AMADORA VOLTA A RECEBER O MAIOR FESTIVAL DE BANDA DESENHADA EM PORTUGAL

Entre os dias 20 a 30 de outubro de 2022, o maior Festival de Banda Desenhada em Portugal volta à cidade da Amadora, com 13 exposições, de autores nacionais e internacionais. A 33ª edição do certame foi apresentada esta quinta-feira, dia 8 de setembro, e contará com diversas novidades.

De acordo com o vereador com os pelouros da Cultura e Equipamentos Culturais, Ricardo Faria, estas novidades têm como objetivo “criar e atrair novos públicos para a banda desenhada”. Desta forma, a 33ª edição da Amadora BD será realizada num espaço mais alargado e terá mais enfoque na “produção artística dos autores portugueses”, assim como contará ainda com um espaço de gaming, e ainda com uma exposição relacionada com a temporada cruzada Portugal-França, e que será exposta em Lyon, “cidade cruzada com a Amadora e com a qual realiza um intercâmbio muito interessante na área da BD”, em 2023. Para o autarca, a “Amadora BD é o festival mais importante da área no nosso país e também o mais antigo”, sendo que a Amadora já “é uma cidade indissociável da banda desenhada”.

A edição de 2022 da Amadora BD realizar-se-á em três espaços distintos: no Ski Skate Park Amadora, na Galeria Municipal Artur Bual, e na Bedeteca da Amadora, de segunda a quinta, entre as 10h00 e as 20h00; de sexta a domingo, incluindo feriados, entre as 10h00 e as 21h00. A parte expositiva do evento será no Ski Skate Park, pelo segundo ano consecutivo, sendo que, acrescentou o vereador, “este ano o espaço conta com condições melhores tanto para os editores e livreiros”, assim como para “as iniciativas cruzadas que temos no âmbito do festival, como os workshops, as apresentações de livros”. Ricardo Faria, na mesma apresentação, adiantou ainda que este espaço “mais confortável e muito mais amplo”, continuará a receber, nos próximos anos, as exposições centrais do Amadora BD, acrescentando ainda que a autarquia, durante “todo o ano”, irá continuar a desenvolver, “na biblioteca e noutros espaços municipais e culturais, iniciativas na área da banda desenhada”.

Já para a diretora do evento, Catarina Valente, a interrupção do evento em 2020, devido à pandemia de Covid-19, “foi importante para repensarmos o evento e a sua estrutura”, nomeadamente a sua localização, programação e o próprio modelo curatorial. “Neste sentido, no ano passado, as mudanças já foram significativas devido à nova morada que abraçámos no Ski Skate Park, umas instalações que nos permitiu ampliar a área e a própria implantação espacial tanto da área expositiva, como da área comercial e de todas as outras que fazem parte da Amadora BD”, acrescentou a diretora do evento, explicando ainda que estas mudanças “foram bem recebidas pelo público”.

A nova localização, explicou a mesma, possibilitou ainda a criação de um “conceito de festival” que até então não existia. “O nosso visitante, assim que entra no nosso espaço, vai usufruir de uma experiência multidisciplinar, ou seja, passa primeiro pela área do alimentar, que não existia no Fórum Luís de Camões [antiga localização do Amadora BD], a qual vai permitir que o nosso visitante permaneça no festival mais tempo”, acrescentou Catarina Valente, revelando que este era um dos objetivos da organização do certame, uma vez que “um dos nossos targets são as famílias com crianças e por isso esta área alimentar de apoio é bastante importante”.

Já na área expositiva, a diretora do Amadora BD conta que “continuamos a apostar num formato muito parecido ao ano anterior, com 10 exposições neste núcleo central e no mesmo pavilhão, embora com um projeto de arquitetura ligeiramente diferente em relação ao ano anterior”. Alguns dos destaques desta exposição, cuja temática será a relação Portugal-França, será a mostra ‘Quatro Quartos (e são nossos)’, de Joana Mosi e Patrícia Guimarães, juntamente com as autoras francesas Elléa Bird e Blanche Sabbah, que irão estar presentes no evento, e que juntas, se debruçam nas questões da “igualdade de género, os direitos das mulheres e a condição da mulher, referências a Virgínia Woolf”.

A exposição inserida na Temporada Cruzada Portugal-França, “resulta de uma candidatura feita pelo Amadora BD e pelo Festival Leon BD, um dos maiores em França”, acrescentando que, graças à mesma, “foi possível conseguirmos que as autoras, que aqui estão, a Patrícia Guimarães e a Joana Mosi, estivessem presentes na edição de 2022 do Lyon BD, que aconteceu no passado mês de junho, onde foi também possível ter lá também uma representação de autores portugueses, com uma exposição coletiva”.


A diretora do evento acrescentou ainda que, dentro desta programação, pensou-se “numa exposição coletiva de autores portugueses e franceses, porque o tema da Temporada Cruzada, no caso da banda desenhada, era a paridade e a igualdade de género e por esse motivo, a curadoria desta exposição assenta precisamente nestas temáticas”, as quais serão também debatidas durante a “programação paralela do festival”, de onde se destaca “a questão da paridade na banda desenhada em Portugal, olhado especificamente para o mercado português de edição”.

