CÂMARA DE CASCAIS HOMENAGEOU MAGALHÃES RAMALHO E ANUNCIA DEMOLIÇÃO DO CASCAIS VILLA

A Câmara Municipal de Cascais está a recuperar e a reabilitar as ribeiras do concelho, tendo em vista a regularização das cheias na baixa da vila, salientou o presidente da autarquia, Carlos Carreiras, durante a cerimónia de descerramento da placa de homenagem ao Professor Doutor Miguel Magalhães Ramalho, na Ribeira das Vinhas, em Alcabideche.

A baixa de Cascais é uma das zonas mais afetadas pelas cheias, sempre que existem chuvas fortes e, por isso, a autarquia tem desenvolvido intervenções de requalificação e renaturalização das ribeiras do concelho de forma a permitir o alargamento dos espaços verdes e sobretudo aumentar a permeabilização dos solos de forma a minorar os efeitos das cheias, designadamente nas ribeiras das Vinhas e na de Sassoeiros, salientou o presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, durante a cerimónia de descerramento da placa de homenagem ao Professor Doutor Miguel Magalhães Ramalho, na Ribeira das Vinhas, em Alcabideche.

Carlos Carreiras, que aproveitou a cerimónia para anunciar que o edifício do Cascais Vila vai finalmente «abaixo, no âmbito dos trabalhos que estão a ser desenvolvidos para a regularização das cheias», considerou que a recuperação e a reabilitação do trilho da ribeira das Vinhas «é uma das melhores homenagens» que se pode realizar “à memória” do professor Miguel Magalhães, que conheceu dos tempos do Movimento Cívico em defesa do Parque Natural Cascais Sintra.

Na perspetiva do autarca, que fez questão de salientar o trabalho que está a ser desenvolvido em termos de reabilitação das ribeiras do concelho, o professor Miguel Magalhães e o Eng.º Eugénio Sequeira foram «os principais arautos» na defesa do património natural do Parque Natural Cascais Sintra, alertando para as causas ambientais.

Após lembrar que «não foi o seu executivo que licenciou construções como o edifício S. José, do Hotel Baía, cujas construções são anteriores às cheias de novembro de 1983, mas principalmente da construção, já depois daquelas cheias, do edifício do Cascais Villa», Carlos Carreiras defendeu que a reabilitação da ribeira das Vinhas vai permitir «recuperar algumas práticas ancestrais dos aldeões de Cascais que utilizavam esse troço de água para transportarem os produtos agrícolas para o mercado da vila».

Ambiente e sustentabilidade

Os temas ambientais e a agenda da sustentabilidade foram outro dos temas abordados +por Carlos Carreiras, durante a cerimónia, lembrando que a ameaça das alterações climáticas é uma pandemia de maiores proporções do que a covid-19

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Do ponto de vista de Carlos Carreiras, neste momento, os cidadãos são mais exigentes nos padrões de qualidade de vida que adotam, cabendo ao decisor político equilibrar o crescimento orgânico da cidade – as cidades não são estáticas, são organismos vivos, mudam e crescem, adaptam-se – com o planeamento sustentável e o desenvolvimento económico solidário gerador de prosperidade para o maior número.

Por isso, segundo o autarca, a agenda de sustentabilidade é um imperativo de cidadania, do moderno planeamento urbano e também de uma nova economia mais solidária.

Por seu turno, a filha do homenageado, Maria Magalhães Ramalho, destacou o trabalho efetuado por Miguel Magalhães Ramalho como geólogo, professor e ativista pelas causas ambientais, sublinhando que a ribeira das vinhas tem «um grande valor simbólico para a família», visto o seu pai, ainda jovem, ter iniciado aí os seus trabalhos em defesa do meio-ambiente.

Quem era Miguel Ramalho…

Miguel Marques de Magalhães Ramalho licenciou-se em Ciências Geológicas, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 1959 onde viria a lecionar, como Professor Catedrático Convidado, no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), de 1981 a 2007.

A sua Tese de Doutoramento sob o título “Estudo micropaleontológico e estratigráfico do Jurássico Superior e Cretácico Inferior dos arredores de Lisboa” foi apresentada em 1972, na Universidade de Lisboa. Muito deste trabalho estava relacionado com o território do Concelho de Cascais.

Desempenhou funções de Investigador dos Serviços Geológicos de Portugal, cujo Conselho de Gestão presidiu entre 1975 e 1978, bem como de Investigador- Coordenador do Instituto Geológico e Mineiro (que sucedeu aos Serviços Geológicos de Portugal), onde assumiu ainda a direção do Serviço de Cartografia Geológica, entre 1978 e 1992.

Foi vice-presidente do Instituto Geológico e Mineiro, responsável pela Área Geológica, tendo ainda sido responsável pelos Núcleos da Biblioteca e Publicações, Litoteca e Museu Geológico (1993-2003). Depois de, entre 2003 e 2007, coordenar o Departamento de Geologia, a Litoteca e o Museu Geológico do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Miguel Magalhães Ramalho assumiu também o cargo de Diretor do Museu Geológico de Lisboa.

É autor de mais de uma centena de trabalhos científicos e de divulgação sobre Geologia e património geológico, tendo-se também dedicado à proteção da Natureza e do património cultural português, temas que foram objeto de numerosas conferências e artigos na imprensa.

Foi vereador da Câmara de Cascais (1972-1974) intervindo na salvaguarda do património do Concelho, o que lhe mereceu a medalha de Mérito Municipal (2000).

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