CASAS LISBOETAS ONDE SE CANTA O FADO SENTEM-SE EXCLUIDAS NOS APOIOS DA CÂMARA

Artistas e proprietários de casas, onde se canta o fado em Lisboa realizaram, hoje, uma concentração em frente à Câmara de Lisboa em «Defesa do Fado» e do alargamento do protocolo com as Casas Típicas de Fado. Amanhã, vão ser recebidos na autarquia.

«Porque o fado é de todos e não é só de alguns», um grupo de proprietários e artistas de restaurantes e bares, onde ainda se canta o fado, manifestaram-se em frente à Câmara Municipal de Lisboa, na Praça do Município, para pedirem apoios para os seus estabelecimentos, em «pé de igualdade» com os que foram concedidos as Casas Típicas de Fado.

A concentração já teve resultados práticos: após uma reunião na Câmara, amanhã voltam a ter uma nova reunião para «perceberem quais os apoios que lhes podem ser concedidos pela edilidade alfacinha, porque todos ajudamos a divulgar o fado», afiança Clara Sevivas, uma das promotoras desta iniciativa.

Os manifestantes consideram-se excluídos pelo apoio financeiro dado pela Câmara de Lisboa à Associação de Casas de Fado da capital e questionam os critérios da autarquia nos apoios concedidos, porque este ramo de negócio «vive momentos difíceis, mas se há apoios é para todos».

Entre as 25 casas de fado, que se consideram «excluídas», contam-se o restaurante S. Miguel D’Alfama, Fama d’Alfama, Esquina de Alfama, Baiúca, Adega dos Fadistas, Viela de Alfama, Boteco da Fá, Fermentação, Grandes Cantorias, Fora de Moda, Portas de Alfama, Bohemia Sé, Coração de Alfama, Morgadinha e Pulga e «há ainda casas no Bairro Alto, Mouraria e outras zonas de Lisboa», que empregam mais de 240 pessoas, entre elas, artistas

Assim, no momento em que, no interior da Câmara de Lisboa se discutia um protocolo, num valor superior a 500 mil euros, com a recém criada «Associação de Casas de Fado de Lisboa – ACFL», no exterior, os «homens e mulheres» do fado que cantam o fado nos diferentes espaços lisboetas pediam que as medidas propostas no protocolo se estendessem aos locais onde atuam.

A importância do fado


Segundo os manifestantes, a ACFL é constituída por 16 casas de fado, num total de 11 empresas que, aparentemente, acusam os promotores da concentração, «são as  mesmas casas de fado e empresas que, recentemente, foram apoiadas num protocolo gerido pelo Museu do Fado», lamentando que «este financiamento deixe, uma vez mais, dezenas de casas de fado, de músicos e de fadistas, à margem dos apoios e incentivos da Câmara Municipal e do Turismo de Lisboa».

Para os manifestantes, «é imprescindível que estas entidades reconheçam a enorme importância do fado investindo vários milhares de euros na defesa do mesmo, mas é ainda mais importante que o façam de forma justa. Se estes apoios continuarem restritos a algumas casas de fado, Lisboa fica a perder.  Dezesseis (16) casas de Fado não sustentam toda a família fadista que existe».

Por isso, consideram que  o texto, assinado pelo então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, aquando da candidatura do Fado à distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade, de grande atualidade e destacam a seguinte frase: «Porque é de todos, o Fado nunca se deixa ser apenas de alguns.»

«Nós já tínhamos questionado quais os critérios para a atribuição da anterior verba de 200 mil euros, conforme anunciado em abril, e pedimos por escrito um esclarecimento à Câmara, que não recebemos”, diz Clara Sevivas, da casa típica Coração de Alfama, que, hoje, foi recebida na praça do município.

Em abril, a Câmara de Lisboa criou um programa de «apoio imediato “às casas de fado da cidade e aos seus artistas, no valor de 200 mil euros.

Mas, para Clara Sevivas, «há uma clara falta de critérios na atribuição dos apoios financeiros». Amanhã, durante o encontro com a Câmara de Lisboa esperam ver explicados o critério que «atribuem subsídios a uns e não a outros».

Este responsável lembra que «todas estas questões foram já colocadas por escrito à vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, ao presidente da autarquia Fernando Medina e à diretora do Museu do Fado, Sara Pereira, realçam os manifestantes.

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