COMERCIANTES DE ALVALADE QUEREM REDUÇÃO DE FACTURAS DE ÁGUA E LUZ E ISENÇÃO DE IMPOSTOS

Mais do que dinheiro, os comerciantes de Alvalade precisam que os poderes públicos reduzam as facturas de água, luz e gás e pensem em aliviar alguns impostos. Defende a Associação de Comerciantes da Freguesia de Alvalade.

Restaurantes, pastelarias, cafés e snack-bares com metade da lotação habitual, mesas mais distanciadas e muitas a ocupar a rua, desinfetante à porta, funcionários com máscaras e ementas plastificadas ou digitalizadas. É o cenário existente na maioria dos restaurantes de Alvalade que se queixam, à semelhança dos outros estabelecimentos de comércio local, de falta de clientes. Os poucos que aparecem são, sobretudo, residentes.

Estes estabelecimentos vivem das empresas e das escolas que estão perto de si, mas os clientes teimam em «não aparecer». Os funcionários das empresas, instaladas na freguesia, a maioria em teletrabalho, ainda não voltaram, o que fez com que a restauração que reabriu continuasse praticamente vazia.

«Estamos vazios, a faturação caiu substancialmente nestes meses. Faltam pessoas e os funcionários públicos dos departamentos aqui existentes, assim como os empregados das empresas privadas ainda não regressaram ao trabalho, a maioria mantém-se em teletrabalho», lamentam os comerciantes.

A maioria dos restaurantes da Av. da Igreja «enchiam à hora de almoço», hoje continuam «às moscas». «Temos de aprender a viver com esta situação, não tenho grandes perspetivas para os próximos meses, só quando as pessoas voltarem aos escritórios a 100% é que isto irá melhorar», afiançam.

Luís Barros, operário de construção civil a trabalhar na remodelação de um apartamento na Av. de Roma, junto à Segurança Social, é um dos clientes de um restaurante na Av. da Igreja. «Só vim aqui porque a Cervejaria Nova Lisboa está fechada por tempo indeterminado, mas não estou arrependido», afirma, salientando o facto «de ter logo conseguido mesa e despachar-se em menos de 30 minutos».

Joana Lopes, está reformada de direção de uma multinacional informática. Vive sozinha e almoça sempre fora, ao jantar faz refeições ligeiras. «Comecei a vir aqui buscar takeaway, era dos poucos sítios que estava aberto na altura. Hoje vim aqui almoçar e, com este tempo, é muito agradável». Tem 81 anos e, durante estes meses, viu os filhos raramente.

Centro de Enfermagem Queijas

O Burguer King é outro dos restaurantes carismáticos da zona, sendo frequentado, essencialmente, por estudantes e professores das escolas secundárias da zona. «Num dia normal, estávamos cheios. Agora, só temos seis clientes cliente», lamenta um dos empregados deste espaço.

«Fechámos no dia 19 de março e ainda tivemos muitas pessoas nesse dia, os últimos anos foram excelentes, sempre trabalhámos bem. As coisas complicaram um pouco com a crise financeira de 2008, agora não consigo perceber o que vai acontecer. Penso que as coisas melhorem quando acabar o teletrabalho, até lá não, isto ao almoço. Ao jantar e sábado funcionámos mais com famílias, vamos ver o que vai acontecer», diz.

Associação de comerciantes quer pagar menos de água e luz

A presidente da Associação de Comerciantes de Alvalade, Elsa Gentil Homem, pede «calma aos empresários», e salienta que «mais que as ajudas em dinheiro, o Governo e as autarquias deviam preocupar-se em reduzir as facturas de água, luz e gás, bem como das rendas elevadíssimas que alguns estão a pagar para terem os seus estabelecimentos abertos».

«Está na hora do Governo e da autarquia retribuírem tudo aquilo que foi pago, nas últimas décadas, para possibilitar a continuidade do comércio local», defende Elsa Gentil que, mais do que «os apoios monetários», considera que os empresários precisam, neste momento, de isenção de alguns impostos e de taxas para assegurarem a continuidade do negócio.

«Todos temos que honrar os nossos compromissos financeiros e, por isso, temos que arranjar forma de voltar a captar a confiança dos clientes, de forma que eles retornem aos estabelecimentos. Só com clientes é que podemos sobreviver», salienta.

Louvando as ações que tem estado a ser desenvolvidas pela Junta de Freguesia de Alvalade para atrair clientes, Elsa Gentil mostra-se preocupada com o eventual encerramento ao trânsito da Av. da Igreja, porque vai afastar os clientes.

Segundo ela, a Câmara de Lisboa deveria encontrar uma solução para o estacionamento. Pois, a maioria dos clientes vão às compras de automóvel.

Neste momento, segundo defende, são necessárias ações que contribuam para o regresso dos clientes. «Nós, comerciantes, temos de investir na promoção dos nossos produtos. Não podemos ‘ficar sentados’ a aguardar que os outros, designadamente Governo e autarquias, resolvam o nosso problema», afirma, apelando, contudo, ao governo e à autarquia que «pensem em alterar a lei da concorrência», porque se está a assistir à «venda de produtos muito abaixo do custo real dos mesmos.»

 

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