Para Catarina Valente, a ida de Patrícia Guimarães e Joana Mosi a França foi também no sentido de promover a paridade e a igualdade de género, presença esta que lhes deu “alguma visibilidade”, tal como irá acontecer, a seu ver, com as autoras francesas Elléa Bird e Blanche Sabbah, destacando ainda a possibilidade de networking entre autores e editores, bem como “a comunicação entre os dois países” e que possibilitou “esta exposição, que é itinerante e que será depois exposta no Lyon BD em 2023”.

Já Sara Figueiredo Costa, comissária desta exposição inserida na Temporada Cruzada Portugal-França, e que estará em destaque na Amadora BD, explica que esta “é o resultado de um trabalho coletivo e individual”, uma vez que “cada uma das autoras trabalha numa história inédita, da sua autoria, mas que conta com algumas trocas de opiniões, de artigos, de filmes, de comentários, entre outros”. Na sua perspetiva, a obra ‘Quatro Quartos (e dois são nossos)’ , junta “quatro trabalhos e quatro vozes tão diferentes”, partilhando “uma discussão comum, um pensamento próprio, mas partilhado sobre todas estas questões que têm a ver com a visibilidade feminina e com os direitos das mulheres”, e que se cruzam com “outros temas e outras lutas que atravessam a sociedade”.

A também curadora da exposição Portugal-França acrescentou ainda que espera “que estas quatro histórias fizessem um percurso mais vasto, e espero que a temporada Portugal-França seja capaz de potenciar esse percurso futuro que eu gostaria que fosse feito”. Para além do trabalho das quatro autores, a exposição dedicada à Temporada Portugal-França contará ainda com a mostra intitulada ‘Os Portugueses’, sobre a “imigração portuguesa em França durante a década de 70” e que foi escrita e ilustrada por dois luso-descendentes, Olivier Afonso e Chico, que contam a história “da passagem dos seus pais para França durante esta década”.

A juntar a estas exposições, destaque ainda para a mostra ‘Armazém Central’, de Régis Loisel, Jean-Louis Tripp, que conta a vida (aparentemente simples e banal) dos habitantes da pequena paróquia de Notre-Dame-des-Lacs, uma aldeia rural inserida no Quebeque, nos anos 20 do século XX. Esta edição da Amadora BD vai contar ainda com mais de “100 originais”, e irá ainda dar destaque aos 60 anos do Homem Aranha, e que vai trazer a Portugal Bob McLeod, um dos mais prestigiados ilustradores da Marvel, que estará presente no evento para sessões de autógrafos e apresentações; assim como aos autores Filipe Melo e Juan Cavia, que conceberam ‘Balada para Sophie’, obra premiada em 2021 nos Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA) com o título de Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português.

Em 2022, a Amadora BD vai contar com a presença de 15 autores nacionais e internacionais, que para além dos já referidos, incluem também Marcelo Quintanilha, “presença habitual no festival” e que visita Portugal depois de ter ganho o principal prémio do Festival de Angoulême, com a obra
‘Escuta, Formosa Márcia’, exposta em 2021 no Amadora BD; e ainda o autor brasileiro Rodolfo Oliveira, cuja exposição, ‘ O Infeliz Pacto de George Walden’ estará patente no Núcleo Central, entre outros.

Para além destas exposições, que podem ser visitadas presencialmente nas três zonas do Festival, o Amadora BD 2022 integra ainda inúmeras atividades paralelas, tais como apresentações, sessões de autógrafos, lançamentos e workshops relacionados com a banda desenhada, cujo calendário será divulgado em breve. O evento terminará com a habitual cerimónia de entrega dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora (PBDA) que, este ano vai atribui novamente um prémio monetário no valor de cinco mil euros à Melhor Obra de Banda Desenhada de Autor Português.

No entanto, e para além da parte expositiva, haverá ainda, segundo a organização do evento, uma área comercial, “com mais 150 metros quadrados, onde estarão mais duas editoras portuguesas”, totalizando 14, assim como “uma sala de imprensa”, dedicada à comunicação social, mas também aos bloggers e criadores de conteúdo. Já a área dedicada às sessões de autógrafos permitirá ter 18 autores em simultâneo; e zona de gaming terá 250 metros quadrados, e que possibilitará “aos visitantes mais jovens terem uma experiência relacionada com esta área e os videojogos e a realidade virtual”.

Este ano, haverá também destaque para o cosplay, área que deverá ter “continuidade nos anos seguintes”, uma vez que ajuda a atrair “o público mais jovem e novos leitores, porque consideramos que o festival precisa de continuar a sua história e abraçar as novas gerações”, possibilitando “uma experiência multissensorial e multidisciplinar a todos os nossos visitantes”, finalizou Catarina Valente.

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